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O Império invadiu nossa praia: Apple, Netflix, Tesla e cia. chegam aos pequenos investidores 

Já existem mais empresas gringas na B3 do que brasileiras. Entenda o mundo fantástico, e arriscado, das BDRs, que agora cabem em qualquer bolso. 

Por Monique Lima, Alexandre Versignassi
Atualizado em 22 out 2020, 19h27 - Publicado em 22 out 2020, 19h08
 (Charles McQuillan/Getty Images)
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Hoje foi o Dia D. A partir desta quinta-feira (22), os pequenos investidores desse brasilzão vão poder comprar ações da Netflix, do Spotify, da Disney, do Facebook, da Apple… praticamente como se morassem nos EUA. Uma lufada de ar fresco para quem até ontem só podia ter empresas meio sem charme na carteira (siderúrgicas, fabricantes de papel, petroleiras).

É que a B3 liberou as negociações de BDRs (Brazilian Depositary Receipts, ou recibos de ações internacionais) para pequenos investidores a partir de hoje. Mas, calma, antes de começar a ver listas das melhores ações gringas para investir, é importante entender alguns pontos. 

A primeira questão é que as BDRs já eram operadas na bolsa. Até o final de agosto, porém, eram restritas aos chamados investidores qualificados – aqueles que tinham pelo menos R$ 1 milhão em investimentos.

A partir de setembro, ficou liberado para qualquer um, mas você era obrigado a comprar no mínimo 10 de cada. Ficava bem caro. Uma única BDR da Amazon, custa R$ 8,9 mil. Para comprar dez, você precisaria botar a entrada de uma casa: R$ 89 mil.

Agora, porém, está bem mais fácil. A B3 passou a permitir a compra de apenas uma unidade de cada BDR. Tem mais. Não faltam BDRs que custam apenas uma fração do “valor cheio” do papel original. 

Uma ação solitária da Tesla, por exemplo, custa US$ 425 na Nasdaq. Isso dá gordos R$ 2.400. Na B3, você adquire uma BDR que, na verdade, corresponde a apenas um trinta avos da ação original. Ou seja: dá para virar sócio de Elon Musk pagando módicos R$ 74 por ação. 

É praticamente uma invasão do Império Galático de Stars Wars ao planeta do Pequeno Príncipe. Existem cerca de 400 empresas brasileiras com ações na B3. Agora, só de BDRs, são 671 agora – sendo 555 dos EUA. Ou seja: neste momento, há mais companhias americanas na B3 à disposição dos pequenos investidores do que companhias nacionais. Os gringos invadiram geral.  

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Só tem uma questão: é importantíssimo ter experiência para negociações de renda variável nessa modalidade, até porque, a classificação “qualificado” não era exigida por puro preciosismo, mas porque esses papéis envolvem outro risco além da variação maluca dos preços de ações: investir em BDR, afinal, significa investir em dólar.  

Quando você abrir seu home broker e buscar por BDRs vai ver que a compra é feita em reais – mas, não se engane, o seu investimento foi feito em moeda estrangeira. E aí, mora o risco do câmbio. 

Digamos que você comprou BDRs da Apple. Dali a 30 dias você checa aqui no Fechamento de Mercado e vê que a ação da empresa de Tim Cook valorizou 3% no mês. Legal. Só tem um problema. Se o dólar tiver caído 5%, sua querida BDR terá tombado 2% no mês. Pois é. Se você quiser arriscar com ações gringas, torça para o dólar não cair – por estranho que isso soe num país que sofre tanto com o dólar alto, mas essa é outra história. 

BDRs não valem a pena, então? Claro que valem. A questão é que você precisa estar preparado para a eventualidade de perder MUITO mais dinheiro do que com ações cotadas em real – ainda que o contrário também seja verdade. Se você tivesse comprado ações da Apple há um ano, teria ganhado 55% na valorização do papel mais 36% na do dólar. Uau. 

Mas nem sempre tudo são flores. Veja o caso de hoje, por exemplo. A ação da Apple na gringa caiu 0,96%. A BDR, mesmo com o oba oba deste primeiro dia (cheio de gente a fim de comprá-las), caiu 1,18%. Motivo: o dólar puxou a danada para baixo, pois caiu 0,36%. 

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Eis o risco das BDRs. De qualquer forma, o investidor brasileiro curtiu. Até ontem, a média de negociações com BDRs ficava em R$ 73 milhões diários. Hoje, com a “abertura”, foi de R$ 120 milhões. Um aumento de 65%.

 

E o Ibovespa? 

Emoções com BDRs a parte, o Ibovespa teve uma performance empolgante hoje. Se ontem o principal índice brasileiro rompeu os 101 mil pontos, hoje ele chegou bem perto dos 102 mil. Fechou em alta de 1,36%, aos 101.917 mil pontos. 

Não foi por nenhum motivo político-econômico em específico. Aconteceu que os investidores seguem de bom humor com a expectativa de balanços positivos no terceiro trimestre. A maior aposta é nos bancos, que tiveram subida em bloco. Com destaque para o Itaú (5,14%). Parte do otimismo vem por conta dos juros baixos, que tendem aumentar o número de financiamentos imobiliários.   

A Petrobras foi outra. Depois da queda de ontem, os preços do petróleo fecharam em alta, ignorando o aumento de casos de coronavírus na Europa. Culpa dos bons dados que chegaram dos EUA. 

O primeiro foi a queda na solicitação de auxílios-desemprego. De 842 mil, foi para 787 mil. O segundo foi o aumento de vendas de casas usadas em 9,4% no mês de setembro, quando comparado a agosto. 

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Na menor sinalização de recuperação econômica americana, o petróleo tende a subir. Nisso, o tipo Brent fechou em alta de 1,75%, e o WTI de 1,52%. A Petrobras foi na rabeira, e cresceu 3,37%. A jovem PetroRio foi ainda mais agraciada: seus papéis aumentaram de preço em 4,93%. 

Ahh, ainda tem a WEG. Se ontem ela caiu drasticamente, hoje teve gente que se arrependeu de ter vendido. Hoje foi dia de recuperação. Alta de 4,73%.

Pois é. O produto nacional ainda dá um caldo 🙂   

 

MAIORES ALTAS 

Itaú: 5,14%

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Petro Rio: 4,93%

WEG: 4,73%

Bradesco: 4,60%

Banco do Brasil: 4,34%

 

MAIORES BAIXAS 

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Cogna Educação: -2,58%

BR Malls: -2,37%

B2W: -2,30%

B3: -2,27%

Lojas Americanas: -2,11%

 

Dólar: -0,36%, a R$ 5,59 

 

Fechamento em Nova York: 

Dow Jones: 0,54%, aos 28.363,66 pontos

S&P 500: 0,52%, aos 3.453,49 pontos 

Nasdaq: 0,19%, aos 11.506,01 pontos. 

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