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Como usar o cartão pré-pago para finanças pessoais

Na crise, o cartão ganha força como ferramenta de controle financeiro

Por Por Danylo Martins
Atualizado em 17 dez 2019, 15h20 - Publicado em 21 jun 2016, 09h00

Fruto da crise, o aumento do custo de vida se reflete em uma mudança nos nossos hábitos financeiros. Enxugar gastos e evitar linhas de crédito, principalmente as mais caras, como o rotativo do cartão, tornaram-se algumas das principais regras de sobrevivência em meio à tempestade. Para manter o orçamento em ordem, ferramenta é o que não falta, entre elas o cartão pré-pago, que está ganhando força nos últimos anos. 

Prova disso é o desempenho das principais empresas do segmento, como a Acesso – que cresceu 500% nos últimos dois anos – e o avanço de grandes bancos no ramo, caso do Santander, que concluiu, em março, a compra da ContaSuper. “O brasileiro busca alternativas para controlar seu dinheiro num momento tão delicado pelo qual o país está passando”, afirma Eduardo Abreu, diretor de marketing da Zuum, joint-venture entre MasterCard e Vivo no segmento de pagamentos eletrônicos. 

Criada em 2013, a empresa tem mais de 570 000 clientes e, no segundo semestre do ano passado, registrou aumento de 52% no volume de transações, de acordo com o executivo. “O pré-pago é uma forma de substituir o dinheiro de papel pelo dinheiro de plástico, com acesso mais simplificado a serviços de uma conta-corrente tradicional num banco, como pagamento de boletos e transferências, por exemplo”, diz Sérgio Kulikovsky, CEO da Acesso, que administra o AcessoCard. A empresa prevê mais que duplicar o número de cartões em circulação neste ano, para 1,4 milhão, contra mais de 510 000 em 2015.

Desse montante de plásticos, dois estão presentes na carteira de Sérgio Cunha, de 45 anos, de São Paulo (SP), que usa o cartão pré-pago para controlar despesas recorrentes, como compras de supermercado e combustível do carro. “Faço uma recarga mensal e esse valor é o que terei disponível para utilizar com esses gastos básicos, além de eventuais compras na internet”, diz. 

Sérgio encontrou no cartão pré-pago a alternativa para administrar melhor as finanças após ter se endividado com cartão de crédito e cheque especial. “Se a pessoa conseguir controlar bem as contas, o pré-pago ajuda a não entrar em dívidas, porque dá para saber exatamente quanto se gasta por mês”, afirma. O outro cartão é usado para a mesada da filha, de 16 anos. A cada 15 dias, Sérgio faz uma recarga. “Pelo aplicativo, ela sabe quanto tem ainda disponível para gastar, assim como também consigo ver o saldo no cartão”, diz.

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O controle financeiro é justamente um dos pontos fortes dos cartões pré-pagos, segundo os especialistas. Compra-se apenas quando há recursos, afinal não existe a possibilidade de ficar com saldo negativo. “Ter de carregar o cartão implica pensar em decisões financeiras com antecedência e, na hora de usar, será possível comprar até o limite existente, o que reforça a máxima de se gastar menos do que ganha”, afirma Conrado Navarro, educador financeiro, do Dinheirama, de Itajubá, Minas Gerais.

Para o consultor financeiro André Massaro, de São Paulo, o pré-pago é indicado para quem precisa se proteger de si mesmo, ou seja, aquelas pessoas que, se tiverem um cartão de crédito em mãos, vão acabar se endividando. 

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Dinheirinho contado

As vantagens, as limitações e as situações nas quais o cartão é indicado:

1. Planejamento de despesas 

A organização dos gastos é um dos principais trunfos do pré-pago. Como orienta o consultor Conrado Navarro, o controle financeiro se torna mais eficiente com a ajuda dos relatórios online que a maioria dos emissores do cartão oferece. Importante ressaltar, porém, que embora a ferramenta ajude, é você quem tem de controlar suas despesas. “Às vezes a pessoa simplesmente ‘sai gastando’ e pode descobrir que seu saldo acabou em uma situação constrangedora, como na hora de pagar uma conta de restaurante”, diz André Massaro, consultor financeiro.

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2. Pagamento de funcionários ou prestadores de serviços 

O pré-pago também pode servir como meio de pagamento de empregados ou prestadores de serviços domésticos que, em muitos casos, não possuem conta em banco. Nesse caso, o cartão passa a ser uma ferramenta também de inclusão financeira. “O cartão pré-pago traz mais segurança e conveniência às pessoas que antes só realizavam transações em dinheiro”, diz Ricardo Vieira, diretor-executivo da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs).

3. Uso internacional

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É uma opção fácil para comprar e usar moeda estrangeira. “Permite à família construir a reserva com antecedência e faz todos pensarem antes de gastar, uma vez que o total carregado no cartão acaba se transformando no limite de gastos da viagem”, afirma Conrado. Sem contar que o pré-pago acaba sendo mais seguro que usar dinheiro em espécie: em caso de perda ou roubo, pode rapidamente ser cancelado.

4. Praticidade e segurança

A maior parte das empresas permite carregar o cartão online, com uso de aplicativos. Colocar mais dinheiro no pré-pago é simples, e isso é uma vantagem por evitar idas a caixas eletrônicos ou agências bancárias. Sem contar que há proteção por senha. “O valor financeiro não é atraente para ser clonado e pode ser bloqueado em caso de roubo”, afirma Gustavo Chicarino, diretor da Associação das Empresas de Gestão de Pagamentos Eletrônicos (Pagos). Além disso, não há risco de se endividar, muito menos ficar com o nome sujo na praça, já que não é preciso comprovar renda nem ser submetido a análises de birôs de crédito, como SPC e Serasa, para ter um pré-pago.

5. Mesada aos filhos

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Além de dar aos filhos mais segurança, o pré-pago facilita o controle e acompanhamento das saídas de dinheiro por parte dos pais. Hoje, a maior parte das empresas emissoras permite ter mais de um cartão vinculado a uma conta principal. “A partir dessa conta, a pessoa faz a gestão dos cartões adicionais, instrumento que ajuda a controlar os gastos dos filhos”, afirma Ezequiel Archipretre, CEO da ContaSuper.

6. Atenção às taxas e tarifas

O custo de manutenção de um pré-pago é o principal alerta feito pelos especialistas, uma vez que é comum a incidência de taxas ou tarifas para saques, recargas, transferências, pagamentos de contas e outras transações. A recomendação é que o usuário entenda quais são as regras de uso e que tipo de serviço cobra tarifas à parte. É preciso tomar cuidado com as cobranças específicas de cada modalidade, como o Imposto de Operações Financeiras (IOF) de 6,38%, que incide em toda compra feita em moeda estrangeira. “A taxa de conversão da moeda varia e, por isso, é importante avaliar os diferentes emissores de cartão, em busca das melhores taxas e condições”, diz Conrado.

Esta matéria foi publicada originalmente na edição 214 da revista Você S/A com o título “No limite”

Você S/A | Edição 214 | Maio de 2016 

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