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Claudio Lottenberg

Médico oftalmologista, é presidente do conselho do Hospital Albert Einstein e do Instituto Coalizão Saúde. Também atua como conselheiro da Unicef.
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Quanto mais ESG, mais benefícios para a saúde

Ações ambientais e sociais se reverterão em ganhos para as empresas e benefícios para a sociedade.

Por Claudio Lottenberg
Atualizado em 17 jun 2022, 11h21 - Publicado em 15 jun 2022, 15h41
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 (Tom Werner/Getty Images)
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A agenda ESG (Environmental, social and corporate governance – sigla em inglês para ambiental, social e governança corporativa) já é discutida há algum tempo por CEOs, investidores e autoridades de governo. Investir em fontes limpas de energia, buscar a neutralidade de carbono (o chamado “net zero”) com a redução de emissões de CO2, incentivar ações de preservação de áreas verdes e reflorestamento, reciclagem – tudo isso está na pauta do dia. Essa iniciativa, além de tornar as empresas mais atrativas aos investidores (que cada vez mais esperam engajamento efetivo das empresas na área ambiental), tem a virtude de também se reverter em benefícios para a saúde.

Basta ver o recente dado publicado pela revista The Lancet: cerca de 9 milhões de pessoas morreram de forma precoce em 2019 no mundo todo devido aos efeitos da poluição. Isso representa nada menos que um em cada seis óbitos ocorridos no mundo todo naquele ano. A principal forma de poluição envolvida é a do ar: a esta, são ligados 6,67 milhões de óbitos, de acordo com dados do levantamento Global Burden of Disease (da The Lancet). Mas há números também grandes ligados à poluição da água, poluição química e contaminação por chumbo. No Brasil, o número de óbitos chega a passar de 50 mil por ano, pela mesma causa, segundo estudo coordenado pelo WRI (World Resources Institute).

Como se não fosse suficiente, a poluição também exerce uma forte influência em doenças cardiovasculares. Um alerta da OMS (Organização Mundial de Saúde) de 2019 já apontava a poluição do ar como fator-chave no desenvolvimento e no agravamento das doenças cardiovasculares – e antes disso (2004), a AHA (Associação Americana do Coração) também já destacava o risco que a poluição do ar representa para que tem cardiopatias.

Como se vê, o engajamento das empresas no segmento ambiental da agenda ESG pode resultar em benefícios para a saúde de todos. A percepção de que defender e preservar o ambiente se reforçou depois que uma gestora de investimentos dos EUA (a BlackRock, maior empresa do tipo no mundo) disse em um informativo a seus investidores que “risco climático era um investimento de risco”. Isso serviu para mostrar a todos a importância que o ambiente passou a ter.

Claro que a separação dos temas na agenda ESG tem caráter mais organizacional: as questões não são fechadas em compartimentos estanques. O “S”, da agenda social envolve, entre outros pontos, investimentos e melhorias em condições de trabalho, e uma questão bastante relevante ao longo da pandemia foi a saúde mental das pessoas, que ficaram confinadas em casa para evitar a transmissão da covid-19. Questões de saúde mental foram inclusive elencadas no “Relatório de Riscos Globais”, do Fórum Econômico Mundial. Investimentos privados em ações sociais também poderiam beneficiar comunidades carentes. Alocação de recursos em infraestrutura, mobilidade, mesmo em ações de saúde e estímulo ao empreendedorismo nesses locais poderão fazer parte do compromisso social da empresa. Isso pode ser feito em conjunto com organizações da sociedade civil.

A ESG já conquistou seu lugar nas decisões de lideranças corporativas e não há mais volta. A preocupação ambiental passou a ser critério de escolha de investidores, e quem se adiantar nessa agenda, estará mais bem posicionado. E benefícios para a sociedade e a saúde de todos virão, uma vez que menos poluentes forem lançados à atmosfera, mais áreas verdes forem preservadas e mesmo expandidas, mais presença o setor privado marcar junto a comunidades, com ações sociais. Quanto mais as empresas avançarem no ESG, mais benefícios para a saúde podem surgir, e isso é um grande progresso.

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