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Isis Borge

É diretora da divisão de recrutamento Engenharia, Supply Chain, Marketing e Vendas da Talenses
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Saiba quais tipos de líderes estão mais valorizados nesse momento

Todos os líderes com quem converso estão passando pelo maior desafio de suas carreiras durante a pandemia. Veja o que o mercado espera deles

Por Isis Borge, colunista de VOCÊ S/A
Atualizado em 17 jul 2020, 12h52 - Publicado em 17 jul 2020, 06h00
 (Brooke Lark/Unsplash)
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Um dos maiores privilégios que tenho na profissão como headhunter é conhecer pessoas e as histórias delas. Além de candidatos, converso também com os líderes e as equipes de direção das companhias para entender as aflições, dúvidas e necessidades das organizações e dos profissionais que querem se recolocar ou se movimentar. Assim, consigo promover melhores encontros entre vaga e profissional, além de ter uma visão mais ampla do mercado.

Nesse período em que grande parte dos profissionais está em home office, as ferramentas online são o nosso principal canal de contato e eu não preciso me deslocar para essas reuniões, sigo por aqui emendando uma conversa na outra. Diariamente, falo com profissionais de diferentes perfis, segmentos e níveis hierárquicos. Aprendo algo novo com cada um deles.

Todos estão sentindo os impactos pela pandemia. Com relação aos líderes, em particular, arrisco dizer que eles estão passando pelo maior desafio da carreira. Digo isso porque não é fácil manter o engajamento da equipe, o nível dos resultados e a sustentabilidade do negócio com tantas incertezas no ar. Já passamos por diversas crises de ordem política e econômica. Mas nunca tivemos um cenário como esse, que é de ordem mundial. Todos os mercados foram afetados. Nesse momento, não cabe aquela história de “se aqui está ruim, posso exportar”.

Caso você seja líder, esteja a caminho do posto ou pense em ocupar essa cadeira em um futuro próximo, compartilho quais são os tipos de líderes que estão se destacando nesse cenário de crise, com base em tudo o que tenho escutado do mercado:

Líder que sabe dizer “eu não sei”

A grande dificuldade dos executivos, incluindo os CEOs, é justamente dirigir uma empresa, de certa forma, às cegas, sem previsão de quando o mercado voltará ao normal e muito menos do impacto disso tudo no médio e longo prazo. É difícil fazer planos sem dados concretos em mãos. Mais difícil ainda é manter as equipes engajadas e motivadas quando a maior parte das pessoas está trabalhando de forma distribuída em suas casas. Somado a tudo isso, existe a crença de que os altos executivos devem sempre saber tudo. Isso faz com que muitos não se sintam preparados para assumir que não sabem algo. Acontece que, especialmente nesse momento, a transparência é o melhor caminho. Até mesmo porque as pessoas sentem quando um líder é verdadeiro ou quando está na defensiva.

Líder humano, empático e confiante, sem ser arrogante

Sempre que um líder olha para os membros da equipe com mais acolhimento, ele tem mais chances de extrair o melhor de cada pessoa. Em momentos de crise, essa atitude do gestor faz com que os liderados sintam menos medo do que está por vir. De uma forma geral, a pandemia tem deixado as pessoas mais abaladas emocionalmente. São muitas notícias negativas, dentro e fora da empresa. Noto que existe um receio no mundo corporativo de assumir a vulnerabilidade, e as lideranças que têm se mostrado mais abertas e mais humanizadas estão engajando melhor os profissionais. É preciso construir relações de confiança e entender os anseios de cada profissional.

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Líder que busca conhecimento

Um líder que busca conhecimento por conta própria e se mostra um eterno aprendiz acaba inspirando a equipe a fazer o mesmo. Nesse sentido, é importante, também, buscar formas de contribuir para a superação e o crescimento da equipe, se doando para fazer a diferença na vida dessas pessoas. Lembre-se que um líder que não tem alguém preparado para assumir seu posto terá mais dificuldade para prosperar na carreira.

Líder que sabe se comunicar

Muitos dos problemas que tenho observado nas organizações são oriundos de falhas de comunicação. Se as informações não fluem no ritmo adequado, no fluxo correto e alinhadas a cada público-alvo, a organização e os resultados podem ter sérios problemas.

Líder flexível e criativo

Flexibilidade e criatividade são importantes para pensar em novas formas de gerir o negócio. Tanto para repensar no modelo de trabalho em si, quanto para avaliar se o plano estratégico da empresa precisa de algum ajuste. Nessas características estão implícitas, também, a capacidade de ser um bom ouvinte e se abrir para novas ideias. Líderes que sabem aproveitar o que cada profissional tem de melhor formam times mais fortes. Assim, todos crescem e a empresa enfrenta as adversidades de uma forma mais eficaz.

Líder que aprende com os erros e segue adiante

Já li em algum lugar que “só não erra quem não tenta fazer algo novo” e “para se chegar a um patamar acima, arriscar é muito importante”. Concordo muito com essas duas afirmações. E, no meu entendimento, esse é o momento para rever a estratégia quantas vezes forem necessárias visando acertar o rumo. Fracassar, aprender com os erros e seguir são habilidades muito importantes agora. Todo mundo está aprendendo algo novo.

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Líder emocionalmente equilibrado

Cuidar da própria sanidade mental e da equipe é um caminho para fazer com que as pessoas continuem sendo produtivas. Nesse quesito, a questão da transparência é o que costuma gerar mais tranquilidade nas pessoas. Também é importante exercer uma liderança positiva, sem imposições pelo medo e com direcionamentos corretos e metas capazes de serem atingidas. Não esqueça de celebrar pequenas conquistas. Isso aumenta a confiança das equipes ao longo da jornada.

Já li alguns livros interessantes que considero boas fontes de inspiração para quem quer ser um líder ou aprimorar a habilidade de liderança. Como sempre recebo pedidos de indicações desses títulos, compartilharei alguns com vocês: “O líder criador de líderes”, de Ram Charan; “O monge e o executivo”, de James Hunter; “O líder 360”, de John Maxwell; e “Becoming a master manager – a competing values approach”, de Robert Quinn, Sue Faerman, Michael Thompson, Michael McGrath e Lynda S. St. Clair.

A leitura, acompanhada de estudo, prática e conhecimentos técnicos, é sempre um bom caminho para nos transformar em profissionais melhores. Mas, é importante lembrar que, ainda que algum de nós tenha afinidade com algumas habilidades de liderança, ninguém nasce líder. É preciso investir no autoconhecimento para se destacar nessa difícil arte de coordenar pessoas.

 

Isis-Borge_VALE
(Divulgação/VOCÊ S/A)
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