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Este homem já visitou 29 países vendendo brigadeiros de um jeito inusitado

Caio Giachetti conquistou o mundo com sua ideia criativa e consegue ganhar 15 mil reais por mês trabalhando 4 dias por semana

Por Monique Lima
Atualizado em 2 fev 2020, 07h00 - Publicado em 2 fev 2020, 06h00
 (Carol Dias e Caio Giachetti/Divulgação)
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O primeiro trabalho realizado por Caio Giachetti, 37 anos,  já dava indicações do quanto ele gosta de uma aventura. Aos 19 anos, ele enfrentava 12 horas de viagem para ir de Araras, sua cidade natal no interior de São Paulo, até o Paraguai, comprar produtos para revender. “Eu trazia o que as pessoas pediam. Ia com a lista pronta, já sabia as lojas certas e enfrentava o desafio”, conta. 

Seus outros empregos tiveram o mesmo padrão de contato com as pessoas. Ele foi vendedor de roupas, bartender em cruzeiros marítimos e dono de loja. Nenhuma das opções lhe cativou, mas todas juntas serviram para ele aprender a lidar com o público. 

Quando em 2014, quis sair do país com a esposa, Carol Dias, o objetivo era que vivessem como viajantes, com primeira parada em Londres, mas ainda não tinham planos do que fariam para se sustentar. Por quase 6 meses, Caio trabalhou como lavador de pratos em um restaurante chinês, e a Carol como vendedora de hambúrguer em frente ao estádio do Chelsea. 

Até o dia em que, por telefonema, ele soube do falecimento do pai no Brasil. Depois disso, sua perspectiva de vida mudou. “Faltavam dois meses para meu pai se aposentar e ele não pode viver a vida porque só trabalhava”, diz. Encarar uma jornada de trabalho de 12 horas por dia, receber pouco, num país estrangeiro, não era o que Caio desejava para si. 

Ele saiu do restaurante e por um tempo optou por funções em que a carga horária era menor. Frete, manutenções e vendas de produtos diversos. Até que, num estalo de criatividade, pensando nos produtos que poderia vender, surgiu a ideia do brigadeiro.  

20 gramas de felicidade

Como estratégia, num primeiro momento ele oferecia amostra grátis do doce junto com outro produto para entender a aceitação do público. “Eu percebi que dava certo, mas ainda precisava de um diferencial para me destacar”. Já viajando vendendo brigadeiros, em Portugal, ele encontrou uma caixa de ferramentas que o encantou. A partir daquele momento, saiu para a rua vestido a caráter como operador de manutenção e com os brigadeiros na caixa de ferramentas.

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“Eu entro nas lojas e digo: ‘Meu nome é Caio e eu vim aqui para consertar o seu dia. Eu sou da oficina do brigadeiro e essa bolinha de chocolate contém 20 gramas de felicidade. Quantas dela você precisa hoje?” Com esse elemento surpresa ele encanta as pessoas e a aceitação dos seus produtos é maior. Ele conta que as pessoas riem, tiram fotos, ficam curiosas. “Para empreender viajando é preciso ser criativo, a gente não tem margem de erro, o pouco tempo de permanência não permite falhar”. 

A escolha do brigadeiro foi assertiva em vários sentidos para o nômade empreendedor. Leite condensado, manteiga e cacau podem ser encontrados em qualquer lugar do mundo por um preço acessível, além da facilidade do preparo. “Também é um argumento de venda”, diz Caio sobre o encantamento dos gringos ao conhecer o doce tradicionalmente brasileiro. 

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Empreendedorismo nômade

A margem do lucro de Caio é um case de sucesso. Com uma carga horária de três horas por dia, são vendidos, em média, 200 brigadeiros, que rendem cerca de 3 200 euros por mês. Trazendo para o câmbio brasileiro, é uma renda de 15 mil reais mensais, aproximadamente. “Com a ideia da caixa de ferramentas, eu tenho mais eficiência no meu trabalho e sobra um tempo para eu conhecer os lugares e aproveitar a viagem”. Para ele, é fundamental o equilíbrio na distribuição do tempo. 

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Dessa forma, Caio e Carol já conheceram 29 países em cinco anos de viagens. Inglaterra, País de Gales, Irlanda, Holanda, Bélgica, Alemanha, República Checa, Estônia, Polônia, Áustria, Hungria, Croácia, Itália, Eslovênia, França, Espanha, Portugal, Malta, Gibraltar, Tunísia, Panamá, Estados Unidos, Argentina, Paraguai, Chile, Peru, Bolívia, Colômbia. 

A próxima turnê do casal será pela África, com primeira parada em Johanesburgo, África do Sul, seguindo até o Egito. Eles estão com projetos junto com outros empreendedores nômades, para difundir ideias criativas dentro de comunidades locais. “Todo mundo fala de nomadismo digital, mas eu, como bom analógico que sou, vou difundir o empreendedorismo nômade, que pode ser acessível para todo mundo”. 

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(Carol Dias e Caio Giachetti/Divulgação)

Como ser um empreendedor nômade 

Participante de uma comunidade de empreendedores nômades, depois da iniciativa de vendas de brigadeiros pelo mundo, Caio Giachetti, dá dicas do que fazer para se preparar e viver viajando como empreendedor. 

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Como saber que o empreendedorismo nômade é para mim? 

A pessoa tem que começar a ter experiências novas dentro da própria rotina, para conhecer mais do mundo mesmo. E são coisas simples, como andar pelo bairro e falar com estranhos. Desocupar a mente dos hábitos para se permitir conhecer uma novidade. A criatividade é fundamental para empreender dentro e fora do país. Está todo mundo fazendo alguma coisa hoje e você tem que se destacar 

Depois que eu sei, qual o primeiro passo? 

Assim, não vai sair correndo, querer viajar porque já teve uma ideia. Trabalha essa ideia, testa ela por aqui mesmo e vê se dá certo. O principal é que as pessoas acham que vão viajar e já ganhar muito dinheiro, mas não é assim. Faça testes. Muitas vezes dá errado e é normal, deu errado para mim também. Outra dica é conversar com pessoas que já fazem isso, trocar informações. É um aprendizado constante. 

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Tem países que são melhores ou piores para empreender

Na Europa por exemplo, o acesso é muito fácil. Se você está em um país e não consegue vender bem, pode pegar o trem e ir para outro. O que eu indico é fazer um planejamento antecipado e também um work exchange (troca colaborativa), em que você troca um serviço por moradia e alimentação. A Carol e eu vivemos assim há um tempo e já facilita a preocupação do aluguel. Isso alivia o peso de certas contas que diminuem a obrigação de vendas de sucesso sempre. É muito bom, principalmente no começo. 

 

Quer mais dicas de empreendedorismo? Veja estas três histórias 

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