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Fundos de ações vivem debandada de investidores

A chave virou em novembro, quando o saldo da bolsa ficou negativo no ano.

Por Tássia Kastner
10 dez 2021, 05h43
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 (Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
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Não há nada como a renda fixa – que o digam os investidores dos fundos de ações, que estão batendo em retirada para se aconchegar no calorzinho dos juros altos. Dados da Anbima (a associação das empresas do mercado de capitais) mostram que os saques desses fundos se intensificaram entre setembro e novembro, zerando o saldo do ano. Se a tendência de resgates persistir em dezembro, será a primeira vez desde 2016 que eles vão fechar no negativo.

Nas três primeiras semanas de novembro (até o fechamento desta edição), os saques superavam os depósitos em R$ 4,99 bilhões, colocando a marca do ano em -R$ 583 milhões.
Era o esperado. No acumulado do ano, o prejuízo médio dos fundos de ações supera os 10%. No Ibovespa, o índice que contabiliza as empresas mais relevantes da bolsa e baliza parte desses fundos, a perda está na faixa de 15%. E os fundos que têm como objetivo investir em ações de crescimento – de empresas com mais potencial de valorização, eventualmente de fora do Ibovespa – apresentam um desempenho ainda pior: -18%.

O mercado de ações começou a sofrer de verdade no começo do segundo semestre. Foi quando a inflação disparou e o Banco Central começou a correr atrás, com taxas de juros cada vez mais altas, para ver se doma a fera. Enquanto ele não consegue, a Selic mais gordinha, rumo aos dois dígitos, volta a atrair investidores.

Até o ano passado, quem estava apanhando eram justamente os fundos de renda fixa: de 2017 a 2020, a Selic só fez cair, até chegar a 2% ao ano. Os fundos que acompanham a taxa básica de juros, então, sangraram R$ 108 bilhões. Já a recuperação veio a galope: entrou o triplo disso nos fundos de renda fixa entre janeiro e novembro deste ano.

De onde saiu tanto dinheiro? Além dos fundos de ações, investidores têm abandonado outros mercados de risco. Dados da B3 mostram que a participação dos investidores pessoa física nos negócios têm caído. No ano passado, eles terminaram o ano com 21% de participação; agora, está em 16%. Além disso, eles estão mais presentes nas vendas do que nas compras. O lugar desse povo tem sido ocupado por estrangeiros, que respondem por mais de 50% das movimentações – gringos têm aproveitado o real desvalorizado para fazer a rapa por aqui com seus dólares.

Os fundos imobiliários também vêm sofrendo, já que o retorno deles, neste momento, é menor que o da Selic. O Ifix, que é uma espécie de Ibovespa desses investimentos, acumula queda de 12% no ano.

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