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Como será o trabalho depois do coronavírus?

A covid-19 está influenciando a maneira como lidamos com a carreira. Descubra quais serão as grandes mudanças que devem ocorrer quando a quarentena terminar

Por Caroline Marino
Atualizado em 24 jun 2020, 20h16 - Publicado em 24 jun 2020, 15h03
 (Tomás Arthuzzi e Laís Zanocco/VOCÊ S/A)
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Na segunda quinzena de março, quem passava pela região da Avenida Faria Lima não reconhecia o centro financeiro e empresarial mais movimentado da cidade de São Paulo. Não estavam mais ali os onipresentes carros, patinetes e profissionais que trabalham em empresas famosas daquela área (como Klabin, Pirelli, ­Google, XP e Microsoft, para citar só algumas) e transformam o local num vaivém frenético durante o horário comercial. Só sobraram os motoboys de delivery. Tanto que, no dia 17 de março, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) registrou somente 31 quilômetros de congestionamento às 19 horas. A média do horário é de 89 quilômetros.

As ruas desertas em São Paulo — e em tantas outras cidades — são um reflexo da pandemia do coronavírus, que colocou o mundo inteiro em quarentena. E, quando dizemos o mundo, é o mundo mesmo. Um levantamento feito pela agência de notícias AFP mostrou que, no começo de abril, quase 4 bilhões de pessoas estavam em casa devido às restrições de mobilidade. Isso significa que metade da população do planeta ficou sem botar o pé na rua.

O isolamento social é fundamental para que a curva de contágio da covid-19 seja mais lenta, o que minimiza o impacto nos sistemas de saúde, que poderiam colapsar caso todos ficassem doentes ao mesmo tempo. Mas essa medida, importante para salvar vidas, naturalmente desacelera a economia. Ao opor duas necessidades básicas humanas, a sobrevivência física e a sobrevivência financeira, esta crise se torna uma das mais complexas da história.

E as consequências econômicas já são sentidas. O Brasil, que não estava no melhor dos cenários antes do coronavírus aterrissar em território nacional, já começa a sentir o baque. De acordo com o IBGE, o produto interno bruto (PIB) do primeiro trimestre caiu 1,5% e a expectativa do governo é que, até o fim do ano, a queda seja de 4,7%. A estimativa dos analistas do banco Goldman Sachs é ainda mais pessimista e projeta uma retração de 7,7%.

Para os trabalhadores, a conta chegou. A Medida Provisória 936, que deu às empresas a oportunidade de suspender contratos e reduzir salários e carga horária temporariamente sem precisar de acordos coletivos em vários casos, fez com que 7 milhões de profissionais com carteira assinada vissem seus holerites diminuir de uma hora para outra. Além disso, o país perdeu 1,1 milhão de vagas CLT entre março e abril, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Só em abril, quando mais de 860.000 postos foram fechados, as demissões cresceram 17% e as admissões caíram 56,5% em comparação ao mesmo mês em 2019. Esses foram os piores resultados de abril na série histórica, que começou a ser medida em 1992.

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Com esses índices, não é de estranhar que ansiedade, preocupação e insegurança sejam sensações que acometem todos os profissionais — mesmo os que ainda estão empregados ou conseguindo manter seus negócios de alguma maneira. Uma pesquisa feita pelo Datafolha em maio exemplifica o desalento: 69% das pessoas acreditam que a pandemia do coronavírus irá impactar a atividade produtiva por muito tempo. O que mais se ouve no mercado é que, mesmo quando a pandemia passar, o mundo nunca mais será como antes. E o que isso significa para o trabalho? A resposta não é simples. Mas já existem alguns indícios de como o trabalho será no pós-coronavírus. Na reportagem de capa da edição de junho da VOCÊ S/A mostramos alguns caminhos.

Esta reportagem é a capa da VOCÊ S/A de junho, que já chegou às bancas.

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