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Patrícia Maldonado

Por VOCÊ S/A
Jornalista, trabalha com TV há 24 anos. Passou por Globo/SporTV, Record e Band. Ministra o curso "Perca o medo da câmera". @patriciamaldonado
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Converse com a câmera como você fala com a sua avó

Na hora de gravar, imagine uma pessoa bem querida lá do outro lado de assistindo – alguém que você não precisa impressionar.

Por Patrícia Maldonado, colunista da Você S/A
Atualizado em 19 out 2020, 16h44 - Publicado em 19 out 2020, 16h42
 (Divulgacão/Você S/A)
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Se você não grava vídeos porque não se sente confortável ao falar com um objeto inanimado ou porque não sabe que palavras ou tom de voz usar, posso te dar várias dicas. Mas a primeira, e mais importante, é: na hora de gravar não discurse.

Ao contrário: imagine que você está conversando com a sua avó (ou com outra pessoa que te ama). É isso mesmo. Ajuda muito imaginar uma pessoa bem querida lá do outro lado te assistindo – alguém que você não precisa impressionar. Pense numa pessoa só quer ouvir o que você tem a dizer, e não está preocupada com nada além disso. Garanto: você vai se sentir mais confortável, não vai querer buscar palavras difíceis nem impostar sua voz.

Aprendi isso quando trabalhei com o mestre do jornalismo Armando Nogueira [chefe do jornalismo da Globo por 25 anos, e criador do Jornal Nacional]. Na época, a gente apresentava um programa aos domingos no Sportv e eu queria parecer mais culta, mais séria, mais chique em frente às câmeras. Ele percebeu e mandou direto: “Sua avó não liga pra nada disso. Ela quer saber o que você tem pra contar. Converse com ela quando olhar pra câmera”. Batata! Desde então imagino sempre uma das minhas avós, já falecidas, nas minhas transmissões ao vivo ou na hora que tenho que gravar matérias. E, na mesma hora, fico mais a vontade, com foco total no que eu tenho a dizer! Se eu, por exemplo, errar? Errei. E bola pra frente!

Armando Nogueira percebeu e mandou direto: “Sua avó não liga pra nada disso. Ela quer saber o que você tem pra contar. Converse com ela quando olhar pra câmera”.

“Ah, mas eu não sou jornalista, isso não vai funcionar comigo”. Engano seu. Isso funciona com quem precisa se comunicar com a câmera. E hoje todo mundo – não importa a profissão – precisa desenvolver essa habilidade. Seja para engajar nas redes sociais, gravar um videocurrículo ou participar de uma videoconferência. Não interessa. O ponto é que não temos mais como evitar a câmera.

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Isso que eu acabei de falar não é novidade para quem estuda marketing digital, por exemplo. Os profissionais dessa área já avisavam que os vídeos seriam imprescindíveis para as redes sociais desde 2017, pelo menos. A questão é que surgiu um virus no planeta e a transformação foi muito além desse segmento. Pegou a sociedade como um todo. Professores, médicos, comerciantes, advogados. Todo mundo acordou um belo dia e se deparou com essa novidade: era hora de encarar a temida lente.

Ninguém teve tempo para pensar muito. Os alunos estavam esperando as aulas. Os pacientes queriam o diagnóstico dos exames. Os sapatos e roupas precisavam de divulgação para serem comprados. Os clientes queriam saber como estavam seus processos. Era hora de ligar a câmera e sair falando. Hora de gravar ou de entrar ao vivo, como sempre fizeram jornalistas e atores.

E foi aí que muita gente se deu conta de que estava diante de um desafio complexo. Porque falar por meio da câmera é fácil como dirigir um carro. Mas, assim como tirar a habilitação exige que você aprenda a acelerar e frear na hora certa, respeitar a sinalização e fazer a baliza para estacionar, aprender essa nova maneira de se comunicar também exige cuidados até que, um dia, você consiga pegar a estrada tranquilamente.

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Mas por onde começar? Essa é primeira pergunta que pessoas nunca tinham precisado apertar o REC na vida me fazem porque sabem que, por trabalhar há 24 anos em TV, posso ajudar. Nessas horas o que eu costumo dizer é: “Aprenda primeiro a conversar com a câmera, como quem conversa com a avó”.

Acho que essa é a melhor resposta pra quem está diante da nova ferramenta pensando que “não nasceu pra isso”. Eu mesma, no primeiro emprego numa pequena emissora de televisão fui demitida e, na hora de assinar os papéis da rescisão, ouvi do meu já ex-chefe que migrasse para outra área, porque eu não levava jeito pra tela. Só para encurtar a história: depois desse “veredito” eu não só “peguei o jeito” mas trabalhei em 3 das quatro maiores TVs do Brasil e cobri 3 Copas do Mundo de futebol, 4 Latin Grammys, 5 500 milhas de Indianápolis, 2 Miss Universo, 10 Band Folias, entre outras coisas importantes.

Ou seja: nada de desistir. Você pode ir longe. Basta querer. De minha parte, me proponho a ajudar aqui, todos os meses a partir de agora, com dicas para você pegar a chave, ligar o carro e acelerar o aprimoramento dos seus vídeos. O restante vem com o tempo – com as batidas que você vai levar na lataria quando estiver no trânsito. Elas fazem parte. Mas não se esqueça: sua avó está no banco do passageiro. Com ela do lado, manter a calma será bem mais fácil.

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(Divulgação/Você S/A)

 

 

 

 

 

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