O que são as stable coins?

Stable coin é um tipo de criptomoeda que se diz lastreado em dólar. Ou seja: para cada unidade da cripto em circulação, haveria um dólar guardado em algum lugar para lhe conferir valor. E esse valor ficaria sempre estável em US$ 1. A utilidade: seria um jeito fácil de mandar dinheiro para o exterior, por exemplo. Basta transferir usando o app de alguma corretora de cripto.

A primeira das stable coins foi o Tether, lançado em 2014 e que segue como a maior delas. Entre as milhares de criptos em circulação, o Tether é a quarta do mundo em valor de mercado: US$ 70 bilhões (atrás apenas de Bitcoin, Ethereum e Binance Coin). Como cada Ether vale US$ 1, deveria haver US$ 70 bilhões guardados em algum lugar.

Bom, dos 70 bilhões de Tethers em circulação, 49 bilhões foram emitidos neste ano pela empresa que gerencia a cripto, uma firma sediada em Hong Kong. Isso deixou Janet Yellen (cujo cargo, de secretária do Tesouro, equivale ao de ministro da Economia) ressabiada. Em julho, ela chamou o presidente do Fed (o BC americano) e o chefe da SEC (a CVM deles, que regula o mercado financeiro) para discutirem a legalidade do Tether.

Em outubro, veio uma pancada real. A CFTC, agência americana que regula o mercado de derivativos, multou a Tether (a empresa) em US$ 41 milhões por não fornecer informações satisfatórias sobre onde está o dinheiro guardado para garantir o valor da cripto – a suspeita é a de que boa parte esteja investida em ativos de risco, a começar por criptomoedas normais. Se for isso mesmo, o tal lastro em dólar não existe. Ao menos não no volume necessário. A Tether preferiu pagar a multa a fornecer provas de idoneidade.

Nota: se você tiver Tethers, não pode trocá-los por dólares na empresa que os emite. Tem de vender no mercado de cripto. Mas o valor de US$ 1 por unidade só existe porque o mercado de cripto acredita na existência das reservas. No que depender das autoridades americanas, isso pode não durar muito tempo.

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