Mudanças no comportamento ajudam a passar da dívida para o investimento
"Gastar menos" é uma solução óbvia para quem quer se livrar das dívidas, mas o desafio vai além disso. Veja 10 dicas de especialistas em finanças pessoais
SÃO PAULO — O final de ano é uma hora feliz, de celebração, mas que pode significar aumento das dívidas para os compradores impulsivos e muita dor de cabeça no ano que vem. Ter controle sobre o próprio dinheiro funciona como dieta e controle da saúde: exige mudanças de comportamento. Conversamos com especialistas em planejamento financeiro e finanças pessoais para saber quais as melhores práticas comportamentais e mudanças de atitude que as pessoas que querem passar da dívida para o investimento devem seguir e quem vão além do “gastar menos”. Se não for possível começar o próximo ano no azul, ao menos pense em terminá-lo dessa forma. Já pensou em não ter de usar o 13º salário para quitar dívidas? Veja as recomendações a seguir:
1.Não gaste mais do que ganha
A dica parece óbvia, mas tem muita gente que não a segue, principalmente por superestimar os ganhos e subestimar os gastos. Sua renda é o seu salário menos os descontos (vale-transporte, plano de saúde, INSS, Imposto de Renda, dentre outros)
2.Cuidado com as despesas fixas
É preciso ter atenção com os pequenos gastos, que muitas vezes acabam passando despercebidos no orçamento, mas as despesas fixas são as que têm um peso maior. Especialistas recomendam que o valor delas não seja maior do que o equivalente a 50% da renda.
3.Evite compras por impulso
É preciso ter atenção e força de vontade em relação a promoções e ofertas que parecem imperdíveis. Pondere se o gasto realmente vale à pena e é realmente necessária no momento. A resposta provavelmente será não.
4.Congele ferramentas de crédito
Muita gente não tem noção do que é taxa de juros e em vez de ver o valor total de uma dívida de cartão de crédito, olha apenas o valor as parcelas mínimas. Não use o cheque especial como complemento do salário. Ambas as atitudes são erradas, pois podem fazer com que a dívida aumente de maneira bizarra em pouco tempo. Cartões de crédito, cheque especial, cartão de lojas e outras ferramentas de crédito fácil devem ser prioritariamente esquecidas de sua vida; evite mesmo em caso de emergência, pois, caso não consiga pagar esses valores, os juros serão exorbitantes, criando um caminho de difícil volta.
5.Faça uma faxina financeira
Pergunte-se o que realmente é prioridade para a sua vida? Pense muito bem nessa questão, pois chegou a hora de cortar muitos gastos que não agregam à vida. Gastos que devem ser repensados são TV a cabo, celulares e smartphones, baladas e ida a restaurantes, água e energia e outros pequenos gastos. Priorize o que é realmente é fundamental nesse período.
Leia mais:
+ Onde NÃO investir: fuja desses seis micos financeiros
+ Faça um teste e descubra sua personalidade financeira
6.Adapte o padrão de vida
Se o valor das despesas fixas passam sempre dessa recomendação, é preciso reavaliar os gastos e se readequar ao padrão de vida. Um gasto que costuma ser alto é a alimentação fora de casa. Levar comida de cada para o trabalho pode gerar uma economia significativa. Mas isso não significa nunca mais comer fora de casa, mas em vez de comer todo dia, comer menos vezes na semana.
7.Seja paciente e persistente
Acredita-se que três meses seguindo os passos do quadro da pág. XX e mantendo o controle dos gastos, será possível ter noção de como se gasta o dinheiro e até começar a juntar parte da renda para investir. Claro que esse tempo pode variar de acordo com a dimensão da dívida de cada um.
8.Proteja-se
A primeira coisa a se fazer com o dinheiro que começa a sobrar é criar uma reserva para possíveis emergências com um acidente ou uma demissão. Segundo o Serasa, 48,2% dos brasileiros que procuraram a empresa admitiram terem ficado com o nome sujo após perderem seus empregos. O valor economizado deve ser suficiente para se manter por no mínimo 6 meses. Para isso, deve-se buscar investimentos de baixo risco e alta liquidez, como poupança, tesouro direto,fundos DI, CDB e renda fixa. Em seguida, crie um plano de aposentadoria, investindo num plano de previdência, por exemplo, ou em um título do tesouro direto de longo prazo e até imóveis.
9.Não confunda ter dinheiro com ostentação
Muitos associam riqueza a gastos excessivos. Rica é a pessoa que tem muito dinheiro e não a que gasta muito. Procure consumir de maneira coerente com o seu padrão de renda para não gastar em excesso e conseguir acumular renda. Quando o consumo é feito de forma pensada, com o que faz sentido para o seu perfil e que traga retorno, é possível fazer o dinheiro render mais.
10.Tenha bom senso
Existem diversas tendências para garantir uma vida financeira saudável, mas é importante fazer uma reflexão e buscar auto-conhecimento para encontrar o caminho, estratégia e investimentos que façam mais sentido para você.
Fontes: Fabio Sousa, sócio-diretor da FTN Consultoria e autor do livro “Como Passar de Devedor Para Investidor – Um Guia de Finanças Pessoais”, Cengage Learning, 28,90 reais), Thiago Alvarez, CEO do GuiaBolso, planejador financeiro Valter Police Jr.
>>Esta matéria é um complemento da edição 210 da Você S/A, publicada em dezembro de 2015. Leia também a edição especial da Você S/A “Organize Suas Contas”, já nas bancas