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7 estratégias para melhorar o seu inglês

Você precisa viver o idioma, treinar todos os dias. A boa notícia é que dá para transformar isso em uma atividade prazerosa.

Por Alexandre Carvalho
Atualizado em 15 abr 2021, 16h44 - Publicado em 5 abr 2021, 08h00
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 (Mari Duarte/VOCÊ S/A)
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Texto: Alexandre Carvalho | Ilustração:  Mari Duarte | Design: Tiago Araujo

Hoe kom ik bij het museum? Esta é uma pergunta simples e que deveria ser bastante ouvida em Amsterdã, onde os turistas se deslumbram com as obras do Museu Van Gogh e do Rijksmuseum. Só que pouca gente pede essa orientação – “como faço para chegar ao museu?” – assim, em holandês, porque a língua dos Países Baixos, de umas tantas similaridades com o alemão, é difícil e pouco conhecida.

A salvação é que quase todo cidadão da Holanda domina o inglês – do motorista de táxi ao vendedor da barraquinha de cachorro-quente. Os comerciantes, inclusive, costumam perder a paciência com turistas que se enrolam num holandês precário, e logo pedem: could you speak English? Costuma ser um alívio para ambos os lados.

Não é por acaso, então, que a Holanda ocupe o topo do ranking de países com melhor fluência em inglês – excluindo aqueles que o têm como língua materna, claro – segundo um levantamento, de 2020, do EF English Proficiency Index, uma organização internacional de educação.
Praticamente 90% dos holandeses demonstraram conhecer bem o idioma. No Brasil, são 5% 1. Nosso país aparece num vergonhoso 53º lugar nesse ranking. O campeão de fluência entre os sul-americanos é a Argentina, no 25º.

A distância que separa o poliglota holandês do brasileiro monolíngue é de uma obviedade escandalosa: vá até uma farmácia ou mercadinho e tente fazer seus pedidos em inglês. Com sorte, talvez haja um único atendente capaz de quebrar o seu galho – mas o provável é que não tenha nenhum. Já na Holanda, a TV não costuma dublar filmes e programas americanos.

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(Mari Duarte/VOCÊ S/A)

O resultado é que as crianças têm contato intenso, desde cedo, com o idioma. Por trás dessa cultura de abraçar o inglês, existe, ainda, todo um contexto histórico. A Holanda tem uma tradição de país empreendedor: é o berço da primeira multinacional do planeta, a Companhia das Índias Orientais, do começo do século 17, e da primeira bolsa de valores. Já foi também a maior referência em comércio internacional. Só que pouca gente fala holandês mundo afora. Então, para o bem dos negócios, a fluência em outros idiomas foi assumida como imperativo estratégico.

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Aliás, um fato que as lideranças de nossas empresas não ignoram: saber se comunicar bem em inglês é visto como diferencial importante pelo RH das companhias brasileiras. Tanto que, na ansiedade por conseguir um bom emprego, muito candidato coloca “inglês fluente” no currículo sem ter sequer nível intermediário – e aí passa vergonha quando o recrutador sugere continuar a entrevista in English.

Mas o requisito de fluência pode ser um tiro no pé. “Os recrutadores começaram a colocar essa exigência de inglês fluente como condição excludente sem que fosse necessário para a vaga ou mesmo para o plano de carreira do candidato”, alerta Rose Souza, sócia e fundadora da Companhia de Idiomas, que oferece soluções voltadas ao desenvolvimento de carreira.

“Se a gente pensar que menos de 4% da população do Brasil tem inglês fluente, você está excluindo 96% das pessoas.” Então esse RH pode estar deixando passar profissionais com pensamento crítico, liderança, inteligência emocional, resiliência e as demais competências que serão mais valorizadas no pós-pandemia, de acordo com o Fórum Econômico Mundial. “A comunicação no trabalho é objetiva, então às vezes basta você saber fazer perguntas e respostas curtas e claras”, diz Alberto Costa, senior assessment manager da Cambridge English, que promove qualificações para alunos e professores de inglês.

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(Arte/VOCÊ S/A)

Ou seja, talvez hoje um nível intermediário dê conta de quase todas as situações. Mas e naquele futuro brilhante, de diretora ou diretor de multinacional, objetivo de tanta gente? Bom, a excelência na comunicação em inglês pode ser desenvolvida durante a trajetória do profissional na companhia. Ou pelo menos deveria ser assim.

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Mas é aí que temos mais um paradoxo da confusa mentalidade de algumas gestões. Segundo a pesquisa “Inglês no Trabalho”, conduzida pela Universidade de Cambridge em parceria com a QS Intelligence Unit, apesar de 62% dos empregadores brasileiros terem declarado que o inglês é importante, apenas 5% planejam investir na melhoria das habilidades do idioma entre suas lideranças.

O recado está claro: as empresas querem atrair profissionais capazes de se comunicar bem em inglês, mas quase nenhuma está disposta em investir na sua capacitação. Então, se o seu projeto pessoal de carreira passa por frequentar o topo da pirâmide de grandes companhias, você precisa acelerar o seu domínio da língua – e provavelmente por conta própria.

A boa notícia é que não faltam opções – desde as aulinhas tradicionais às alternativas mais lúdicas da aprendizagem informal. E é possível dar um gás na sua evolução, focando em questões como frequência de estudo, autoconhecimento (para identificar como você, dentro das suas características, aprende melhor), gestão do tempo e sobre acolher a própria imperfeição. É o que vamos ver nas dicas a seguir. Let´s go.

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(Mari Duarte/VOCÊ S/A)

1- NÃO É COM 2 AULAS POR SEMANA QUE VOCÊ VAI DESLANCHAR NO INGLÊS. ESTUDE TODO DIA

O que funciona para quem quer aprender guitarra também dá certo com o inglês: a prática leva à perfeição. Para ficar bom de verdade, o ideal é estudar/praticar/interagir com a língua todos os dias. A maioria das pessoas precisa de 1.200 horas de estudo para chegar ao topo do domínio do idioma, de acordo com o Cambridge Assessment English, responsável pela aplicação de testes de proficiência.

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Isso quer dizer que, ainda que você estude uma hora por dia, todos os dias, vai demorar mais de três anos – dependendo da sua velocidade de aprendizagem. Então é fundamental não espaçar esse contato com o inglês. Além disso, a regularidade é um antídoto para o esquecimento. Segundo o psicólogo alemão Hermann Ebbinghaus (1850 – 1909), pioneiro em estudos experimentais da memória, sofremos uma “curva do esquecimento”.

Em 20 minutos, esquecemos 42% das informações de uma aula (ou de um livro, de um filme… você só retém as passagens mais importantes ou marcantes). Em 30 dias, essa porcentagem já é de 80%. Assim, se você só tiver contato com o inglês uma ou duas vezes por semana, na aula, vai ser complicado fixar pronúncias, grafias, estruturas de formação de frases… Nosso cérebro precisa de estímulo constante para guardar novas informações na memória de longo prazo. Quanto mais frequente for o seu retorno às palavras e expressões que aprendeu, melhor será o seu registro delas – e a sua evolução. Keep your strength up.

2- OTIMIZE SEU TEMPO – E ENCAIXE O INGLÊS NA SUA ROTINA

A pesquisa de proficiência do British Council apontou que, para 72% dos entrevistados, a falta de tempo é o principal obstáculo para aprender inglês. Mas tem jeito. E a solução pode estar mais na sua cara do que você imagina – mais precisamente no seu smartphone.

“A ideia é alternar dias de plena atenção, em que você para uma ou duas horas unicamente para estudar, com outros de aprendizagem mais informal, explorando com criatividade as circunstâncias da sua rotina”, recomenda Rose Souza. “Vale ouvir um podcast em inglês enquanto faz esteira ou combinar com o professor 40 minutos de conversação por celular, durante o trajeto de casa para o trabalho.”

Rose também explica que falta de tempo não pode ser desculpa. Se você não tiver uma hora no seu dia para estudar, use os 20, 30 minutos disponíveis. “Espaços curtos de tempo com intensidade, foco no aprender, funcionam.” E tenha em mente: lost time is never found again.

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3- SEM TESÃO NÃO TEM SOLUÇÃO (CALMA, TEM TAMBÉM)

Para ter regularidade na aprendizagem, é importante sentir prazer na coisa – não encarar como obrigação. Ou tudo vira desculpa para não praticar (quem faz academia sabe bem do que estamos falando). Se o estudo não tem sido uma atividade prazerosa, busque entender se o modelo de aula não é o que mais te atrai, se a escola ou o professor não te agradam, se o ritmo do seu avanço está sendo frustrante.

Fora do estudo formal, o céu é o limite para combinar gostos pessoais com a prática do idioma. As opções vão de acordo com seu nível de proficiência. Você gosta de cozinhar? Que tal seguir as redes sociais de um chef americano? Tanto nos textos quanto nos vídeos, você vai se deparar com um universo que te interessa e diverte, vai ver o profissional cozinhando e explicando em inglês o que está acontecendo ali – o contexto todo vai facilitar a sua compreensão.

E você provavelmente vai encontrar alguns termos que já são usados na nossa gastronomia, e vão soar familiares – noodle, waffle, barbecue… De quebra, vai descobrir que o lemon dos americanos é, na verdade, o limão siciliano. O nosso limão da caipirinha, o taiti, eles chamam de lime.
Ah, então você trabalha com marketing e adora ouvir novas ideias criativas para fisgar o consumidor? Junte-se, então, a uma sala gringa no Clubhouse. Dá para ficar só de ouvinte e treinar o seu listening. “Ajuda muito quando o conteúdo é relevante de verdade para o aluno”, explica Rose Souza. “É muito engajador.”

Talvez, no entanto, a ideia de prazer nessas atividades não se aplique a você. Há pessoas que têm um verdadeiro bloqueio com outros idiomas, e a dificuldade faz com que o estudo seja encarado como o preguiçoso enxerga a academia: uma obrigação chata. Se é o seu caso, pode fazer careta, mas precisa engolir o remédio amargo. Quem não tem facilidade e avança num ritmo mais lento deve dobrar a meta. Se a intenção era estudar 30 minutos por dia, estude 60. Uma hora o carro pega no tranco. E você pode até gostar do passeio. Hit the road!

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4- FAÇA UM PROJETO (PERSONALIZADO) DE APRENDIZAGEM

Seja para ter prazer nesse mergulho no idioma, seja para que os estudos deem o resultado que você espera, vale a pena montar um projeto de aprendizagem – que tem muito de exercício de autoconhecimento. O objetivo é refletir sobre como você prefere aprender, e a partir dessa consciência buscar os caminhos que têm mais a sua cara. Quando você vai viajar, seu planejamento se baseia nas suas preferências: se vai de carro ou avião, se quer se hospedar em hotel ou gosta da privacidade de uma casa reservada via Airbnb… Para aprender um idioma, também deve ser assim.

Antes de topar a primeira indicação de um colega, faça estas reflexões: Você aprende melhor em grupo ou em aula particular? Sua concentração na aula fica melhor de manhã ou à noite? Prefere livro ou plataformas digitais? Gostaria de uma opção de estudo que incluísse gamificação, quiz pelo celular, ou você é do tipo que odeia jogos? Com essas respostas em mente, você tem todas as ferramentas para montar seu projeto, que pode ser este: plataforma na internet, porque “preciso de flexibilidade de horário”. E que inclua gamificação, porque “tenho um perfil mais competitivo do que colaborativo”. Ou o contrário disso, separando horas para aulas formais. “Você deve criar um mapa de como será o seu processo de aprendizagem”, diz Rose, da Companhia de Idiomas. “Há todo um trajeto particular, que funciona mais para você, para atingir seus objetivos.” Listen to your heart.

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(Mari Duarte/VOCÊ S/A)

5- FILMES EM INGLÊS, MÚSICA… AJUDAM, MAS DEPENDE

É uma dica clássica: veja filmes e séries em inglês – dependendo da sua intimidade com a língua, tente ver com as legendas em inglês ou até sem legenda. Outra dica é procurar as letras das músicas que você gosta em inglês e conferir a tradução. Ou tentar ler artigos, revistas, jornais e livros em inglês. Tudo isso ajuda bastante. Porém…

Ajudará muito mais se você fizer essas coisas com a intenção de aprender, e não apenas como um passatempo que pode ser instrutivo em algum grau. Quando assistir a um filme, deixe um bloquinho e caneta ao lado para anotar as palavras que você descobriu. “Nas leituras, é importante ter um dicionário aberto para ajudar nas passagens mais difíceis”, explica Alberto Costa, da Cambridge English. “O Google dá uma definição que pode servir a contextos aleatórios, enquanto o dicionário deixa a busca mais selecionada e específica.”

Já na música, tenha foco e preste atenção na pronúncia dos cantores. Uma dica é procurar canções em que o vocal se destaca, é pausado e bem pronunciado. Frank Sinatra pode não ser sua praia musical, mas é ótimo para esse tipo de exercício.

E vale lembrar: tudo isso é complemento. É bom porque te mantém em contato com o inglês, pode aumentar seu vocabulário, mas não é o que vai te fazer avançar no domínio do idioma. Por exemplo, em nenhuma dessas opções você pratica a fala. Isso só acontece em aula. Ou em situações reais – take a look at our next tip.

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6- VIAGEM PARA FORA: TIMING CERTO PARA INVESTIR CERTO

Esta segue a mesma linha da dica anterior: pode ser ótimo, mas também tem um porém. Primeiro, a parte boa: você é obrigado a se comunicar. E tem inúmeras chances de ouvir, na pronúncia correta, como se pede a conta no restaurante, como as pessoas dão orientações sobre caminhos, quais os palavrões em voga.

E agora o porém. Se a sua temporada na gringa tem prioritariamente a intenção de desenvolver seu inglês, vale a pena refletir se é o melhor momento. Caso você ainda esteja no nível básico, passar dois meses nos Estados Unidos pode ser um desperdício de grana.

Por mais comunicativo que você seja, o provável é que não entenda quase nada do que te dizem. E, sem saber falar o mínimo, as conversas serão mais na base dos gestos. Convenhamos: não é o melhor método. “O ideal é que a pessoa já tenha um nível intermediário para a frente”, aponta Rose Souza. “Assim ela consegue conversar no bar, interagir no comércio… O contexto das situações vai preenchendo as lacunas do que ela ainda não conhecia, e ela começa a absorver e repetir a forma de falar dos locais. Aí sim é um bom investimento.”

Pois é. Nessas, seu inglês pode deixar de ser very good e ficar awesome – o que quer dizer rigorosamente a mesma coisa, com a diferença de que awesome soa bem mais natural para os ouvidos gringos. E, como brasileiro dá em árvore, cuidado para não interagir só com conterrâneos na viagem, e voltar sem mal ter trocado palavras com nativos. Awful.

7- NÃO ESCONDA O SEU INGLÊS – E ACEITE A IMPERFEIÇÃO

Você chegou à direção da empresa. Talvez seja um líder nato, inspirador, admirado… Só que na hora de falar inglês não passa do how do you do. Muitas lideranças fogem de situações que envolvem se comunicar em outra língua para não expor uma vulnerabilidade. Até conseguem se expressar bem na hora da aula, mas travam numa reunião em inglês – por não aceitarem a própria imperfeição.

Então perca a vergonha e dê as caras. Desde que não tente ser mais do que você é. Se tentar falar rápido como um nativo, provavelmente vai tropeçar em alguma palavra. Então vá pausadamente. Funciona em português, funciona em inglês. É só uma questão de aceitar o seu nível atual, e seguir evoluindo com calma.

Também tenha o hábito de trocar mensagens pelo Whats e escrever e-mails em inglês. “Copie textos que você recebe de fora do país e use-os como modelo para os seus”, indica Alberto Costa. “A comunicação escrita para o trabalho é, em grande parte, baseada em certas fórmulas.” Só não se arrisque quando a situação envolver alguma negociação ou tomada de decisão – ocasiões sem espaço para mal-entendidos.

E vale mentalizar uma coisa: a maioria das pessoas não tem o inglês perfeito que você está exigindo de si próprio. Se você chegou até o fim deste texto, é porque está interessado em se aprimorar. E isso já te coloca na frente de um monte de gente – cujo inglês pode ter estacionado no ensino médio. Express yourself.

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