Continua após publicidade

Será o fim do cartão de crédito como o conhecemos?

Congresso pretende impor juro máximo de 100% sobre o rotativo enquanto bancos barganham o fim do parcelado sem juros.

Por Tássia Kastner
6 set 2023, 05h27
-
 (Caroline Aranha/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
Continua após publicidade

Entrar no rotativo do cartão é como jogar cara ou coroa com as finanças. Na média, um cliente que deixa de pagar a fatura do cartão de crédito no primeiro mês tem 50% de risco de ficar inadimplente. E vai pagar, por isso, juros que beiram os 500% ao ano. São mais de 70 milhões de devedores com nome sujo no Serasa e um terço das dívidas é no cartão de crédito.

Uma das promessas de campanha do governo foi tentar desatar o nó da inadimplência. E isso passa pelo cartão. Aí criou-se uma batalha entre bancos e Brasília.

A proposta que mais vem angariando apoio está no Congresso, dentro do projeto do Desenrola. A ideia é limitar o crescimento da dívida a 100% do valor. Deixou de pagar R$ 1 mil? O bolo para de crescer em R$ 2 mil. Atrasou R$ 5 mil, o teto é de R$ 10 mil. Esse é o “pior cenário”, que entraria em vigor caso os bancos não proponham uma alternativa mais eficiente para coibir o hiperendividamento no cartão.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, chegou a ventilar o fim do rotativo. Toda vez que o cliente deixasse de pagar a fatura completa, em dia, teria o saldo devedor parcelado automaticamente e com juros de 9% ao ano. Em 2020, o cheque especial ganhou um teto de 8% ao mês – a inadimplência caiu e não houve redução no acesso ao crédito.

O problema é o seguinte: os bancos não estão dispostos a negociar nesses termos. Eles afirmam que o juro do rotativo só é alto dessa maneira porque o ganho é usado para cobrir o parcelamento sem juros. E que só dá para resolver uma coisa arrumando a outra.

Continua após a publicidade

Trata-se de barganha. Há anos os bancos tentam emplacar parcelamento com juros, sem sucesso. Hoje, metade das transações com cartão de crédito é no parcelado sem juros, que soma mais de R$ 1 trilhão. O eventual fim da modalidade oferece riscos reais à economia. 

Compartilhe essa matéria via:

Não que o pagamento sem juros não tenha juros. Ele tem. É por isso que o comércio geralmente oferece desconto para pagamento à vista. O abatimento médio é de 5%. Em outras palavras, esse é o juro embutido nas transações financeiras, mesmo para compras em prazos mais longos. O problema é que os bancos tentam cobrar, no parcelamento com juros, 5% ao mês, não por compra. Aí a conta não fecha – nem para o consumidor nem para o comércio.

Continua após a publicidade

No debate, os bancos também vêm afirmando que, hoje, quem decide conceder o crédito no parcelamento não corre o risco de calote. Ou seja, que os lojistas parcelam, mas o risco é do banco. Não é bem assim: o lojista só pode oferecer o parcelamento porque inicialmente o banco ofereceu um limite de crédito ao cliente. Se esse cliente oferece mais risco do que o banco está disposto a correr ao parcelar uma compra, é porque houve um erro de análise na concessão do cartão. 

É uma queda de braço que está perto do fim. E que, independentemente da solução adotada, indica que o cartão de crédito no Brasil não será mais como antigamente. 

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês*

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.