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No mesmo barco? Estas são as desigualdades evidenciadas pelo coronavírus

Embora todos sejam afetados pela pandemia do novo coronavírus, as desigualdades ficam ainda mais gritantes neste momento

Por Ricardo Sales, colunista de VOCÊ S/A
Atualizado em 12 jul 2020, 10h00 - Publicado em 12 jul 2020, 10h00
O medo nos aproximou, mas não a ponto de dissolver as diferenças. (Cottonbro no Pexels/Reprodução)
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Matéria originalmente publicada na Revista VOCÊ S/A, edição 264, em 07 de maio de 2020. 

Onde você estava em 11 de setembro de 2001? Se você tem mais de 30 anos, seguramente não teve dificuldade para responder a essa pergunta. O atentado às Torres Gêmeas, nos Estados Unidos, marcou a memória de uma geração e definiu o mundo em que vivemos. Ou vivíamos até o surto do novo coronavírus.

A pandemia de Covid-19 pegou o planeta de surpresa e deve trazer mudanças significativas para a sociedade e os negócios. O cenário é inusual desde a sua origem. Não se trata de uma crise econômica ou política, do tipo com que estamos razoavelmente acostumados a conviver, mas de um drama de saúde que assusta, sensibiliza e traz o binômio vida e morte para a pauta das conversas mais cotidianas. As pessoas estão no centro das decisões de empresas e governos — pelo menos dos que são responsáveis.

O medo nos aproximou, mas não a ponto de dissolver as diferenças. Virou clichê dizer que estamos todos no mesmo barco, porém essa é uma meia verdade. Conforme ouvi de uma amiga, seria mais apropriado dizer que estamos no mesmo mar: alguns com condições de superar a tormenta em cabines de cruzeiro, outros acotovelando-se em botes apertados.

O vírus não escolhe gênero, raça ou classe, mas é inegável que mulheres, pessoas negras ou pobres, para falar apenas desses grupos, sofrem de forma mais intensa as consequências sanitárias e econômicas da pandemia. As organizações não podem descuidar desses públicos. O momento servirá para depurar o que é responsabilidade social efetiva do que é mero discurso.

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A crise escancara as desigualdades, mas, ironicamente, também abre espaço para a empatia e a humanização das relações. No meio empresarial, por exemplo, subitamente passamos a falar com mais franqueza sobre vulnerabilidade e sentimentos. Além disso, chefes obcecados pelo comando-controle tiveram de se acostumar com a gestão a distância. O futuro do trabalho e todas aquelas tendências que pareciam inalcançáveis chegaram mais cedo do que o previsto, como atestam os milhões de pessoas em home office.

Ao que parece, as fronteiras entre vida profissional e pessoal nublaram de vez. Crianças invadindo as reuniões para pedir colo e maridos aparecendo ao fundo das videoconferências viraram parte da paisagem. Normal, como sempre deveria ter sido, mas gastamos tanto tempo na pele do personagem corporativo que agora precisamos nos readaptar.

Sairemos melhores desta experiência? É uma possibilidade, mas isso dependerá das decisões que tomarmos. A crise revela valores de pessoas e organizações. É como um teste cuja aprovação está relacionada às escolhas que fizermos neste momento. Estamos diariamente construindo nosso futuro.

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