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Conheça a Wash Me, startup de lavagem automotiva ecológica

O negócio tem pegada ESG: com a técnica de lavagem a seco, a empresa gasta 99% menos água. Mas a verdadeira inovação está na governança: todos os funcionários de seus parceiros devem trabalhar em regime CLT – raridade no ramo.

Por Camila Barros | Design: Cristielle Luise | Fotos: Celso Doni e Divulgação
7 jun 2023, 06h19
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 (Celso Doni/Você S/A)
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ma lavagem de carro tradicional, dessas com sabão e mangueira, gasta em média 250 litros de água. É mais de duas vezes os 110 litros sugeridos pela ONU para atender às necessidades de consumo e higiene de uma pessoa durante um dia inteiro. 

Mas existe uma alternativa ecológica: a lavagem a seco, técnica que utiliza panos de microfibra e uma solução misturada em apenas 500 ml de água. 

O processo é simples. Primeiro, borrifa-se o produto no exterior do carro. Os químicos dessa mistura realizam duas tarefas ao mesmo tempo: descolam a sujeira da lataria do veículo e diminuem o atrito, a fim de não riscar o metal. Aí é só passar o primeiro pano para remover a sujeira. O segundo vem para dar brilho – já que a solução também contém cera. 

Esse é o método usado pela Wash Me, uma startup de lavagem automotiva que atende as principais locadoras de carro do país. Ela afirma que, com a técnica de lavagem a seco, já economizou 98 milhões de litros de água em 3 anos. 

A startup também funciona como uma intermediária entre outros serviços de lavagem e os clientes. Tipo: uma empresa contrata a Wash Me, que contata lava-rápidos ou estéticas automotivas (uma versão mais premium da coisa) para prestar o serviço in loco. 

Apesar de a veia ecológica ser o chamariz da companhia, a lavagem a seco não é novidade no mercado. Quando o tópico é ESG, a inovação de verdade está na governança: para trabalhar com a Wash Me, os estabelecimentos parceiros precisam estar devidamente registrados, comprovar que os impostos estão em dia e contratar todos os funcionários em regime CLT – raridade no mundo irregular dos lava-rápidos.

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(Washme/Divulgação)

Mercado descentralizado

O primeiro rascunho da companhia surgiu quando João Salvatori, cofundador e CEO, cursava uma disciplina de empreendedorismo na faculdade. Ali, o trabalho final era desenhar o modelo de negócios de uma empresa do zero. 

Ele passou por duas ideias, também ligadas às pautas ESG, antes de chegar ao conceito da Wash Me. A primeira era uma fabricante de tijolo ecológico, produzido a partir de lodo; a segunda, um sistema de logística reversa de frutas, que reaproveitava alimentos esteticamente imperfeitos nos supermercados. As duas propostas, no entanto, exigiam um investimento inicial maior do que cabia no bolso de João naquele momento, coisa de R$ 40 mil. 

Já a Wash Me custaria R$ 10 mil para sair do papel  – valor dividido meio a meio com ​​Marcelo Lopes, cofundador e atual CFO da empresa. E não demandava estrutura, já que as únicas ferramentas necessárias para o trabalho eram os paninhos e o borrifador. 

Além disso, o segmento de lava-rápidos parecia terreno fértil para o nascimento de uma startup, já que é descentralizado, sem grandes empresas dominando o mercado. “Uber, Airbnb, Ifood: todas nasceram nessa mesma lógica, em setores descentralizados, sem nenhum player grande e com um modelo de negócios que dava para ser escalável”, diz Salvatori.

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A proposta inicial era ser um lava-rápido ecológico a domicílio, atendendo clientes pessoa física.

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Virada B2B

Seis meses depois do lançamento, a marca já gerava receita suficiente para andar com as próprias pernas. 

Eram meados de 2020, e o início da pandemia teve um efeito curioso no negócio: o termo “higienização” passou a ser uma busca popular na internet. A companhia possuía uma presença virtual forte, e o boost do algoritmo fez com que o serviço aparecesse para mais pessoas. Ao mesmo tempo, o atendimento a domicílio agradou os confinados, e a concorrência com os lava-rápidos físicos diminuiu – já que as restrições da época impediam a abertura deles. 

Resultado: alta de clientes pessoa física, além da chegada do primeiro cliente institucional –  a Turbi, uma plataforma de aluguel de carros com uma frota de cerca de 1 mil veículos em São Paulo. 

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O sucesso da parceria entre empresas animou João e Rodrigo. “O cliente final [pessoa física] exige um investimento a mais, porque você tem de conquistá-lo e, depois, esperar para ver se vai se tornar recorrente”, diz João. Já a relação B2B oferece um contrato, que garante a prestação do mesmo serviço todo mês. Mais simples. 

Os sócios, então, decidiram focar no atendimento a empresas. 

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(Washme/Divulgação)

Consolidação do modelo de negócios

O segundo cliente institucional chegou pouco tempo depois. A Creditas Auto, uma plataforma de compra e venda de carros, contratou a Wash Me para lavar seu estoque de automóveis. A condição da Creditas foi a seguinte: todos os funcionários precisariam ser contratados da startup – ou seja, o serviço não poderia ser terceirizado. Rolou assim. Eles contrataram os próprios CLTs e compraram o próprio material.

Só que a ideia era crescer nacionalmente. Para tornar o negócio escalável, eles definiram o seguinte modelo: em São Paulo, priorizam os serviços da própria equipe, que hoje conta com 40 funcionários CLTs. E atendem tanto empresas quanto pessoas físicas. 

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Nos outros 16 estados em que atua, a companhia é uma intermediária entre lava-rápidos regionais e clientes institucionais – e não oferece o serviço para carros de família. 

Os estabelecimentos parceiros, então, vão até o cliente e realizam a lavagem dos veículos de sua frota. Durante a prestação do serviço, os funcionários utilizam o uniforme da Wash Me, e toda a comunicação da empresa contratante é feita com a startup. 

No fim do mês, o lava-rápido parceiro paga uma margem de 20% a 25% dos lucros para a Wash Me. É uma dinâmica de colaboração mútua, já que os clientes da companhia costumam dar um up na receita dos lava-rápidos locais. Segundo João, um de seus parceiros aumentou o faturamento de R$ 20 mil para R$ 180 mil desde o início da colaboração. 

Para garantir que todos os lava-rápidos estão regulares (tanto do ponto de vista tributário como trabalhista), a startup tem uma equipe para verificar os documentos. É preciso, por exemplo, que o estabelecimento tenha no mínimo 3 anos de CNPJ e, naturalmente, comprove que todos os funcionários sejam registrados com carteira assinada. 

Também levantam os laudos trabalhistas, como o LTCAT, documento que apresenta as condições de trabalho no local, e o PCMSO, que descreve os eventuais riscos de saúde e segurança aos quais os trabalhadores estão sujeitos em suas funções. 

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Já para checar se o parceiro paga seus impostos em dia, a Wash Me pede CNDs, os Certidões de Regularidade Fiscal – eles provam que um estabelecimento não possui nenhuma dívida com a Receita. 

Quando os lava-rápidos não têm esses documentos em mãos mas conseguem comprovar sua regularidade, a própria startup trata de emiti-los antes de iniciar a parceria.

Trabalhando nesse modelo, a companhia viveu um crescimento exponencial. Em 2020, ela afirma ter faturado R$ 180 mil. Já em 2021, R$ 1,8 milhão – um salto de 900% em um ano. Em 2022, ela diz que a alta foi de 455%, para R$ 10 milhões. 

A meta para 2023 é dobrar o faturamento, para R$ 20 milhões. Hoje, a companhia já é responsável pela lavagem das principais transportadoras e locadoras do país, como a Localiza, Movida, CCR, Sem Parar e as 11 empresas que transportam os produtos da Ambev. Uma vitória de lavada ;) 

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