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Currículo: como disfarçar buracos no histórico de empregos, segundo a ciência

Escrever o tempo que você passou em cada cargo em vez das datas de admissão e saída (por exemplo, "5 anos" no lugar de "jan. 2017 a dez. de 2021") aumenta em 8% a chance de receber um convite para entrevista.

Por Bruno Vaiano
Atualizado em 8 dez 2022, 16h43 - Publicado em 8 dez 2022, 16h37
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 (Antonio_Diaz/Getty Images)
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Você pode ter sido demitido, ficado doente, tido um filho, mudado de país, feito doutorado em mecânica quântica, passado um ano como espião soviético ou naufragado numa ilha distante. Não interessa: pausas na carreira são malvistas pelos recrutadores ainda que esse viés seja, com frequência, inconsciente.

O problema afeta desproporcionalmente as mulheres, já que casos de naufrágio e contratação secreta pela KGB não são exatamente comuns: a maior parte das pessoas que param de trabalhar fazem isso para cuidar dos filhos e algo entre 18% e 20% das mães tomarão essa decisão em algum momento da vida, contra apenas 1,2% dos pais.

Mulheres que fizeram interrupções voluntárias na vida profissional para criar suas crianças tendem a receber menos ligações após entrevistas do que pessoas demitidas que demoraram para conseguir um novo cargo.

Isso não significa que desempregados de longa data não sofram preconceito também. Este outro estudo revela que os recrutadores evitam pessoas que estão fora do mercado há muito tempo porque raciocinam que, se elas dessem bons funcionários, já teriam passado em algum processo seletivo nessa altura do campeonato.

Um grupo liderado por Ariella Kristal, pesquisadora da Escola de Administração da Universidade Columbia, em Nova York, acompanhou 9 mil britânicos que buscavam emprego para entender se a redação do currículo poderia ser usada como uma arma contra esse tipo de discriminação. Os resultados foram publicados no periódico especializado Nature Human Behaviour.

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A conclusão foi que um candidato têm 8% mais chance de ser chamado para uma entrevista quando lista apenas o número de anos que passou em cada empresa – e não as datas exatas de admissão e de saída (a prática tradicional, que evidencia os buracos). 

É claro que o recrutador não é bobo: ele sabe que uma pessoa de 45 anos com apenas 15 de experiência ficou sem trabalhar em algum momento desde que terminou a faculdade. A questão é que você chama atenção para o lado meio cheio do copo: “uau, esse candidato passou dez anos em uma empresa” em vez de “putz, esse candidato passou exatamente cinco anos parado”. 

Tem medo do truquezinho parecer desonesto? Não se preocupe: por incrível que pareça, desde que você troque as datas pelo número de anos, avisar ou não que houve uma pausa não faz diferença. No estudo, mães que escreveram “saí para me tornar mãe em tempo integral e cuidar das minhas crianças” tiveram o mesmo desempenho médio que as mães que não se explicaram.

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“A maior parte das pessoas que saem do mercado de trabalho para cuidar de outras pessoas são mulheres, então, reduzir a discriminação contra buracos no histórico é crucial para reduzir a desigualdade salarial entre homens e mulheres”, explicou Leonie Nicks, um dos autores do estudo, em um comunicado.

 

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