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Márcio Fernandes

É autor dos livros "Filosofia de Gestão", "Felicidade Dá Lucro" e "O Fim do Círculo Vicioso"
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O que é melhor: conquistar ou manter?

No mundo corporativo, vale mais ser o profissional que entrega resultados ou o que consegue estruturar com cuidado?

Por Márcio Fernandes, colunista de VOCÊ S/A
Atualizado em 3 abr 2020, 12h00 - Publicado em 3 abr 2020, 12h00
 (Mohamed Hassan/Pixabay/Divulgação)
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Manter é mesmo mais difícil do que conquistar?  Para ter uma visão atual sobre essa pergunta, fiz uma pesquisa nas redes sociais perguntando aos seguidores o que eles achavam. O resultado confirma a percepção geral, ou seja, 59% afirmaram com muita solidez que, Manter é o mais difícil, útil e até relevante. Outros 41% acreditam que o melhor mesmo é aquele que Conquista, pois fazer acontecer é para poucos.

O que justificaria isso na prática? Existem esses dois perfis de Executivos? A decisão por um ou outro, deriva do momento da organização?

No liquidificador

No mundo corporativo existem, sim, muitos questionamentos quanto a estes pontos. Há, inclusive, quem pense em misturar duas pessoas diferentes e batê-las no liquidificador para ter um profissional ideal – hipoteticamente, é claro.

Recentemente, numa reunião, que tinha o objetivo de definir a contratação de um CEO ouvi isso: “Que bom seria poder extrair o melhor destes dois finalistas em um só, mas temos que escolher uma pessoa apenas, e ainda que esta pessoa NÃO tenha todos os atributos desejados, será o melhor para o momento”. Acredito de verdade que a escolha de um Executivo deste porte não se deva fazer com a visão do momento, algo tipicamente conjuntural, pois este momento pode passar logo e o que fica depois pode não atender a expectativas mais amplas, as estruturais.

A luta para chegar “lá” pode ser árdua e não oferece ao individuo a perpetuidade, por outro lado, manter o que foi conquistado pode ser muito desafiador, mas não terá quantidades relevantes do tal glamour da conquista. Temos, de fato, dois perfis distintos? Aqueles que são peritos em Chegar Lá, e aqueles que são os melhores Mantenedores?

Nas empresas, é muito comum ouvir que os dois perfis não são encontrados na mesma pessoa, ou seja, se você é muito hábil para fazer o que chamam de Turnaround (T) geralmente não será um bom Mantenedor (M) e vice-versa. Existem pessoas que expressam suas melhores características em um ou outro sentido, mas seria possível um mesmo individuo combinar os dois lados destes necessários estilos de gestão?

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Para chegar a um parecer mais consistente, vamos entender cada um dos dois perfis de acordo com minhas vivencias práticas em Gestão Empresariais.

Mata-mata ou pontos corridos?

Conheci profissionais incríveis, que dominavam o primeiro estilo, o do Turnaround (T), o perfil que vira o jogo, chuta o pau da barraca e faz outra, tira o placar do zero, tira o negócio do prejuízo, põe o time pra pedalar alucinadamente, toma share do concorrente subitamente e muda a cara da empresa com atitudes de curto prazo.

Num paralelo com o Futebol, seria um técnico que treina um time para um campeonato curto, típico daquelas seleções que não vem apresentando bons resultados e as vésperas da Copa do Mundo apresentam aquele técnico reconhecidamente vitorioso, que propõe um estilo muito particular, com alta motivação, mas que de fato não se sustenta numa jornada de médio e pior ainda no longo prazo. Acho que deve ser por isso que técnicos bons, acabam chegando em alguns times, fazem um certo sucesso no início e depois de pouco tempo saem.

No caso de empresas, existem profissionais com este perfil, sim. Há aqueles que se tornam Pop-Stars depois de tudo o que fazem e os que são odiados, mas fazem o seu melhor para atingir a meta, geralmente conjuntural. Em geral tanto os Pop-Stars quanto os Odiados acabam saindo bem mais rapidamente que a media dos Mantenedores (M).

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Longo prazo

Por outro lado, convivi também com muitos exímios Mantenedores (M). Diferentemente do estilo conjuntural do pessoal do Turnaround, eles são estruturadores. Não entregam grande conquistas no curto prazo e muito menos os tais Quick Wins (Conquistas Rápidas), mas organizam e dão identidade ao todo e, com o tempo, podem se tornar incrivelmente conectados à cultura da empresa.

Se fosse um técnico de futebol, seria muito interessante para um time que busque uma jornada de longo prazo, como ocorreu com a Seleção Espanhola com o Técnico que tive o prazer de conhecer, Vicente Del Bosque. Ele levou a Seleção Espanhola a ser Campeã do Mundo em 2010, mas o trabalho teve início anos antes.

No caso das empresas, também há profissionais com este estilo, que ficam oito anos como Del Bosque ficou, ou até mais. Uma gestão bem menos turbulenta, em alguns casos poderia até ser chamada de monótona. Claro que não ser um T, não significa ter uma vida monótona, pois o dia a dia de um executivo tem muita emoção, seja T ou M, mas não dá nem pra comparar a dinâmica de um profissional T e um M.

Entretanto, ambos são fundamentais, diferentes, mas extremamente importantes.

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O executivo ideal

Na verdade, o Executivo ideal deveria ser como o Piloto de F1 que escolhe o pneu de carro de acordo com as condições da pista: na chuva é de um jeito, no sol é de outro.  Mas haveria alguém que pudesse ser bom nos dois estilos? Sim… este foi o exemplo de Ayrton Senna, que alcançava grande eficiência na pista molhada com pneus de pista seca. Então, a discussão não está no que é mais difícil e sim no perfil mais diversificado e eclético, que consegue fazer os dois estilos com eficiência?

Isso mesmo. A empresa normalmente não contrata CEOs em prateleiras: ela busca o profissional completo, raramente acha, mas usa-o como se fosse completo (mesmo não sendo) e aí perde dinheiro,  identidade e desconecta o sucesso de sua jornada. Para evitar o troca troca de executivos, ou a inércia assumida por não trocar, a combinação de perfis é o melhor caminho.

Sem rótulos

Se você hoje está construindo sua carreira e moldando uma trilha para sua trajetória, não se permita conviver com rótulos, ou seja, sou T ou M, seja os dois. Quebre os padrões e use o melhor de cada estilo e não permita que os trilhos tradicionais das gestões passadas ou ultrapassadas sejam seu molde. Torne-se um TM, ou seja, alguém capaz de alternar seu estilo, habilidoso o suficiente para se conectar com o todo e Virar o Jogo se for preciso numa ação Conjuntural ou levar uma missão de médio ou longo Prazo até o final com brilhantismo, sendo um Executivo com atuação estruturante.

O avanço para conquistar é muito forte, desafiador e até encantador aos olhos de quem esta vivendo. Manter realmente requer uma resiliência enorme, pois manter um time vencedor, que cresce e adiciona resultados crescentes pode ser muito desafiador. De fato, admiro ambos e entre conquistar e manter, seja FLEX, entregue o melhor dos dois.

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Não deixe nunca a conquista nunca de lado. Podemos transformar o Manter em uma sucessão de conquistas! A Zona de conforto da manutenção tradicional pode não ser boa, ela te convida para a inercia e isso pode ser para muitos, cansativo.

A proposta de combinar os dois estilos, criando o que chamamos de TM, pode ser um exercício prazeroso. É preciso conquistar sem ser odiado e manter sem ser inerte. Este  equilíbrio pode oferecer um prazer incrível.

Márcio Fernandes nova

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