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Corpo são, mente sã: cresce número de burnout entre profissionais

Cada vez mais executivos estão sofrendo com a síndrome do burnout — e isso gera problemas graves para os profissionais e para as empresas

Por Luiz Carlos Cabrera
Atualizado em 27 jun 2020, 10h01 - Publicado em 27 jun 2020, 10h00
education, business, fail and technology concept - african american businesswoman or student with laptop computer and papers at office (dolgachov/Thinkstock)
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Artigo originalmente publicado na Revista VOCÊ S/A, edição 263, em 08 de abril de 2020. 

Há quatro anos, inseri nos questionários de avaliação 360 graus que aplico em executivos um módulo dedicado à saúde física e emocional. No começo, as pessoas achavam estranho ter de responder a questões desse tipo. Quando eu entrevistava membros do conselho de administração para falar sobre um CEO e entrava nesses detalhes, eles me diziam que esses temas eram do foro íntimo dos postulantes à vaga.

Mas eu introduzi essas perguntas racionalmente, pois percebi o crescente número de profissionais que sofriam de burnout — expressão americana que demonstra bem o estado de “queima de circuitos” que começou a afetar alguns executivos. O burnout afasta o líder por um tempo, criando um vazio de poder e expondo outra grande dificuldade das organizações: o processo sucessório claro e ativo.

Uma empresa cujo CEO (ou outro executivo que se reporte ao CEO) precise ser afastado por uma ou duas semanas pode ter sensíveis prejuízos, algumas vezes irreparáveis. Principalmente se isso acontecer num momento crítico de lançamento de um produto ou serviço, em meio a um processo de fusão e aquisição ou, ainda, na implementação de um novo modelo de gestão. Por isso, acredito que a saúde física e emocional dos executivos deva constar no mapa de riscos de uma organização moderna.

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Em minha avaliação, coloco as seguintes questões, que também podem ser usadas pelas companhias: O executivo cuida de sua saúde fazendo exames periódicos? O profissional tem hábitos saudáveis de se exercitar com frequência? O líder tem atividades, como hobbies ou trabalhos voluntários, que lhe permitam renovar sua saúde emocional? Ele consegue manter a calma em situações difíceis? O profissional demonstra predominantemente uma atitude pessimista em relação às suas atividades do presente e do futuro? Existe um balanço entre o número de horas trabalhadas e as atividades de lazer? O importante é avaliar o equilíbrio entre a saúde física e a emocional, pois elas andam de mãos dadas.

Como sabemos, os líderes (e ainda mais o CEO) exercem uma enorme influência sobre o clima organizacional — e essa influência acontece muito pelo comportamento e pelo exemplo. Semblante pesado, irritação e mau humor contaminam todo o ambiente com o vírus da dúvida e da desconfiança. Começam os rumores: “O que será que está acontecendo?”; “Será que vamos ter cortes na empresa?”; “Será que o chefe está pensando em sair?”. Questões desse tipo se espalham e podem destruir o bom clima organizacional — responsável por fazer com que os empregados sejam eficientes e equilibrados. 

Cuidar da saúde física e emocional deve ser uma obrigação de todo executivo. Se, por acaso, o profissional chegar a um ponto complicado demais, pedir a ajuda de um coach, de um mentor ou de um médico é importante. Só assim os efeitos de um eventual burnout poderão não prejudicar a vida do executivo e, consequentemente, o clima e os resultados da empresa.

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