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Em crise de ansiedade, Ibov espera próximo capítulo da novela Renda Cidadã

Siderúrgicas seguram a bronca em mais um dia de montanha russa que fechou no zero a zero. Agonia do IRB segue pesada.

Por Juliana Américo, Alexandre Versignassi
Atualizado em 16 out 2020, 16h28 - Publicado em 7 out 2020, 19h28
An old TV with a monochrome kinescope on wooden table. 3d (Lais Zanocco/ Grassetto/Getty Images)
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Brasileiro gosta de novela. E daquelas bem longas e cheias de reviravolta, estilo Walcyr Carrasco. Mas, o mercado não é tão noveleiro assim e, definitivamente, não reage bem a emoções fortes. 

Depois de longas semanas de impasses no governo, tudo indica que a definição do Renda Cidadã vai ficar mesmo para a próxima temporada. Ou seja, para depois das eleições municipais. 

De um lado, o senador Márcio Bittar (MDB-AC), relator da PEC emergencial, afirma que “se Deus quiser” o plano de financiamento do programa vai ser entregue na semana que vem. Do outro, Bolsonaro quer que esse assunto volte à tona só em dezembro. O motivo: o presidente tem receio de que a baderna temas polêmicos atrapalhem aliados que estão disputando as eleições. Segundo a Guide Investimentos e a Rio Bravo, esse é um sinal de que vem medidas impopulares por aí.

Mas esse desenrolar da história não deixou o presidente do Banco Central, Campos Neto, feliz. O economista afirmou hoje, em uma entrevista para a rádio Jovem Pan, que a situação fiscal brasileira é grave e que o país precisa demonstrar disciplina em relação ao teto de gastos se quiser manter os investidores internacionais. 

Além disso, rumores na imprensa indicavam que o governo estudava prorrogar o auxílio emergencial até março ou junho de 2021 – o que exigiria mais dinheiro dos cofres públicos para manter o benefício. Mas, Paulo Guedes foi rápido em negar a informação e ganhou até o apoio de Rodrigo Maia. 

A repercussão disso tudo deixou o cenário volátil. Com a insegurança do mercado, o Ibovespa operou entre altas e baixas ao longo do dia; e no final tudo voltou à estaca zero. A variação foi de -0,09% a 95.526 pontos. 

Se o dia foi ruim para a bolsa, pior para a resseguradora IRB Brasil. Esse é o segundo dia seguido de perdas expressivas – ontem as ações caíram 17,11% e hoje a queda foi de 10,32%. O motivo continua sendo o mesmo: a resseguradora estava em fase de reabilitação após uma série de denúncias sobre fraude nos seus balanços, mas a UBS rebaixou a avaliação da empresa. E os investidores estão saindo de debandada. A ação fechou hoje perto de sua baixa histórica (R$ 6,44), e a UBS aposta numa queda de mais 28%. Seu preço-alvo para o IRB agora é de míseros R$ 4,60. 

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Mas para algumas o dia foi positivo. É o caso das empresas siderúrgicas e de mineração. A sensação de tempos melhores na economia global fez disparar a venda de aço e minério de ferro e afetou positivamente as companhias brasileiras. O destaque ficou para a Gerdau (3,23%),seguida pela Gerdau Metalúrgica (3,19%), CSN (2,66%), Vale (2,64%) e Usiminas (2,62%).

No mundo das small caps (o das mais de 400 empresas de menor porte que não fazem parte da lista do Ibovespa, mas que também estão na B3), destaque para uma “ressurreição”: alta de 225% para a velha MMX, de Eike Batista. A empresa está em recuperação judicial, e chegou a ter sua falência decretada pela Justiça do Rio. A MMX ainda está apelando da decisão – a subida de 225%, até onde se sabe, foi meramente especulativa. E vale lembrar: altas malucas (e baixas igualmente insanas) são comuns no caso de empresas que estão com a corda no pescoço.   

Cabo de guerra

Já no núcleo internacional da novela, temos um presidente que descobriu que precisa ser flexível se quiser se reeleger. 

Depois de derrubar as bolsas ontem, Donald Trump esfriou a cabeça e cobrou do Congresso a aprovação de pacotes de US$ 25 bilhões e US$ 135 bilhões, respectivamente, para a folha de pagamento das aéreas e cheques de estímulo a pequenos negócios. E não deu outra: as ações da American Airlines subiram 4,35%, seguidas pela United Airlines (4,30%) e Delta Airlines (3,44%). 

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Somado a isso, o Federal Reserve – o Banco central dos EUA – divulgou uma ata com informações animadoras. Os indicadores americanos de economia e emprego apresentaram melhoras, sendo que os analistas entendem que o país está recuperando mais rapidamente do que o previsto. Ainda assim, os diretores do Fed temem que a falta de um estímulo fiscal adicional possa prejudicar a recuperação da economia.

Mas já deu para o mercado respirar aliviado. O Dow Jones valorizou 1,91% (28.300 pontos) e o Nasdaq Composite fechou em alta de 1,88% (11.364 pontos). Já o S&P 500 subiu 1,74% (3.419 pontos). 

Não perca os próximos capítulos. 

Maiores altas

Gerdau: 3,27%

Gerdau Metalúrgica: 3,19%

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Multiplan: 2,71%

CSN: 2,66%

Vale: 2,64%

Maiores baixas

IRB Brasil: – 10,32%

CVC: -5,76%

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Cielo: -4,88%

Embraer: -3,78%

Gol: -3,43%

Petróleo 

Tipo Brent: -1,54%, a US$ 41,99 o barril

Tipo WTI: -1,77%, a US$ 39,95 o barril

Dólar: 0,53%, cotado a R$ 5,62

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