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WEG encarna Alanis Morissette: acorda feliz e tomba 6%  

A empresa que mais subiu em 2020 apresentou um belo balanço. Mas analistas acham que o preço da ação já tinha batido no teto.

Por Juliana Américo e Alexandre Versignassi
Atualizado em 28 out 2020, 14h22 - Publicado em 21 out 2020, 19h32
LONDON - APRIL 21: Canadian musician Alanis Morissette plays her first full-scale UK live date since 2001 at Carling Academy Brixton on April 21, 2005 in London. Morissette celebrates the 10th anniversary of her classic album "Jagged Little Pill" with the release of her all-new acoustic version of the album on July 25. (Photo by Jo Hale/Getty Images) (Jo Hale/Getty Images)
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Foi como ganhar na loteria e morrer no dia seguinte. Foi chuva no dia do casamento. Os versos que Alanis Morissette canta em “Ironic” explicam bem o acontecimento mais relevante do mercado hoje: o tombo histórico da WEG após mais um balanço maravilhoso.      

A fabricante de motores e equipamentos elétricos é a companhia do Ibovespa que mais se valorizou ao longo de 2020: 136%. E o balanço da multinacional com sede em Jaraguá do Sul (SC) veio à altura desse desempenho: lucro de R$ 644 milhões – 54% mais que o mesmo período de 2019. O resultado positivo fez com que as ações abrissem o dia em alta.

Mas não durou muito tempo. Rapidamente, o cenário se inverteu e a empresa encerrou com a maior queda do dia, de 6,16%.

Foi a mais perfeita tradução da máxima “compre no boato, venda no fato”. Tipo: investidores passam a comprar ações adoidado quando chega uma notícia sobre vacina. Os preços vão subindo. E, no dia que a bendita vacina chega para valer, a bolsa cai. Cai porque quem apostou lá atrás tende a vender para embolsar o lucro. Com a WEG foi a mesma coisa. 

Quando a empresa apresentou um belo balanço relativo ao segundo trimestre, os investidores foram às compras vorazmente. E os papéis subiram praticamente sem parar nos últimos 90 dias. O problema: lá atrás, a WEG já era uma empresa “cara”. 

É que o valor nominal de uma ação, o preço dela na bolsa, não é o “preço real” dela. Esse preço real vem de uma conta: o valor de mercado (que é a soma do valor de cada uma das ações que a empresa tem no mercado) dividido pelo lucro nos últimos 12 meses – entenda melhor aqui. O resultado dessa conta é o P/L (preço sobre lucro) da empresa. E o P/L da WEG é de quase 90

Para ter ideia do que isso significa: o da alemã Siemens, sua concorrente no mercado internacional de equipamentos industriais, é de 25. O da Apple (sempre vale dar o exemplo da empresa mais valiosa do mundo) é de 35. 

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Ou seja: a WEG é uma empresa extremamente sólida. Mas, justamente por isso, muita gente comprou ações dela. E o P/L, o preço para valer do papel, chegou a um valor ionosférico – incompatível com os lucros que a empresa pode dar nos próximos anos.

Isso fez com que o Credit Suisse recomendasse a venda das ações – e, pelo jeito, um monte de gente seguiu a dica.

Por outro lado, boa parte dos analistas já achava que a ação estava cara quando ela estava a uns R$ 30. Agora, mesmo os pessimistas do Morgan Stanley entendem que esses mesmos R$ 30 seriam um preço baixo demais. Ou seja: a WEG vem surpreendendo há um bom tempo. E pode muito bem voltar a fazer isso.      

Ibov 100k

O Ibovespa fechou estável (0,01%) a 100.552 pontos. Quem segurou a bolsa foram as ações do setor bancário. Basicamente, os investidores preveem bons balanços, com diminuição dos inadimplentes. O Bradesco  fechou em alta de 1,02% , seguido por  Itaú (0,91%), Santander (0,88%) e Banco do Brasil (0,75%). 

A Vale também foi importante para que o índice não ficasse no vermelho. A alta de 0,74% do minério de ferro no porto de Qingdao valorizou os papéis da empresa em 1,63%. 

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Mas, o dia foi de festa mesmo para a Qualicorp. Os papéis da operadora de planos de saúde se destacaram entre as altas do Ibovespa após a Rede D’or ter pedido autorização ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para aumentar sua participação na empresa – atualmente, ela detém 10% de participação na Qualicorp. 

A rede de hospitais informou que a quantidade de ações a serem adquiridas dependerá das condições de mercado no momento da possível compra. Enquanto isso não acontece, os investidores aproveitam a forte valorização que a empresa hoje, de 5,75%. 

O petróleo também teve um dia ruim. O motivo principal para esse movimento negativo é o estoque de petróleo nos EUA. Segundo o Departamento de Energia americano (DoE), as reservas caíram 1 milhão de barris na semana passada, menos que a previsão de redução de 1,2 milhão. 

Além disso, a segunda onda do coronavírus na Europa também está deixando os compradores hesitantes e reduzindo a demanda. Com isso, o tipo Brent fechou em queda de 3,31%, enquanto o tipo WTI recuou 4%.

Como esperado, a Petrobras fechou em baixa. Mas não só por causa dos preços do ouro negro. Os analistas do Santander estimam que a produção de petróleo da companhia brasileira vai cair 7% no 4º trimestre, na comparação com o período de julho a setembro – algo que já era esperado, pois a petroleira havia comunicado paradas para manutenção programada nas refinarias. As ações encerraram o dia em queda de 0,25%. 

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A novela dos estímulos

Há menos de 15 dias das eleições presidenciais nos EUA, a novela do acordo para a definição do tamanho do pacote de estímulos para a economia ainda se arrasta.  

A demora tem deixado Wall Street hesitante há tempos. E hoje não foi diferente. Depois de altas e baixas, os indicadores fecharam todos em queda: Nasdaq perdeu 0,28% (11.484 pontos) e o S&P 500 recuou 0,22% (3.435 pontos).

A democrata e presidente do Congresso, Nancy Pelosi, e o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, se reuniram no final da tarde e devem voltar a conversar amanhã. 

A Casa Branca já concordou com o montante de US$ 1,9 trilhão, que se aproxima do plano já aprovado pelos democratas na Câmara, de US$ 2,2 trilhões. Ou seja: o acordo está praticamente fechado. Ainda assim, republicanos e democratas sugerem que a votação fique para depois da eleição presidencial, que acontece no dia 3 de novembro – ainda que, mesmo se Biden vencer, ele assuma apenas em janeiro. Não deixa de ser irônico.  

Maiores altas

Qualicorp: 5,75%

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Braskem: 4,73%

Eztec: 3,81%

Multiplan: 3,73%

Iguatemi: 3,33%

Maiores baixas

WEG: -6,16%

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IRB Brasil: -3,80%

Lojas Americanas: -2,99%

CVC: -2,90%

Lojas Renner: -2,48%

Dólar: +0,02%, cotado a R$ 5,61

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