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Como tomar um cafezinho pode ajudar a sua carreira

Não subestime o poder de pausar com os colegas e pessoas de outras áreas. Entenda.

Por Luana Franzão
Atualizado em 8 out 2024, 09h25 - Publicado em 29 ago 2024, 08h00
Ilustração no estilo colagem de uma xícara de café.
 (CSA Images/Getty Images)
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á algumas versões de como nós, humanos, descobrimos os poderes da cafeína. A mais conhecida é a lenda de Kaldi: o pastor de cabras etíope observou que os animais ficavam mais agitados ao darem uma beliscada nas frutinhas. Com isso, ele teria percebido que o café é um fruto não somente comestível, como também estimulante. Assim como em toda boa lenda, não temos testemunha viva para atestar a veracidade da história, encontrada em manuscritos do ano de 575 d.C.

O causo está registrado no livro “História do Café”, da historiadora Ana Luiza Martins.

Se a lenda é verdade, não sabemos. Fato é que, se um dia rolasse uma votação nos escritórios mundo afora para decidir qual personalidade merecia uma estátua em todos eles, o nome do pastor dificilmente passaria despercebido. O tal do cafezinho se tornou uma salvação para os CLTs e ai de quem não disponibilizá-lo na copa.

Mais do que o quentinho no estômago e o pico de energia, o café representa uma pausa no expediente. Mais do que isso: o que acompanha o famoso “tem um minutinho?” são conversas que podem mudar a sua carreira. Vamos entender.

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A tal da interação orgânica 

O psicólogo especialista em relações de trabalho Wanderley Cintra explica que o momento de pausa pode ser importante para o funcionamento da empresa. Além do cérebro precisar de um descanso, ele serve para fortalecer as relações entre os funcionários. Equipes integradas e próximas, em geral, prosperam mais.

O networking, gringuês para troca de experiências, é bastante importante – tanto entre pessoas que trabalham juntas, quanto com contatos de outras empresas e áreas. O cafezinho ajuda a descontrair esse momento.

Empresas costumam ter desafios semelhantes e soluções diferentes – isso porque são outras cabeças pensando juntas, em outro ambiente. É necessário o intercâmbio de conhecimento para chegar mais perto do que todo mundo considera agradável. Uma ideia que você não teve pode virar a coisa mais importante que alguém te disse.

Em vez de marcar um 1×1 com o seu chefe, como manda a modernidade, um bom e velho cafezinho pode ser mais produtivo para resolver problemas menos burocráticos com mais leveza.

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Virou CNPJ

Quem também percebeu a importância dessa reunião informal foi André Ribeiro. Ele construiu uma carreira no mundo dos negócios, mas o café que mudou sua vida foi com um padre.

Na época casado, Ribeiro não sabia mais o que fazer em uma relação que já não dava mais certo há algum tempo. Foi tomando café com o sacerdote que recebeu o conselho que não esperava de um clérigo: é hora do divórcio.

No ir e vir desses cafezinhos, acabou tendo a ideia de abrir uma empresa. Pode parecer ideia de mesa de bar, mas Ribeiro não bebe. Foi ideia de balcão de café gourmet mesmo: assim nasce a Time Two Coffee.

Vamos supor que você esteja abrindo um negócio. Mas você é mãe ou pai de primeira viagem, e precisa de dicas de alguém com experiência na área.A ideia de Ribeiro é que a Time Two Coffee reúna essas duas pontas: colocar pessoas que tenham experiência para compartilhar, em várias áreas, com quem esteja disposto a pagar para ter esse 1×1 informal.

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O especialista se inscreve no site, passa por uma avaliação da moderação e depois de aprovado, precifica sua hora.

Uma parte dos lucros é doada para instituições do terceiro setor cadastradas: do valor pago pelo encontro, 65% é do “cafezeiro” (apelido dado aos especialistas da plataforma) e 35% da Time Two Coffee. Desses 35%, 10% são doados. O cafezeiro também pode escolher doar uma parte ou todo o seu cachê. Hoje, são 210 deles.

Não querem recrutar coaches ou mentores para a Time Two Coffee. A principal exigência para se tornar um palestrante é que sua ocupação primária não seja orientar ninguém – precisa atuar na sua área e estar disponível para dar conselhos informais sobre.

Se institucionalizar o cafézinho vai funcionar, é o que vamos ver. O importante é que, seja na firma ou fora dela, você nunca deixe de ter um minutinho para trocar ideias com alguém. Sua mente (e sua carreira) agradecem 🙂

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