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Banco Inter sobe 25% após Stone anunciar investimento de R$ 2,5 bi

Com 10,2 milhões de correntistas e objetivo de se firmar como super app, Inter deve listar suas ações na Nasdaq. A ideia é se vender como tech, e não banco.

Por Tássia Kastner
Atualizado em 24 Maio 2021, 18h48 - Publicado em 24 Maio 2021, 18h43
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 (Laís Zanocco/VOCÊ S/A)
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Eis uma frase com duas cifras mastodônticas. O Inter subiu 25% na bolsa nesta segunda após anunciar que a empresa de maquininhas Stone vai aportar R$ 2,5 bilhões no negócio. Se já não era notícia bombástica o bastante, o banco da família Menin (também dona da construtora MRV e do canal brasileiro da CNN) anunciou que pretende listar suas ações na Nasdaq, a mesma bolsa onde são negociados os papéis da nova sócia.

A entrada da Stone  é uma marca realmente impressionante para a instituição de Belo Horizonte, que vem de uma sequência de parcerias e anúncios. Os mais recentes eram um pouco mais modestos, ok, acordos com seguradoras e com o Banco ABC para atuação mais firme no mercado de capitais.

O Inter nasceu há décadas como Banco Intermedium, voltado a operações de crédito apoiadas na MRV. Lá por 2015, a família Menin decidiu começar um processo de transformação digital, uma estratégia de sobrevivência no mundo financeiro que começava a ser povoado por fintechs. Alcançou 10,2 milhões ao final do primeiro trimestre.

Justiça seja feita, eles começaram cedo e com planos bastante ambiciosos. Hoje o negócio está estruturado em cinco pilares (que eles chamam de avenidas): o banco tradicional (serviços de conta), investimentos, seguros, shopping e crédito. É que em 2019 o Inter deu os primeiros passos para se tornar um super app, seguindo o que já existe na China com o WeChat, por exemplo.

O que conta para qualquer dono de aplicativo, aqui ou na China, é quanto tempo você passa nele. A audiência aumenta o potencial de novas vendas. E, vamos combinar, você passa um tempo infinitamente menor no app do banco do que no WhatsApp. Desde 2019, então, o Inter  começou a vender outras coisas pela plataforma, como eletrônicos, roupas e até passagens aéreas. O caminho foi seguido pelo C6 e também será replicado pelo banco da XP, é bom dizer.

O que o Inter faz é a ponte com os fornecedores, como grandes varejistas, e ganha uma comissão a cada venda concretizada. Para que o cliente tenha um incentivo para usar o app do banco em vez de ir direto para a loja, o Inter faz um afago com um cash back, devolve uma parte da comissão. Dos 10,2 milhões de clientes, pouco mais de 1,7 milhão já faz compras pelo Inter. 

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Uma coisa que o Inter ainda não faz bem é ganhar a tarifa da maquininha de cartão, quando alguém faz uma compra. Nisso, há a expectativa de que a Stone poderá ajudar (esse, é claro, é só um exemplo banal). A Stone terá um lugar no conselho de administração do banco. Ela entrará no negócio com emissão de novas ações do Inter na bolsa (um follow-on). A ideia é que a captação de recursos seja maior, com outros investidores ajudando a financiar a expansão.

Ações na lua

Esse plano de ser um super app, ainda que em estágio inicial crescimento, já fazia investidores locais avaliarem o Inter como uma empresa mais parecida com de tecnologia do que com um banco. E isso significa pagar valores que podem ser considerados exorbitantes pelas ações.

Desde o IPO em 2018, as ações já subiram mais de 300%. As units (os papéis que estão no Ibovespa) hoje fecharam a R$ 223,29, garantindo uma valorização acumulada de 132% só em 2021.

Os papéis do Inter negociam a um P/L de 9.303. Significa que, considerando o lucro dos últimos 12 meses, um investidor que comprasse o papel hoje levaria 9 mil anos para recuperar o investimento.

Claro que, quem aposta no banco hoje espera uma alta acelerada nos lucros, tal qual as expectativas para empresas de tecnologia listadas nos EUA. A Tesla, que vinha sendo o símbolo dessa confiança no crescimento de lucros, anda negociando a um P/L de 600 vezes (empresas ditas normais têm múltiplo de 30 vezes). 

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No resto do mercado

Bem depois que entregamos o Fechamento de Mercado da sexta-feira, a Marfrig confirmou que havia comprado um caminhão de ações da BRF e havia alcançado 24,23% do capital da companhia de aves e suínos.  Segundo o documento, a ideia é diversificar os investimentos, já que a Marfrig é concentrada em carne bovina. 

O mercado financeiro continua confuso com a decisão da empresa controlada por Marcos Molina, e as ações tiveram novo dia de baixa. Por um momento do dia, elas chegaram a liderar as baixas, mas acabaram amenizando o ritmo e terminaram com baixa modesta (-0,44%). A BRF também caiu, mas em um típico movimento de realização de lucros após a disparada de 16% na sexta. A maior jogada da bolsa em anos ainda renderá no mercado.

O fato é que o noticiário corporativo ajudou a capturar o investidor e tirar a bolsa brasileira do dia da marmota que se tornou o medo da inflação nos Estados Unidos. O Ibovespa subiu 1,17%, para 124.031 pontos, cruzando a marca pela primeira vez desde janeiro. 

Nem importou para o mercado financeiro que o presidente Jair Bolsonaro, mais uma vez, quer fazer caridade com o chapéu alheio. Após o evento (por falta de palavra melhor para definir o “passeio”) de moto no Rio, ele começa a se mexer para isentar pedágios de motos em um afago a apoiadores. A conta, você já sabe, vai ser socializada com os donos de carros, caminhões e outros veículos.

O mercado financeiro fez que não viu. Pegou carona no Inter e no dia positivo lá fora. Resta saber quais serão as próximas emoções corporativas para o Ibovespa continuar sua marcha à máxima histórica de 125.076,63. Falta pouco. 

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MAIORES ALTAS

Banco Inter 24,83%

Magazine Luiza 7,93%

Locaweb 7,54%

PetroRio 6,55%

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Lojas Americanas 5,53%

MAIORES BAIXAS

Gerdau -2,80%

BRF -2,67%

Iguatemi -2,14%

Gerdau Metalúrgica -1,93%

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Gol -1,84%

Ibovespa: +1,17%, a 124.031.62 pontos

Dólar: -0,53%, a R$ 5,3247

Nova York

Dow Jones: +0,54%, a 34.393 pontos

S&P 500: +0,99%, a 4.197 pontos

Nasdaq: +1,41%, 13.661 pontos

Petróleo

Brent: +3%, a US$ 68,43

WTI: +3,71%, a US$ 65,94

Minério de Ferro

-4,14%, a US$ 192,42 a tonelada no porto de Qingdao

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