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A volta por cima de Pelé na vida financeira 

O Rei aceitou interromper sua aposentadoria, em 1975, para sair de uma falência iminente. E operou uma virada homérica.  

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 30 dez 2022, 18h19 - Publicado em 30 dez 2022, 17h34
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 (Anadolu Agency/Getty Images)
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Era 1974 e Pelé estava falido. O maior jogador da história tinha acabado de se aposentar, aos 33 anos, e se viu diante de uma dívida equivalente a quase tudo o que tinha juntado de patrimônio.   

“Eu ainda me lembro do suor na testa do contador quando ele entrou no meu escritório. Parecia que ele estava prestes a desmaiar”, disse em sua autobiografia Pelé: a Importância do Futebol, de 2013.

O contador respirou fundo e explicou ao Rei que ele devia uma fortuna na praça. Culpa dos sócios que Pelé tinha numa empresa chamada Fiolax, que fazia peças de borracha. 

Sem saber, Pelé tinha assinado um documento que lhe colocava como fiador da companhia, na qual tinha só uma participação minoritária. Os sócios levantaram dinheiro com bancos. Não pagaram. E os credores vieram atrás de Edson Arantes do Nascimento. “No fim das contas, a empresa devia alguns milhões de dólares e eu havia sobrado com a conta”, escreveu. 

Vale lembrar que os salários da época não se comparavam aos de hoje. Kylian Mbappé, o jogador mais bem pago do mundo, vai receber um total de 90 milhões de euros do PSG em 2023. Em reais, isso equivale a R$ 41 milhões por mês. 

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Não se sabe quanto Pelé recebia do Santos em seus últimos anos como profissional. Mas um dado de 1961 ajuda a fazer uma aproximação. Na época, Pelé já era o jogador mais célebre do planeta, assediado pelos grandes clubes da Europa. Mesmo assim, seu salário equivalia a apenas R$ 110 mil de hoje (Cr$ 2 milhões na moeda da época, o cruzeiro). 

Pelé só tinha amealhado uma fortuna na casa dos milhões de dólares por conta de seus contratos de publicidade. E agora esse patrimônio estava ameaçado. 

Só que o Rei já tinha nas mãos uma proposta atraente. O New York Cosmos já vinha tentando atraí-lo desde 1971. Pelé, porém, não tinha interesse em jogar por um clube que tinha sido criado um ano antes, e numa terra sem tradição alguma de futebol – a North American Soccer League, na qual o Cosmos competia, tinha nascido em 1968. Como até ali dinheiro não era problema, ele nem se interessou em saber o quanto tinham a oferecer. 

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Mas agora ele tinha uma emergência. E decidiu ouvir. O Cosmos ofereceu US$ 7 milhões por três anos de contrato. Isso equivale US$ 38 milhões em dinheiro de hoje.

Dá basicamente US$ 1 milhão de hoje por mês – dez vezes o que Emerson Fittipaldi tirava na época como bicampeão de Fórmula-1. Era o maior salário oferecido a um esportista até então. 

Pelé topou. Jogou seus três anos pelo Cosmos, entre 1975 e 1977, e deixou suas finanças mais do que em dia. Também porque a exposição no maior mercado consumidor do planeta elevou seus ganhos com publicidade a outro patamar. Pelé, consolidou-se como personalidade global, e passou a produzir anúncios para diversas empresas globais nos anos e décadas seguintes – Mastercard, Procter & Gamble, Volkswagen, Louis Vuitton, Hublot, Emirates, Pfizer…

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Em 2015, a revista Forbes apurou uma lista com os ex-atletas que mais tinham faturado em publicidade naquele ano. Pelé, definitivamente aposentado havia 38 anos, apareceu na décima posição, com US$ 15 milhões.

Curiosidade: a bolsa brasileira também contratou a imagem do Rei. Em 2010, quando a B3 ainda se chamava BM&F Bovespa, ela fez sua primeira campanha publicitária, com o intuito de popularizar o investimento em ações. 

O comercial dizia: “Investir em ações é ficar sócio de uma empresa. E ser dono de um pedacinho dela. Agora vamos imaginar que o Pelé é uma empresa, e que você investiu nele em 1958. Já começou em alta. Olha aí as suas ações subindo…”

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Veja aqui.

Estima-se que Pelé tenha deixado um patrimônio em torno de US$ 100 milhões.

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