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Profissionais que faltam ao trabalho por enxaqueca se sentem julgados

Estudo com 11 mil pessoas mostra o tamanho da dor de cabeça que a enxaqueca causa para profissionais e empresas

Por Camila Pati
Atualizado em 19 dez 2019, 16h11 - Publicado em 2 out 2018, 06h00
Teen woman with headache holding her hand to the head (MaximFesenko/Thinkstock)
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São Paulo – Julgados, estigmatizados ou incompreendidos. A maior parte dos profissionais que faltam ao trabalho por conta de crises de enxaqueca não sente que recebe apoio dos seus empregadores, de acordo com um estudo global sobre a doença.

A pesquisa My Migraine Voice com 11 mil pessoas de 31 países, incluindo o Brasil, mostra que a enxaqueca não recebe atenção nem quando é diagnosticada formalmente por médicos. Os entrevistados contaram que, embora a maioria de seus empregadores (63%) soubesse sobre seu diagnóstico, apenas 18% ofereciam apoio.

A intangibilidade é inimiga da dor e contribui para o preconceito em relação à enxaqueca. “As pessoas entendem melhor as doenças quando elas são mensuráveis por exames, por algo palpável ou por um número, como no caso da pressão arterial”, explica o médico Mário Peres, do Centro de Cefaleia São Paulo.Distúrbios do sono, ansiedade e depressão padecem da mesma leiga incompreensão, segundo ele.

Tão negligenciada quanto prejudicial aos negócios, a enxaqueca tem impacto considerável na produtividade, revela o estudo. A queda na capacidade de produzir é confessada por mais da metade dos participantes: 53%. O absenteísmo também é alto, com 60% dos profissionais afirmando perder, em média, uma semana de trabalho por mês.

O problema é crônico: um em cada três entrevistados convive com as fortes dores há 16 anos ou mais. Os participantes da pesquisa revelaram que as crises de enxaqueca acontecem pelo menos 4 dias por mês.

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“Essa pesquisa confirma que a enxaqueca tem impacto grande individual com a experiência da dor e impacto na produtividade e no número de faltas”, diz Peres.

Enxaqueca ou só uma dor de cabeça?

O especialista diz que o diagnóstico é bem estabelecido, dado para quem tem crise recorrente de duração entre 4 a 72 horas com o surgimento de ao menos dois de quatro sintomas principais: dor pulsátil, dor de um lado da cabeça, intensidade moderada a forte e agravamento da dor com a atividade física, barulho e exposição à luz.

“Esse conjunto de características é suficiente para definir a enxaqueca”, diz o médico.

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O segundo passo, segundo Peres, é verificar se a enxaqueca é um efeito pós-traumático, secundário de um tumor, ou uma infecção.

A enxaqueca tem várias causas. “É multifatorial.Pode ser genética, hormonal, alimentar, causada por sobrecarga física e mental, por tabagismo, estresse, falta de sono”, explica o médico.

O excesso de trabalho aparece relacionado como gatilho no momento em que causa a sobrecarga mental ou física. Dedicação exagerada aliada à falta de cuidado com a saúde é um cenário que estimula o surgimento da enxaqueca.

A doença cobra um preço alto da sociedade e o estudo alerta para o tamanho do problema, segundo Peres. Os custos totais anuais com a enxaqueca são bilionários: entre 18 e 27 bilhões de euros na Europa e cerca de 20 bilhões de dólares nos EUA.

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