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O que são os leilões da bolsa?

De manhã, eles servem para determinar com calma o preço dos papéis – alinhando expectativas de vendedores e compradores. Ao final do pregão, entram em ação de novo para evitar distorções.

Por Alexandre Versignassi
10 fev 2023, 05h21
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 (Giovanna Borges/VOCÊ S/A)
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Para entender, você precisa ter clara na cabeça a mecânica de um pregão normal. A cotação de um papel é o preço pelo qual rolou a última negociação. Se você tem uma ação da empresa tal, quer vender, e a cotação está a R$ 100, não significa que você poderá vender por R$ 100. Esse já é um preço do passado.

O que conta são as ofertas de compra disponíveis no momento em que você decide colocar à venda. Essas propostas ficam registradas no “livro de ofertas” que a bolsa mantém para cada papel. Se a melhor oferta de compra ali for de R$ 98 e você aceitar esse preço, pronto: a nova cotação do papel na B3 será de R$ 98. Basta um negócio fechado para mudar o valor de mercado do ativo. Se um minuto depois aparecer uma oferta de compra por R$ 99, abraço. Você vai ter de se contentar com os R$ 98 mesmo. Perdeu.

No modo leilão é diferente. O sistema da bolsa vai registrando as ofertas, mas não fecha negócios. Ele tira uma média dos maiores valores de compra e dos menores valores de venda. Se 10 investidores registrarem no livro que topam comprar uma ação por R$ 97 e, um minuto depois, outros 10 oferecerem R$ 99, o sistema vai considerar o preço médio – algo que não existe no pregão em modo normal.

5 horas. Foi o tempo que as ações da Americanas passaram em leilão de abertura no dia 12 de janeiro.

Nesse caso, o valor médio de compra será de R$ 98 (caso as duas ofertas sejam para mesma quantidade de ações, mas não precisamos entrar nessa filigrana aqui). O robô da B3, então, faz a mesma operação com as ofertas de venda. Vamos dizer que a média desse lado do livro de ofertas tenha dado R$ 99.

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Nesse caso, o sistema entra em modo de espera para ver se o jogo equilibra. Aguarda até que entrem mais ofertas, com preços de compra acima de R$ 98 ou de venda abaixo de R$ 99. Se o clima para a ação estiver de baixa, o preço médio de venda vai cair. Se o mercado estiver a fim do papel, o de compra vai subir.

Aconteça o que acontecer, uma hora a média dos preços de compra e de venda entram em paridade. No nosso caso aqui, pode ser que as médias de compra e de venda convirjam para R$ 98,50. Aí é o fim do leilão. Todo mundo que entrou será obrigado a fechar negócio por R$ 98,50.

O modo leilão evita distorções. Por conta disso, ele é acionado todos os dias: por 5 minutos antes de o pregão começar e por outros 5 logo antes do fechamento de mercado.

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Na parte da manhã, ele serve para determinar o preço de abertura com calma. Se o braço de ferro entre compradores e vendedores não parar, o leilão segue por mais tempo. Foi o que aconteceu com as ações da Americanas em 12 de janeiro. Elas tinham fechado a R$ 12 no pregão anterior. No seguinte, não havia um ser humano disposto a comprar a ação – nem por R$ 11, nem por R$ 10, nem por R$ 3… O leilão estendeu-se por 5 horas, e a ação abriu a um preço médio de R$ 2,80.

Já o modo leilão do fim da tarde serve para evitar que um único negócio determine o preço de fechamento de algum papel – já que o valor no encerramento baliza todo o noticiário econômico. Isso evita manipulações.
É isso. Além dos leilões de abertura e fechamento tem também os de meio de pregão: quando uma ação sobe ou desce mais do que 10% numa tacada só, a B3 deixa o papel em leilão por alguns minutos, de modo que os investidores consigam enxergar se a oscilação é fruto de meia dúzia de negócios fechados no apavoro ou se não; se é um movimento sólido do mercado inteiro.

 

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