Os presidentes da Blue Tree, Cielo, Elektro e Grupo Boticário contam como chegaram ao topo
Empresários listam habilidades que acreditam terem sido fatores importantes para alcançar o sucesso profissional.
São Paulo – Para atingir o sucesso profissional é necessário um equilíbrio de diversas habilidades e competências comportamentais, de gestão e técnicas. É o que descobriu Marcelo Veras, presidente da Inova Business School, de Campinas, ao realizar uma pesquisa com diretores, vice-presidentes e presidentes de empresas nacionais e perguntar: “Quais competências o trouxeram até aqui e como você definiria cada uma delas?”.
Confira a seguir o que os presidentes da Blue Tree Hotels, Cielo, Elektro e do Grupo Boticário responderam em relação ao segredo do sucesso profissional que alcançaram.
1. “Falar e fazer”: Rômulo Dias, 54 anos, presidente da Cielo
– Competências em destaque: Cultura geral e respeito à diversidade, gestão de erros, autenticidade.
“Ninguém faz nada sozinho, não tem mais lugar para o ‘SuperCEO’. Não acredito na liderança por conflito, acho que as opiniões divergentes devem ajudar a pensar que caminho seguir. Mas, quando se toma a decisão, precisa ir até o fim. Claro que é necessário ter uma inquietude e pensar no que pode dar errado. É a paranoia no bom sentido. Mas o mais importante é não ter dissonância entre o que falo e o que faço. Por isso, não uso máscaras. Quando erro, reconheço e digo que irei corrigir. Sou assertivo, tenho opiniões fortes e já passei do limite por isso. Mas preciso dosar, porque, como líder, todos prestam atenção no que você faz e fala. Se estou muito concentrado em um problema, fico absorto e podem me perguntar se estou bravo. Isso é algo em que presto atenção.”
2. “Foco no objetivo final”: Márcio Fernandes, 40 anos, presidente da Elektro
– Competências em destaque: Empreendedorismo, gestão de pessoas e autonomia.
“Gosto de problemas. Onde não tem problema não tem oportunidade. Um ponto de virada na minha carreira foi quando eu era gerente júnior na Elektro e decidi pegar um projeto de que todo mundo na empresa tinha medo: organizar nossos contratados. Era um trabalho inglório e que nada tinha a ver com minha área, que era TI. Deu medo, mas o projeto gerou uma revolução na empresa. O que me inspira é minha paixão em ajudar as pessoas. Como líder, me faz muito bem trabalhar no desenvolvimento das pessoas e ajudá-las a notar que estão crescendo. E adoro mudar as coisas, inclusive o que está bom, porque precisamos de movimento. Para sair da zona de conforto, só assim. Eu sofria muito com a ansiedade no começo, mas consegui transformá-la em motor. Antes, também era péssimo para falar em público, hoje, falo com 5 000 pessoas como se estivesse na sala de casa. Isso é mais fácil quando você consegue enxergar o objetivo final desde o começo, e consegue estrategicamente materializar aonde vai chegar.”
3. “Dedicação constante”: Chieko Aoki, 67 anos, presidente da Blue Tree Hotels
– Competências em destaque: Comprometimento e execução, trabalho em equipe e visão inovadora.
“Sempre busco a perfeição e sou detalhista. Já tive dificuldade com o inglês, por exemplo, e não me conformava. Fui para a escola, estudei muito até dominar o idioma. Tudo que faço levo a sério e me dedico integralmente. Sempre penso no serviço que estou oferecendo e em inovar. Tenho que ver longe, pensando no serviço, no custo e na equipe, pois quero as pessoas felizes. Se uma camareira diz que está com dor nas costas, busco uma solução. Gosto muito de compartilhar, não de decidir sozinha. Os outros têm uma percepção das coisas que você não tem. Mas, quando resolvo, não fico me perguntando se vai dar certo, só sei que vou fazer meu melhor. Tem hora que perco, tem hora que ganho. No final, o que importa é que você avançou um pouco e se transformou.”
4. “Enxergar longe”: Artur Grynbaum, de 47 anos, presidente do Grupo Boticário
– Competências em destaque: negociação, tomada de decisão e visão sustentável.
“Algo que treinei muito em minha carreira foi a comunicação, porque preciso passar uma mensagem com eficiência para todos. É algo importante, pois, mesmo com toda a minha experiência no varejo, tenho que transmitir minha visão aos outros. Não basta só entender o cliente, por exemplo, é necessário entender a cadeia de valor, os parceiros de negócio, o mercado. Gosto de valorizar a diferença e de olhar para fora – assim você aprende muito. Lembro que em 1996 o Boticário estava em um ótimo momento, tínhamos a marca, 1 100 lojas espalhadas pelo país, mas senti que podíamos fazer melhor. Foi difícil convencer a todos de mudar algo que estava indo bem, ninguém queria. Isso exigiu que eu tivesse uma visão de negócio ainda mais ampla para movimentar as mudanças que eu queria ver. Transformamos o modelo de gestão e de distribuição dos produtos. Para isso, me inspirei no que via fora do mercado local.”
Esta matéria faz parte da reportagem “20 competências essenciais para você ser um bom líder”
Você S/A | Edição 212 | Março de 2016