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Airbnb estreia na bolsa e ações sobem impressionantes 113%

Com essa alta, quase não tem graça contar que o Ibov recuperou os 115 mil pontos.

Por Monique Lima, Tássia Kastner
10 dez 2020, 20h06
 (Tiago Araujo/Você S/A)
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Dá para ganhar US$ 53 bilhões em um só dia? Foi o que aconteceu com o Airbnb nesta quinta-feira (10), no primeiro pregão de negociação das ações na Nasdaq. Sim, o valor de mercado mais que dobrou. Agora o gigante das hospedagens (quase) alternativas vale US$ 100 bilhões. Uma loucura. Dá mais que o Expedia e a rede hoteleira Marriott juntos.

A disparada foi logo na abertura. Quem comprou as ações no IPO (oferta pública inicial de ações, na sigla em inglês) desembolsou US$ 68. Quando o ticker ABNB começou a piscar nos home brokers americanos, já estava em US$ 146. O dia terminou com o papel a US$ 144,71 ou seja, alta de 112,8%.

Existem duas leituras possíveis para essa disparada impressionante: 1) o Airbnb conseguiu convencer investidores de que é um dos vitoriosos da pandemia (apesar de o setor de viagens como um todo ter sido levado à lona pelo vírus). 2) pode ser algo um tanto parecido com uma bolha.

Como foi que a companhia seduziu os investidores? Afirmou ter inventado um novo tipo de viagem ao mesmo tempo que estimula economias locais, essa história a gente conhece desde 2008. Disse ainda ser uma cura para a solidão e que é uma forma de “turismo saudável”, uma mensagem direta sobre o mundo com covid.

Eis os números recentes da empresa: de janeiro a setembro, a empresa teve receita de US$ 2,5 bilhões, menos que os US$ 3,7 bilhões do mesmo período de 2019. No mesmo período, o prejuízo foi de US$ 697 milhões, mais que o dobro do ano passado. Mas a verdade é que, olhando apenas o terceiro trimestre, as receitas se recuperaram e a companhia até registrou lucro e ele foi o maior de sua história, US$ 219 milhões.

E falando de novatas na bolsa, isso é ainda mais impressionante. Segundo o jornal The New York Times, 80% das empresas que estrearam nas bolsas americanas neste ano dão prejuízo.

Mas, claro, o Airbnb ainda tem desafios: crescem os processos por festas realizadas nas casas alugadas pela plataforma e a reação de governos, que limitam a atuação em grandes cidades do mundo para evitar uma distorção nos valores dos aluguéis de quem realmente busca uma casa para morar.

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Por isso, alguns investidores e analistas se mostraram céticos com a disparada dessa magnitude e dizem que será preciso entregar resultados e crescimento muito maiores para atingir as expectativas do mercado. Não se salta 113% impunemente.

A verdade é que o mercado de ações americano anda bastante inflado e renova recordes com frequência. (Oi, Tesla, tudo bem com a tua alta de 650% no ano?)  É que há tanto dinheiro sendo jogado de helicóptero na economia que fica mais fácil arriscar em companhias novatas e que ainda vão comer bastante feijão com arroz para entregar resultados. 

Essa festa do Airbnb acabou ajudando as empresas de tecnologia como um todo. O índice Nasdaq fechou no azul (0,54%), enquanto S&P (-0,13%) e Dow Jones (-0,24%) caíram. 

De volta à terrinha 

Depois de andar “de lado” a semana inteira — com aquele famoso sobe um pouquinho, desce um pouquinho –, hoje o Ibovespa resolveu correr atrás do prejuízo. Totalmente descolado das bolsas gringas, o principal índice brasileiro voltou aos 115 mil pontos. Subiu 1,88% e terminou o dia em 115.128 pontos. É a primeira vez que o Ibov encosta nessa marca desde fevereiro e agora está apenas 0,44% abaixo do fechamento de 2019.

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São muitos os fatores que podem ser apontados para o boom do Ibov no dia. Os bancos subiram bem depois que o Banco Central sinalizou que pode voltar a elevar a Selic mais cedo que esperavam os economistas. Teve ainda a alta no preço do petróleo, que sempre dá uma mão para as petroleiras e o bom desempenho do minério de ferro, que ajuda a Vale e as siderúrgicas.

Mas, no geral, é uma recuperação de confiança no mercado brasileiro. Os estrangeiros voltaram a comprar Brasil e, apenas em dezembro, já entraram R$ 6 bilhões em ações. Novembro fechou com um saldo de R$ 30 bi, o que está ajudando a diminuir o rombo do ano.

Tanto dinheiro entrando fez o volume de negócios avançar: só hoje, giraram R$ 40 bilhões na B3 — a média diária do ano ronda os R$ 30 bilhões. 

E algumas empresas estão mesmo se saindo bem. A maior alta do dia é um exemplo. A CSN (ou Cia Siderúrgica Nacional, para os não íntimos) anunciou suas projeções para o fechamento de 2020 e para o quinquênio 2021-25. Neste ano, a expectativa é de um Ebitda (aquela sigla que significa lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização e indica quão saudável a empresa é, lembra?) na casa de R$ 11,2 bilhões — acima dos R$ 9,7 bilhões anunciados em relatório anterior divulgado pela própria. 

Outra métrica mais otimista foi a de alavancagem (que é a relação entre o Ebitda e o valor da dívida líquida). Antes estava estimada em 3x o Ebitda, agora caiu para 2,5x. Com isso, a projeção de investimentos em 2021 subiu de R$ 1,48 bilhão para R$ 1,6 bilhão.

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E, no longo prazo, de 2021 a 2025, a expectativa é de mais investimentos: R$ 6,1 bilhões em siderurgia e R$ 14 bilhões em mineração.

Tudo isso embalado pela alta do minério de ferro. O humor confiante dos investidores resultou em compras de ações da companhia. Com direito a subida forte de 10,50% — tá bem, nada que a gente disser depois dos mais de 100% do Airbnb vai parecer alta forte, a gente sabe. 

 

MAIORES ALTAS 

Cia. Siderúrgica Nacional: 10,50%

PetroRio: 6,08%

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Banco do Brasil: 5,20%

Sul América: 4,87%

Multiplan: 4,47%

 

MAIORES BAIXAS 

Suzano: −3,68%

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BRF: −2,51%

Magazine Luiza: −2,42%

Azul: −2,05%

Renner: −1,64%

 

Dólar: -2,60%, a R$ 5,0379 

 

Petróleo 

Brent: 2,84%, a US$ 50,25 o barril

WTI: 2,77%, a US$ 46,78 o barril

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