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Clara Cecchini

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Especialista em aprendizagem organizacional e inovação, e fundadora do Centro Brasileiro de Design de Aprendizagem.

A tensão entre ruptura e tradição no desenvolvimento profissional 

Tecnologias de última geração, projetos em cocriação... Para obter bons resultados com os alunos, o que importa mesmo é oferecer pensamento analítico, crítico e criativo.

Por Clara Cecchini
4 Maio 2025, 08h00
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 (skynesher/Getty Images)
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Nada demonstra melhor o que realmente está pegando no dia a dia dos profissionais do que as perguntas que fazem em sala de aula, nos momentos de desenvolvimento. 

É ali, no debate acalorado, que todas as tendências, números, autores, pesquisas e conceitos entram em contato com os problemas reais que as pessoas precisam resolver. Cabe a um bom professor aquecer essas conexões e fazer do encontro um palco para a inteligência coletiva. Não proteger seu conteúdo em condições ideais de temperatura e pressão, mas abrir espaço ao contraditório e ao inesperado.

Tenho observado que a maioria desses bons debates, hoje, manifesta uma questão de fundo: compreender quais são os conhecimentos úteis para solucionar os problemas novos e desestruturados que as organizações vêm enfrentando – e quais conhecimentos já não fazem mais sentido.

Eu sou entusiasta da inovação, da experimentação, das perguntas. Mas é perigosíssima e enganosa a ideia de que “nada mais serve”. De que precisamos aprender tudo testando e errando, a partir de uma folha em branco. Quantos projetos eu já vi saírem mal-acabados com a desculpa de “errar rápido para aprender rápido”! Ou quantas reuniões mal planejadas já descobri escondidas embaixo de uma pauta de cocriação… tenho certeza de que você pode puxar uma dessas rapidinho da memória, ou se lembrar de alguém que faça isso com recorrência. 

Cada um de nós, na sua área, sabe quais premissas permanecem para um trabalho bem-feito. Existem coisas que não mudam. A ciência não será toda jogada no lixo por conta das novas tecnologias. Colocado assim parece absurdo, mas é essa falsa premissa que acaba guiando decisões tomadas naqueles momentos de empolgação em que vencemos a resistência, abandonamos a consistência e seguimos na energia de mudar por mudar. 

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Museu de grandes novidades

Por isso, eu faço questão de seguir usando os termos próprios da minha área – sala de aula, professor. Não foram poucas as vezes que me sugeriram mudar de professor para facilitador, ou de sala de aula para encontro de aprendizagem. Mas não vou sacrificar a precisão da comunicação trocando palavras que todos entendem por um jargão nichado que, na maioria das vezes, passa um verniz de novidade em um recheio requentado das mesmas velhas práticas. Pegue um e-learning de conteúdo passa-tela e você verá a concepção mais ultrapassada de educação – observe uma professora do Ensino Médio criativa e você terá chances de ver práticas muitíssimo inovadoras – com ou sem o uso da tecnologia.

Não deve ser o uso da tecnologia – ou o “fazer diferente” –, o critério de escolha de qual abordagem usar na solução de um problema ou na criação de uma nova solução (em educação ou qualquer área). Deve ser o resultado que se quer atingir – e quais os valores que se almeja imprimir no processo de trabalho em si. Para profissionais relevantes e negócios sustentáveis, processos colaborativos não justificam a recorrência de entregas ruins – assim como entregas excepcionais não podem custar o bem-estar da equipe. 

Chegar a essa justa medida continua sendo o grande desafio. O único jeito de fazer boas escolhas – sem resistir à mudança e sem se deixar levar na dança – é ter clareza do resultado e dos valores que fazem sentido no seu contexto.

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Os três pilares

Para diferenciar o que é precioso do que deve ir para a caixinha do desapego, é fundamental o exercício consciente dos três pensamentos: analítico, para superar nossos vieses cognitivos e compreender os dados e sua relevância ao contexto; crítico, para tomar melhores decisões tendo em vista seus objetivos e valores; e criativo, para compor saídas inesperadas combinando novos e velhos repertórios.

Portanto, mais do que conhecer a sua área, é essencial conhecer a si mesmo para navegar com eficácia por este caminho cheio de armadilhas e oportunidades. O aprendizado deve ser encarado como um processo contínuo de autoaprimoramento, que vai além da mera aquisição de habilidades técnicas. 

Assim, ao enfrentarmos os desafios do ambiente de trabalho, podemos refletir com humor e leveza, com a certeza de que estamos em um processo desafiador, mas construtivo. E, quando menos esperarmos, teremos trocado o meme “bem na minha vez” por aquele outro: “credo, que delícia!”.

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