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“Short selling”: o que significa operar vendido?

É uma aposta arriscada. Que funciona desafiando a lógica: você primeiro vende uma ação que não tem, para só depois comprá-la – mais barato do que vendeu.

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 13 out 2022, 20h07 - Publicado em 13 out 2022, 20h07
Ilustração de um investidor, segurando notinhas de dinheiro, observa atentamente um gráfico distante que exibe flechinhas oscilando, tendendo a cair.
 (Taíssa Maia/VOCÊ S/A)
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Na prática: vamos dizer que você não tem ação nenhuma na carteira. Então abre o home broker e clica num ticker qualquer. Vai aparecer um espaço para você colocar a quantidade de ações que deseja e dois botões: “Comprar” e “Vender”. Aí você aperta “Vender”.

Mas, ei: se você não tem ação nenhuma, está vendendo o quê? Vento? Quase isso. Vamos dizer que você vendeu, desse jeito, 100 ações da IRB Brasil (IRBR3) a R$ 1,15 cada uma no início do pregão. Nos bastidores, acontece o seguinte: sua corretora recebe a ordem, pega e vende no mercado 100 papéis IRBR3 que ela possui, cobrando uma “taxa de aluguel” por isso.

Nota: essas ações não pertencem à corretora, na verdade, mas a algum outro investidor que topou deixar suas ações disponíveis para aluguel, em troca de uma parte da taxa. A corretora só faz o meio de campo.  

 

260% ao ano sobre o preço de venda da ação: era a taxa de aluguel de IRBR3, por conta da alta demanda para short selling.

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Bom, fora essa taxa, você fica com uma dívida. De R$ 115? Não: de 100 ações do IRB – aparece na sua tela de custódia que você possui “-100 IRBR3”. Um saldo negativo não em dinheiro, mas em papéis.   

E isso faz toda a diferença. Para sair do vermelho, você precisa COMPRAR 100 ações do IRB em algum momento – quanto mais tempo passar, maior será a taxa de aluguel. Vamos dizer então que, em dois dias, ela derreteu 13%. Caiu para R$ 1,00. Legal. Você vai e compra 100 papéis por R$ 100. Pronto. Seu saldo negativo em ações some.

Em suma, você fez uma compra a R$ 100 e uma venda a R$ 115 – não importa que a venda tenha rolado primeiro. E temos aí uma diferença de R$ 15, que vai para o seu bolso (fora a taxa de aluguel, que nesse caso será de alguns centavos). Você produziu dinheiro do nada. E poderia ter sido muito dinheiro: se você tivesse vendido 1 milhão de papéis a R$ 1,15, a diferença a embolsar seria de R$ 150 mil.

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É isso que quem “opera vendido” almeja: que o preço da ação caia forte entre a venda, que produz a dívida em ações, e a compra, que vai zerar o saldo.

O nome da operação é “venda a descoberto”. “Descoberto” porque você não possui o ativo que está vendendo. Em inglês, é short selling, que tem a mesma acepção (se você diz que está “short of” alguma coisa, significa que você não tem aquela coisa).

Mas claro: se o preço do ativo sobe quando você está “shortado” nele, danou-se. Venda um milhão de IRBR3 a R$ 1,15. Se a ação for a R$ 1,30, seu saldo final será de R$ 150 mil negativos. Do nada… Vender a descoberto, afinal, não é “investimento”. É aposta.

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