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Mercado rema contra a correnteza e volta a fechar no positivo

Investidor ainda é arrastado por medo de segunda onda de Covid e noticiário negativo sobre bancos.

Por Luciana Lima e Tássia Kastner
Atualizado em 9 out 2020, 16h17 - Publicado em 22 set 2020, 19h22
 (Digital Vision./Getty Images)
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Deu trabalho, muito trabalho. As bolsas passaram o dia inteiro remando para sair da correnteza que vinha puxando, há dois pregões, o mercado para baixo. Deu certo e nesta terça, os principais índices de ações fecharam em alta.

Não é que as águas tenham ficado menos revoltas. Investidor continua lidando com o aumento nos casos de Covid e a sombra de lockdown em outros países, enquanto as principais economias vão dando sinais erráticos de recuperação. O rio não vai baixar tão cedo, mas deu para encontrar um trecho mais tranquilo. 

Lá fora, as empresas de tecnologia ajudaram a dar um gás. Com o noticiário negativo se voltando para outro setor –agora os bancos–, elas tiveram espaço para juntar forças e sincronizar os remos. 

Quem ditou o ritmo foi a Amazon, em reação a um relatório da gestora de investimentos Bernstein. Analistas da instituição elevaram a classificação da empresa de Jeff Bezos para ‘outperform’ (acima do desempenho médio do mercado) sob o argumento de que, mesmo que os consumidores voltem a comprar fisicamente, a gigante deve continuar aumentando sua participação no comércio online. A razão? Os investimentos em entregas realizadas no mesmo dia e o crescimento na oferta de produtos alimentícios dentro da plataforma.

Com isso, a varejista online subiu com gosto (+5,69%), acompanhada por outras gigantes: Twitter (+7,09%), Zoom (+5,15%), Facebook (+2,66%) e Alphabet (+2,40%). A recuperação das big techs foi um shot de engov nas bolsas, que fecharam em alta. O Dow Jones ficou em +0,52% (27.287,58 pontos); S&P 500 em +1,05% (3.315,56 pts) e Nasdaq em +1,71% (10.963,64).

Os ganhos do dia foram limitados, porém, pela fala do presidente do Fed (o banco central dos EUA), Jerome Powell, em visita ao Congresso americano. O Fed, que virou uma máquina de imprimir dinheiro no começo da pandemia, disse aos congressistas que eles precisariam aprovar um pacote adicional de estímulo à economia do país. Sim, além dos US$ 2 trilhões já liberados.

O problema não é a falta de gente pedindo dinheiro, coisa que o Powell já tinha feito, mas a dificuldade de um acordo para abrir o cofre, já que democratas e republicanos estão se estranhando novamente. A disputa agora é para escolher o nome que irá substituir a juíza da Suprema Corte dos Estados Unidos, Ruth Bader Ginsburg, que morreu na última semana. Essa briga, faltando apenas 42 dias para as eleições americanas, deve retardar ainda mais o acordo para uma nova rodada de apoios fiscais.

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Um efeito colateral da fala de Powell é que, sem dinheiro, as coisas vão continuar capengas na economia real (e por isso o índice Dow Jones, que é ligado ao setor produtivo, subiu menos). Mas além disso, há o impacto sobre os bancos.

Quando o presidente do Fed diz que a economia precisa de mais estímulos, ele também reforça que a taxa básica de juros do país (hoje entre 0% e 0,25% ao ano) tem previsão de alta em um futuro muitíssimo distante.

E juro baixo derruba junto a rentabilidade de bancos. Eles que já vinham de uma segunda-feira negativa e esticaram as perdas, pressionados também pelos desdobramentos de denúncias de lavagem de dinheiro envolvendo cinco grandes bancos mundiais.

No final, todos eles terminaram outro pregão no vermelho: Morgan Stanley -1,51%, Goldman Sachs -1,23% e o Bank of America – 2,17%. 

Por aqui, o Banco Central também reforçou, na divulgação da ata da reunião do Copom, que o juro não sobe tão cedo, apesar desse repique da inflação de alimentos. Com isso, os principais contratos de juros futuros caíram, após dias de alta com pressão da rolagem da dívida pública. O DI para janeiro fechou em mínima do dia, a 1,940%, por exemplo. 

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No mercado de ações brasileiro, um dos destaques do pregão foi a Companhia Siderúrgica Nacional. Mesmo com a queda do minério de ferro em -2,10%, ela foi uma das maiores altas do Ibovespa

Isso porque a companhia divulgou, ontem, que seu Ebitda (uma medida de resultado acompanhada por investidores) deve ficar em R$ 9,75 bilhões neste ano. O valor é 9,5% maior que o projetado por analistas do Itaú BBA. 

Além disso, um relatório do Bradesco também apontou a possibilidade de alta para os preços do aço, pedra que vem sendo cantada há semanas pelo mercado. No conjunto, os papéis da CSN subiram 3,38%. Ela até tentou puxou os pares da siderurgia, mas apenas a Gerdau acompanhou o movimento e de forma tímida (+0,11%). 

Mesmo assim, a melhora nas bolsas americanas ajudou a levantar o Ibov, que terminou o dia em 97.293,54 pontos, uma alta de 0,31%. 

Maiores altas

IRB Brasil: +6,28%

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MRV Engenharia: +3,72%

CSN: +3,38%

Cyrela: +3,15%

Sabesp: +2,41%

Maiores baixas

B2W: -3,79%

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Embraer: -2,83%

Suzano: -2,39%

JBS: -2,13%

CVC: 1,94%

Petróleo 

Brent: +0.68%

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WTI: +0.74%

Dólar: +1,27%, a R$ 5,46

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