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Para este empreendedor fazer o que gosta é a chave do sucesso

Fundador e CEO da escola de idiomas Instituto Mindset, Raphael Ruiz acredita que uma equipe apaixonada é o que faz uma empresa ter resultado

Por Juliana Américo, da VOCÊ S/A
Atualizado em 17 dez 2019, 15h09 - Publicado em 1 set 2019, 00h00
Raphael Ruiz, fundador e CEO da escola de idiomas Instituto Mindset (Omar Paixão/VOCÊ S/A)
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Para muitos, o lema “Ame o que você faz, faça o que você ama” não passa de uma forma de tentar engajar os funcionários. Mas para Raphael Ruiz, fundador e CEO da escola de idiomas Instituto Mindset, fazer o que gosta foi a chave do sucesso.

Em 2011, o professor de inglês, hoje com 36 anos, criou uma metodologia de ensino personalizado de idiomas focado nos que querem avançar na carreira. Oito anos depois, já são 16 unidades da Mindset em São Paulo, Minas Gerais e Paraná, que atendem quase 7 000 alunos — em 2018, a empresa cresceu cerca de 200% e no início deste ano recebeu um investimento de 9 milhões de reais.

Além disso, Raphael é fundador da franquia de escolas de inglês Beils, tem instituições de ensino de idiomas em outros cinco países e conta com uma unidade de tecnologia em Israel responsável pela produção do material didático que é distribuído em 32 países.

Você trabalha no setor de idiomas desde adolescente. Como foram o desenvolvimento de sua carreira e a criação do Instituto Mindset?

Eu comecei a dar aulas de inglês aos 17 anos, logo depois que voltei de um intercâmbio de dois anos na Califórnia, nos Estados Unidos. Minha irmã também era professora de inglês, então eu acabei indo dar aulas em empresas. Também lecionava em um quartinho no fundo da casa de minha mãe.

Em 2004, fui para Londres fazer uma especialização de um ano e meio para ter certificação como professor de inglês e fiquei uma temporada de seis meses lecionando na Espanha.

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Quando voltei para o Brasil, ainda passei alguns anos em sala de aula, até que veio a ideia de criar uma estrutura de ensino personalizada com foco na carreira. Em 2011, eu fundei o Instituto Mindset.

O setor de idiomas é, muitas vezes, visto como saturado no Brasil. Como enxerga esse mercado?

Apostamos muito no mercado de idiomas por causa da demanda, mas procuramos fazer algo diferente. Na verdade, o que costumamos encontrar no segmento é sempre mais do mesmo: aulas duas vezes por semana, turmas com um nú­mero mínimo de alunos, ou seja, todos seguindo o mesmo padrão.

Para nos diferenciar, preparamos uma metodologia e um material tecnológico voltados para personalização das aulas e flexibilidade de horários, traçando junto com o aluno um plano de estudo.

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O ensino vem se transformando com o avanço da tecnologia. Como estão lidando com isso?

A tecnologia é um pilar importante para o crescimento de qualquer empresa. No nosso caso, contamos com uma equipe em Israel que prepara todo o material didático interativo e a plataforma na qual o aluno consegue acompanhar todo o progresso que faz.

Por outro lado, eu sinto que na América do Sul em geral, mas no Brasil principalmente, o aluno precisa dessa parte digital e também do acompanhamento de um professor para ter maior aderência ao curso. O fator humano ainda é bem decisivo no aprendizado de idiomas.

Uma pesquisa recente da British Council revela que apenas 5% dos brasileiros sabem falar inglês e 1% é fluente. Você sente isso na prática?

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Com certeza. Mesmo nas multinacionais a gente percebe que o percentual de fluência é bem baixo. Os profissionais têm dificuldade na hora de participar de entrevistas, reuniões, conferências, e o inglês acaba sendo um critério de desclassificação para muita gente.

Até aqui na Mindset nós sofremos um pouco, porque temos cargos que demandam comunicação com o mundo inteiro, e ter essa proficiência é importante. Às vezes, ficamos com vagas abertas por meses por causa da falta do idioma.

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A Mindset é voltada para adultos, já a Beils tem outro propósito, de trabalhar com a geração Z. O que muda no ensino para esses jovens?

Na questão metodológica, não muda muita coisa porque já passa a ser igual a partir dos 16 anos. Para crianças, o ensino é feito de outra forma, mas depois de certa idade a estrutura acaba sendo a mesma para adolescentes e adultos.

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O que eu acho é que essa geração já vem mais preparada. Por causa dos avanços de recursos tecnológicos, filmes e jogos, os jovens têm uma familiaridade maior com o idioma.

Além disso, eles são menos inibidos, mais plugados e passam mais tempo nos aplicativos de estudos. Por isso acabam evoluindo rapidamente no aprendizado. Os alunos com mais de 30 anos são mais acanhados na hora de falar inglês e ainda enfrentam o problema de horário das aulas.

Antes de criar sua empresa, você trabalhava como professor de inglês. Como foi sair da sala de aula para liderar uma empresa?

Não foi e não é fácil, mas acabou acontecendo naturalmente. O próprio idioma me levou para o em­preendedorismo. Eu procuro liderar pelo exemplo, acredito muito na educação, e isso é contagioso.

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A gente conseguiu montar uma equipe que compartilha sonhos e objetivos. Isso é importante, principalmente quando se está começando. Você precisa ter, a seu lado, pessoas que acreditam em seu sonho.

Além da Mindset e da Beils, você tem escolas de idiomas em outros cinco países e editoras para distribuição de material didático em 32 países. Como é liderar tantas operações ao redor do mundo ao mesmo tempo?

Não é tão complicado, porque nós somos um grupo que cresce de acordo com o potencial. Por exemplo, no México temos um responsável que vai tocar as operações da Beils lá. Antes de escolher um candidato, fomos atrás de profissionais que estivessem alinhados com o objetivo da empresa.

Independentemente da tecnologia e do investimento, no final são as pessoas que fazem a diferença. Para manter a identidade, a gente usa a mesma metodologia, o mesmo material e interage muito no dia a dia.

O principal é encontrar pessoas com potencial e que se adaptem bem à cultura da companhia. Saber fazer o trabalho é o último quesito, porque isso a gente ensina.

Qual é seu conselho para quem quer empreender, principalmente no setor de educação?

A área de educação ainda é muito carente no Brasil, não só na parte de idiomas mas de um modo geral. Eu acho que quem quer investir nisso tem de arriscar e se juntar a pessoas que sejam apaixonadas por ensino. Porque a educação é a única forma de termos um futuro melhor. Por isso, é necessário entrar de cabeça, corpo e alma. Quando você se esforça e se entrega a um projeto, o resultado é sempre bom.

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