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Qual foi o primeiro esquema de pirâmide?

Foi o golpe criado pelo italiano Charles Ponzi em 1919, em Boston – daí o nome "esquema Ponzi". Entenda como ele funcionava.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 7 jun 2022, 15h31 - Publicado em 13 Maio 2022, 07h01
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 (Ana Kozuki/VOCÊ S/A)
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Foi o golpe criado pelo italiano Charles Ponzi em 1919. O caso rolou em Boston e ficou tão célebre que o termo “esquema Ponzi” é usado para descrever as pirâmides financeiras – armações nas quais os “lucros” vêm do dinheiro de outras pessoas que entram na jogada, e não de um negócio em si.

A fraude de Ponzi envolvia o serviço postal dos EUA. Na época, pessoas que viviam em outros países e mandavam cartas para os EUA podiam optar por comprar e enviar junto um cupom que poderia ser trocado em terras americanas pelos selos locais. Assim, os destinatários não precisavam pagar para responder a correspondência – a postagem já estava pré-paga por quem enviou a carta da gringa.

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Acontece que, por causa da Primeira Guerra Mundial, a economia da Europa estava em frangalhos. Nisso, um desses “cupons-resposta” da Itália, por exemplo, custava apenas ¼ do preço dos selos americanos.

Ponzi, então, pensou no seguinte: comprar enormes quantidades de cupons-resposta na Europa, enviá-los para os EUA, trocá-los pelos selos locais e então vendê-los por dólares a um preço muito maior. 

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No linguajar econômico, esse tipo de operação é chamado de “arbitragem” – quando você aproveita a diferença de preços de um mesmo produto em locais diferentes, comprando onde é mais barato e vendendo onde é mais caro.

Ponzi fundou sua empresa, a Securities Exchange Company, e começou a vender sua ideia de investimentos, prometendo 50% de lucro a cada três meses. Em pouquíssimo tempo, o esquema ficou extremamente popular e atraiu montes de investidores. 

No começo, os primeiros investidores até recebiam o lucro prometido – e muitos reinvestiam os ganhos no esquema. Mas o dinheiro não vinha dos lucros com os cupons, e sim das novas pessoas entrando na pirâmide. O golpista colocava a maior parte no bolso e distribuía o resto para os primeiros investidores, ajudando a manter a farsa. Nem se sabe se Ponzi realmente chegou a fazer a tal arbitragem com selos. E se fez não durou muito. Um jornal de Boston fez as contas e mostrou: para os lucros prometidos serem entregues para todos, seriam necessários 160 milhões de cupons-resposta. Havia só 27 mil em circulação pelo mundo. 

Em agosto 1920, com a reportagem publicada, o esquema ruiu. Ponzi seria preso, deportado para a Itália e terminaria aqui no Brasil – onde morreu, pobre, no Rio de Janeiro.

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