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Sofia Esteves

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Fundadora e presidente do conselho da Cia de Talentos, Co-fundadora do Bettha.com e Presidente do Instituto Ser+

Task masking: a arte de fingir que está trabalhando

Não é só por preguiça. A própria cultura organizacional premia quem apenas parece produtivo quando não há uma boa métrica de resultados.

Por Sofia Esteves
4 Maio 2025, 08h00
Colegas de trabalho mexendo em papeis na sala de reunião
 (Edwin Tan/Getty Images)
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Tem algumas palavras no português que, dependendo do contexto, podem significar coisas diferentes: por exemplo, descascar uma manga e dobrar uma manga. No primeiro caso, estamos falando de uma fruta; no segundo, de uma peça de roupa.

Com a palavra “performance”, acontece o mesmo: no teatro, ela é uma atuação para entreter, emocionar e fazer refletir; já no ambiente corporativo, diz respeito à entrega de resultados, produtividade e eficiência. Em um contexto, você é uma personagem atuando para um público; no outro, não deveriam existir atores e atrizes, encenações, maquiagem nem nada semelhante.

Contudo, em algum grau, é isso o que tem acontecido. Estou me referindo a um termo no qual você, talvez, já tenha esbarrado na internet: task masking.

Trata-se de uma prática que vem se popularizando nas redes sociais – algo como “mascarar tarefas”, traduzindo ao pé da letra. O conceito ganhou força especialmente entre a geração mais nova e diz respeito ao ato de uma pessoa parecer ocupada no trabalho sem, de fato, ser produtiva.

Em vez de realizar atividades estratégicas, que geram impacto real, o indivíduo foca em tarefas pequenas, rotineiras e de pouco valor. O que importa não é fazer, mas parecer – no caso, parecer eficiente.

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Antes que alguém já venha apontar o dedo para “a juventude de hoje em dia”, vamos dar um passo para trás e nos perguntar como chegamos até aqui.

A máscara da produtividade conta pontos na empresa

Em tempos de cultura da performance exacerbada e da corrida por escalar o resultado dos negócios, não é difícil entender por que o task masking ganhou popularidade. Não é que o problema seja a produtividade em si ou que a busca pelo crescimento da empresa seja errada, a questão é que tais objetivos, por vezes, levam a uma competição baseada na aparência.

Estou falando sobre quando, além de perseguirmos as metas, sentimos que precisamos demonstrar constantemente que estamos com a agenda sempre ocupada, sem tempo para nada, como se essa fosse a melhor maneira de validar o nosso valor. E isso pode ter a ver também com a insegurança no mercado de trabalho.

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Será que, na sua empresa, as pessoas sentem que precisam “mostrar serviço” para não serem descartadas? Em ambientes em que as entregas são medidas por volume e presença – e não por impacto –, mascarar tarefas pode parecer a única forma de manter o emprego a salvo, mas esse certamente não é um caminho rumo a um clima organizacional saudável e a sustentabilidade do negócio.

Como evitar?

Para além do óbvio, o problema do task masking é que ele pode gerar um círculo vicioso. Times ficam sobrecarregados com trabalho irrelevante, líderes têm dificuldade para identificar quem está realmente gerando valor, e a cultura da empresa se torna superficial, focada em “estar ocupado” em vez de “ser efetivo”.

Por isso, para quem lidera uma equipe, a reflexão que fica é: no dia a dia, você está premiando a performance real ou apenas a aparência dela? Avaliar resultados concretos, eliminar reuniões desnecessárias e criar um ambiente seguro para discutir prioridades são passos fundamentais para combater o task masking.

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Agora, se você não está em uma posição de gestão, vale pensar se o que tem ocupado seu tempo é trabalho de verdade ou apenas maquiagem de produtividade. Não se engane, “mascarar tarefas” e viver de aparências não é prejudicial apenas para a empresa: também mina seu próprio desenvolvimento, sua motivação e sua satisfação profissional no longo prazo.

Performance com personagens, figurino e cenário é boa no palco. No mundo do trabalho, precisamos de entrega genuína, propósito claro e conexões autênticas.

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