Ata do Fed e exterior dão gás nos futuros de NY enquanto Brasil remói Lula
Após as techs derreterem, Wall Street amanhece buscando algum consolo na ata do Fomc, que deve sinalizar uma alta de “apenas” 0,5 p.p. para o primeiro encontro do ano – e na inflação francesa, que deu sinais de cansaço.
Ano-novo, pauta velha: o mercado gringo se prepara para o segundo pregão de 2023 de olho na ata da reunião do Fomc nos dias 13 e 14 dezembro – o documento deve sair hoje, às 16h (aproximadamente 20 dias após o encontro, como é de praxe).
Em sua decisão derradeira de 2022, o comitê de política monetária americano optou por um aperto de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros dos EUA – o que alegrou os investidores após quatro altas seguidas de 0,75 p.p. ao longo do segundo semestre.
A mensagem que Powell deixou para o Natal é que o Fed pretende aprovar altas menores de agora em diante, para ter tempo de avaliar se as altas que já rolaram estão exercendo seu efeito esperado de esfriar a economia e conter a inflação.
Em qualquer país, o remédio da “Selic” mais alta demora alguns meses para se manifestar nos preços e na taxa de desemprego – e é importante esperar essas manifestações antes de sair distribuindo doses maiores ou menores.
Em novembro (o último mês com dados disponíveis), o CPI – que é o equivalente americano do IPCA – caiu para 7,1% nos últimos doze meses, a menor desde dezembro de 2021. Ou seja: algo está dando certo, a questão é determinar o quão certo.
Powell acredita que a dose final precisará ser maior – e que os juros deverão permanecer altos por mais tempo –, ainda que as altas ocorram em saltos menores de agora em diante.
Por isso, a expectativa dos investidores é que a ata da reunião passada tenha um tom mais otimista e sinalize 0,5 ponto percentual para o primeiro encontro de 2023, marcado para os dias 31 de janeiro e 1º de fevereiro.
Os futuros de Nova York amanheceram em alta (até a Tesla está subindo no pré-market) após um derretimento das techs derrubar os índices no pregão inaugural do ano em Wall Street, na terça. Além das boas expectativas para a ata, a euforia matinal após um dia deprê contou com a contribuição de notícias do exterior.
A inflação francesa, em dezembro, finalmente deu sinais de cansaço. Após passar outubro e novembro na marca de 6,2% em doze meses, o dado caiu para 5,9% – totalmente na contramão das previsões, que falavam em 6,4%. Enquanto isso, na Ásia, a bolsa de Hong Kong foi às alturas após uma agência reguladora chinesa autorizar os planos de expansão da Alibaba.
(Para o Brasil, diga-se, não teve canja: o minério de ferro está caindo na rabeira das preocupações já usuais com a covid, o que não é bom para Vale e companhia aqui na B3 – e ajuda a puxar o índice como um todo para baixo.)
Falando em Brasil… Bom, você já sabe: não houve paz entre Faria Lima e Lula desde a posse. O Ibovespa caiu duas vezes nos dois pregões sob o novo governo, e os prospectos para hoje não são dos melhores.
A queda de ontem foi um oferecimento de Carlos Lupi, ministro da Previdência. Ele falou que vai rever a reforma de Bolsonaro, e que vai provar que o sistema previdenciário não é deficitário. Bobagem. Ele não tem poder para isso, e não existe contabilidade criativa para dizer que a Previdência é superavitária.
Enquanto isso, a limpeza do caos deixado por Bolsonaro continua. O novo ministro Wellington Dias, da pasta de Desenvolvimento Social, anunciou a intenção de perdoar a dívida de quem usou o Auxílio Brasil para pegar empréstimos consignados – uma medida eleitoreira polêmica de Bolsonaro, já que o juro desses empréstimos está em 50,23% ao ano (e que o objetivo do Auxílio supostamente era garantir segurança alimentar e habitacional, e não aprisionar pessoas de baixa renda em dívidas impagáveis).
Por fim, hoje é dia de dois figurões assumirem, e seus discursos podem interessar. Alckmin toma posse às 11h do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, e Marina Silva assume às 16h o Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas.
Diante de tudo isso, nem adiantou Haddad anunciar um pacote de reajuste fiscal de R$ 223 bilhões para este ano, numa tentativa de pôr ordem nas contas. Ninguém deu ouvidos ao ministro, já estigmatizado pela desoneração dos combustíveis que não foi capaz de evitar.
Bons negócios,
Futuros S&P 500: 0,35%
Futuros Nasdaq: 0,53%
Futuros Dow: 0,24%*
às 8h12
Perdeu US$ 200 bilhões: o drama de Elon Musk
Em janeiro de 2021, Elon Musk se tornou a segunda pessoa do mundo a acumular uma fortuna pessoal de US$ 200 bilhões – a primeira foi Jeff Bezos, apenas alguns meses antes. Agora, o dono da Tesla/Twitter/Space X bateu outro recorde: se tornou a primeira pessoa do mundo a perder US$ 200 bilhões. No ápice da bonança, em 4 de novembro de 2021, seu patrimônio era de US$ 340 bilhões. Fortuna que acompanhava o desempenho das ações da Tesla: naquele dia, os papéis fecharam no pico histórico de US$ 404,62.
Mas a companhia entrou em período de vacas magras em 2022, com o drama do Twitter. No ano, as ações da empresa despencaram mais de 70%. E a grana de Musk foi junto. Agora, de acordo com o índice de Bilionários da Bloomberg, seu patrimônio é de US$128 bilhões.
Brasil, 9h: IBGE divulga o Índice de Preços ao Produtor de novembro;
Brasil, 11h: Alckmin assume como ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior;
Brasil, 14h: entrevista de Haddad ao Valor Econômico;
EUA, 16h: Fed divulga ata da reunião de dezembro.
Índice europeu (EuroStoxx 50): 1,56%
Bolsa de Londres (FTSE 100): 0,52%
Bolsa de Frankfurt (Dax): 1,24%
Bolsa de Paris (CAC): 1,50%
*às 8h17
Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): 0,13%
Bolsa de Tóquio (Nikkei): -1,25%
Hong Kong (Hang Seng): 3,22%
Brent: -2,42%, a US$ 80,11 o barril
*às 8h17
Minério de ferro: -0,94%, a US$ 115,35 a tonelada, na bolsa de Cingapura
‘Richcession’: a crise que pode afetar os mais ricos em 2023
Crises econômicas costumam acentuar a desigualdade de renda: enquanto pobres ficam bem mais pobres, ricos ficam só… incomodados com a situação. Mas dessa vez, caso a tão temida recessão de 2023 se concretize, o cenário pode ser diferente nos Estados Unidos. Por lá, o grosso do mercado de trabalho – tipo comércios locais, indústria e agricultura – continua a todo vapor. Nesses setores, que costumam concentrar mão de obra menos qualificada, a demanda por trabalhadores continua maior que a quantidade de pessoas procurando emprego. Agora, quem está puxando a desaceleração são as techs, que retêm mão de obra mais qualificada (e bem paga). Esta reportagem do Dow Jones, traduzida pelo Valor, analisa a situação.
A guarda compartilhada de Mickey Mouse
É oficial: Mickey Mouse se tornará domínio público daqui um ano. Mas só uma das versões dele. A de “O Vapor Willie”, o curta-metragem de 1928 que apresentou o personagem ao mundo. Naquela época, Mickey não falava, tinha um focinho mais parecido com um de rato de verdade, um rabo longo e não tinha pupilas. Qualquer outra versão que fuja dessas características continua sob domínio da Disney – empresa que tem fama de levar a coisa da propriedade intelectual brutalmente a sério. O New York Times conta como a companhia vem se preparando internamente para continuar com o máximo de controle possível sobre o seu personagem principal.