Conheça os melhores destinos e aplicativos para economizar na hora de viajar
Mesmo com o orçamento mais apertado, os brasileiros querem viajar para fora do país. Saiba como planejar o seu passeio gastando menos
Brasileiro, quando está de férias, gosta de viajar. É o que mostra a pesquisa da Ipsos para a empresa de assistência Europ Assistance, realizada entre março e maio deste ano com 750 pessoas de todo o país. Apesar de mais da metade (66%) dos entrevistados dizerem que pretendem cortar custos com viagens este ano, 64% desejam visitar algum lugar entre junho e setembro, sendo os destinos internacionais a preferência de 47% deles. O problema é que o orçamento dos brasileiros disponível para a viagem é o menor entre os países pesquisados: o gasto médio previsto foi de 1 212 reais. Será que é possível se aventurar no exterior com essa quantia?
Mesmo com o dólar em queda em relação ao câmbio dos últimos meses, a cotação ainda é alta e muitas pessoas têm optado por trocar os Estados Unidos – destino internacional favorito dos brasileiros – por outras opções. Um levantamento realizado pela Você S/A com dados da agência de viagens CVC e do site Quanto Custa Viajar mostrou que os países da América do Sul e as praias do Caribe estão se tornando as principais escolhas para quem planeja uma viagem internacional mesmo com o orçamento reduzido. A ideia, ao visitar nossos vizinhos latino-americanos, é economizar com a passagem aérea e explorar países onde o real ainda está valorizado em relação à moeda local. O tenente do Exército Gabriel Garcia, de 22 anos, foi um dos que elegeram a América do Sul para as férias deste ano. Ao todo, foram 32 dias de aventuras, entre fevereiro e março, percorrendo Peru, Bolívia, Argentina e Chile. Nesses locais, ele visitou atrações como a cidade inca de Cusco; Huacachina, uma vila de dunas ao redor de um oásis; o lago Titicaca; o Salar de Uyuni e o deserto do Atacama. “O mais legal da América do Sul são as paisagens e o quão barato é viajar por aqui em relação a outros lugares”, diz ele.
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Gabriel explica que para economizar para a viagem, seguiu à risca um planejamento para realizar, durante todo o ano, a maioria dos seus pagamentos e transições financeiras pelo cartão de crédito, de modo a acumular o máximo de pontos para trocar por milhagens no programa Multiplus, da TAM. Assim, ele conseguiu bancar suas passagens aéreas de ida e volta. “Assim que cai meu salário, eu pago meu cartão e também guardo de 200 a 300 reais numa poupança separada só para viagens”, afirma o tenente, que, com essas medidas, já realizou duas grandes viagens internacionais. Gabriel também procurou calcular quanto, em média, gastar por dia durante a viagem. Ele fez isso por meio de pesquisas na internet e anotando em um caderno as faixas de preços para alimentação e lazer.
Para o consultor financeiro Mauro Calil, de São Paulo, o planejamento de uma viagem internacional nesse período de crise tem de ser ainda mais cuidadoso. Mas não são todos os brasileiros que estão atentos a este ponto. Segundo a CVC, com a busca dos consumidores por promoções por melhorias no câmbio, o tempo entre a compra da passagem e o dia do embarque tem caído: se antes os brasileiros preferiam comprar a passagem com três ou dois meses de antecedência, hoje esse prazo caiu para um mês de antecipação. O problema desta estratégia é a falta de programação do resto da viagem, o que pode significar tarifas mais caras nos hotéis ou despesas não planejadas durante o passeio, aumentando o risco de endividamento. “Seu planejamento deve começar com a pergunta sobre você pode gastar”, diz. Para acumular o montante necessário, a sugestão do economista Richard Rytenband, de São Paulo, é caçar os desperdícios nas despesas regulares do mês. “Tem que fazer um raio-x da sua situação: Será que o plano de celular é vantajoso? Eu assisto todos os canais da minha TV? Como estão minhas tarifas bancárias?”, diz o consultor. Mas, se você está na turma dos que decidiram a viagem de última hora, confira nesta reportagem uma série de dicas para economizar. E bom passeio!
Algumas estratégias e aplicativos podem ajudar você a manter os custos da viagem sob controle
1. Como chegar
Avião? Ônibus? Trem? É sempre necessário avaliar o que compensa mais em relação ao custo-benefício e ao seu tempo de viagem. Gabriel preferiu viajar de ônibus na maior parte do seu itinerário, mas escolheu ir de avião de Lima para Cuzco, no Peru, e de Salta para Córdoba, na Argentina, porque o custo das passagens era praticamente o mesmo. Para calcular quanto irá gastar com transporte, você pode fazer uso de aplicativos ou sites que calculem o melhor meio. O Rome2Rio (bit.ly/28PctPl), por exemplo, apresenta os caminhos mais viáveis – e baratos – de avião, ônibus, trem ou carro disponíveis entre o local de partida e o destino desejado. O app também oferece as opções de procurar por hotéis, alugar carros e mostra as atrações turísticas do local.
2. Como se locomover
Além da preocupação em como ir, é preciso programar os custos com deslocamento já no local do passeio. Para os que desejam conhecer a Europa, existe uma opção de trem chamada Interrail pass (https://bit.ly/28Q85Ri), que leva, a um preço fixo, os passageiros ou por 30 países do continente – um dia em cada – ou por um país inteiro. As passagens têm prazo de validade (às vezes um mês, às vezes 15 dias). Também vale incluir na pesquisa as companhias aéreas de baixo custo. As passagens podem ser muito econômicas, caso você tope voar em horários incômodos e embarcar ou desembarcar em aeroportos mais distantes. “Viajar nos horários de menor demanda costuma ser 30% mais barato do que nos horários de pico”, diz o consultor financeiro Mauro Calil.
3. Hospedagem
Para quem deseja gastar o mínimo com hospedagem, ficar em um hostel pode ser a solução. O site Hostels (bit.ly/28PFBe9), por exemplo, mostra diversas opções desse tipo de estabelecimento em cidades do mundo todo, informando o preço da diária, a classificações do público e distância do centro da cidade. Mas Mauro recomenda atenção à localização. “Hotéis baratos, mas distantes do centro, podem não valer a pena por conta dos gastos com táxi ou outros transportes”, diz. Alguns hostels permitem que você trabalhe no local para pagar sua hospedagem. O site Worldpackers (bit.ly/28PpR60), por exemplo, mostra os locais disponíveis na cidade escolhida e que mão de obra cada estabelecimento procura (além da carga horária e outros pré-requisitos). Há ainda a possibilidade de utilizar o serviço do Airbnb (bit.ly/1jTEWXi), e alugar um quarto na casa de alguém por preços muito mais baratos do que o hotel.
4. Seguro de viagem
Muitos países, principalmente na Europa, exigem que o viajante tenha um seguro ao aterrissar. O que pouca gente lembra é que o próprio cartão de crédito pode fornecer o serviço embutido na compra das passagens, sem custos adicionais. Um mês antes de embarque, acione a operadora do seu cartão para saber se tem direito a esse serviço.
5. Alimentação
Tente estipular um limite diário para gastar com alimentação. O site e aplicativo Quanto Custa Viajar mostra os lugares mais populares para comer nas cidades, assim como o gasto médio diário com comida. Mauro Calil alerta que, normalmente, casinos e barcos vendem comidas mais caras, então o recomendável é aproveitar o café da manhã do hotel e levar lanches quando for a lugares distantes para evitar, além de altos preços, as grandes filas de lanchonetes e derivados.
6. Gastos com passeios
No site Kayak (bit.ly/1MAEpt4), além dos voos e hotéis, é possível ver quanto se gastaria com lazer: há o preço de ingressos das atrações turísticas, shows que acontecerão no período desejado, museus, esportes e passeios possíveis de se fazer pela cidade. Assim, você avalia com antecedência o que cabe ou não no seu orçamento e programa melhor seu roteiro.
7. Aproveite as promoções
Algumas agências de turismo, como a CVC, estão oferecendo um câmbio reduzido para o dólar, o que deixa as passagens aéreas mais baratas. Para alguns destinos, principalmente nas praias caribenhas, vale a pena aderir aos pacotes ‘all inclusive’ (com hospedagem, passeio e alimentação já incluídos).
8. Compra de moeda
A estratégia mais indicada costuma ser comprar a moeda do país de destino regularmente, sempre que houver uma queda na cotação. Mas Mauro Calil sugere fazer a compra de uma vez se identificar uma taxa especialmente boa. Ele também recomenda que em países como a Argentina, onde o comércio recebe dólar, levar a maior parte do dinheiro nessa moeda e ir trocando de acordo com a necessidade de gastos. “Leve o máximo possível em espécie e use o cartão de crédito somente em casos de emergência”, diz ele.
Esta matéria foi publicada originalmente na edição 216 da revista Você S/A e pode conter informações desatualizadas
Você S/A | Edição 216 | Julho de 2016