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O que é um follow-on?

São dois tipos: oferta primária e oferta secundária. Entenda a diferença.

Por Alexandre Versignassi
14 jul 2023, 06h00
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 (Angela Dinubila/VOCÊ S/A)
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Existem dois tipos. Vamos começar pelo mais básico: é quando uma empresa que já fez seu IPO emite novas ações e coloca à venda no mercado, para levantar dinheiro sem fazer dívida.

Vamos dizer que uma companhia tal seja dividida em 3 bilhões de ações. Cada uma delas dá direito a uma certa quantidade de dividendos. Vamos assumir também que ela distribua todo ano, religiosamente, R$ 3 bilhões em proventos. Dá R$ 1 por ação.

Se a companhia “imprimir” mais um bilhão de ações e colocar à venda no mercado, cada papel dará direito a uma fatia menor dos dividendos. Caso a empresa siga pagando aqueles R$ 3 bilhões por ano, agora serão, portanto, R$ 0,75 por ação. 

Esse é o efeito deletério de um follow-on clássico: quem já era acionista acaba diluído. Começa a receber menos dividendos do que antes – caso a empresa não aumente o tamanho do bolo de proventos.

Esse tipo de follow-on é chamado de “oferta primária”. Na prática, ela desvaloriza a ação – da mesma forma que o governo desvaloriza a moeda em circulação quando emite dinheiro novo.

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Se é assim, então, por que existe mercado para ofertas primárias? Pelo mesmo motivo pelo qual há demanda para IPOs. Se você é dono de uma empresa saudável, por que vai colocá-la na bolsa em busca de sócios – e ser obrigado a dividir os lucros com eles mais adiante? Porque esse é o dinheiro mais barato que existe. Você recebe dos acionistas e não se compromete a devolver. Se a sua empresa der em água, fica por isso mesmo. 

Já quem compra uma ação no IPO faz isso na expectativa de que a companhia empregue o dinheiro que entrou para crescer, multiplicar sua receita. Se os lucros vierem, o acionista terá direito à sua fatia. No follow-on a lógica é a mesma: a empresa busca dinheiro barato e os investidores apostam que ele será bem empregado.

Para tornar as novas ações atraentes, a empresa estipula um preço menor que o de mercado. A AES Brasil, por exemplo, fez uma oferta primária em 29 de setembro de 2021. No dia 28, os papéis da companhia tinham fechado em R$ 13,48. Então decidiram lançar as novas ações a R$ 12 – 11% a menos. 

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Na época, a empresa era dividida em 413 milhões de ações. Nessa oferta primária, emitiram mais 93 milhões, aumentando o total para 506 milhões. Se antes cada pessoa com mil papéis era dona de 0,00000242 da AES Brasil, agora passava a deter menos: 0,00000198. Em números mais digeríveis: cada acionista que tinha papéis da companhia na carteira (e não comprou ações novas na oferta primária) teve sua posição diluída em 18%.

Na ponta do lápis, então, o preço justo para cada ação na oferta primária seria 18% abaixo do valor de mercado, não 11%. Mas normal: a empresa cobra o quanto quiser, e quem decide se aceita ou não é o mercado. Nesse caso, investidores toparam pagar R$ 12 por cada uma das novas ações, e a AES colocou R$ 1,11 bilhão em caixa para investir em novos projetos. A diluição, de qualquer forma, afetou o preço do papel no mercado. Eles fecharam o pregão do dia seguinte a um valor mais próximo daquele do follow-on, R$ 12,68 – queda de 6%.  

Isso é uma oferta primária. Agora vamos ao segundo tipo de follow-on: a oferta secundária. Nessa modalidade, não há emissão de ações novas. Ninguém fica diluído. O que rola é o seguinte: um grande acionista de alguma empresa decide vender uma parte grossa de seu capital (ou todo ele). 

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Ele poderia ir vendendo durante os pregões normais, em vez de empacotar tudo numa oferta. Mas isso criaria um certo pânico. O mercado só veria que tem gente vendendo uma empresa tal a rodo. Então fugiria do papel, levando o preço para o buraco. 

Quando um peixe grande resolve fazer uma venda substancial, então, o normal é que ele lance uma oferta secundária, cobrando um preço fechado um pouco menor que o valor de mercado para garantir a demanda. 

Foi o que o grupo francês Casino fez em março de 2023. A empresa era dona de 30,5% do Assaí, e decidiu reduzir essa participação para 11,7%. Isso significava 254 milhões de ações. Em vez de sair vendendo aos poucos nos pregões, ofereceram esse pacote ao público a um preço fechado de R$ 16 por ação, 1,5% abaixo do fechamento do dia anterior (R$ 16,25). Deu tudo certo. Mesmo assim, o mercado não viu com os melhores olhos a redução da fatia do Casino no Assaí. E as ações da rede atacadista fecharam o pregão do dia seguinte a R$ 15,96 – queda de 6%.

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