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Bitcoin derrete 16% e todas as criptomoedas do mundo valem menos de US$ 1 tri

Ninguém escapou do ataque do urso: S&P 500 desaba quase 4% e entra em bear market. Ibovespa cai 2,7%, menor patamar desde 10 de janeiro. Há luz no fim do túnel?

Por Bruno Carbinatto, Tássia Kastner
13 jun 2022, 17h42
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 (Caroline Aranha/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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O urso chegou, e não teve onde se esconder.

A segunda-feira começou em total caos para os mercados globais: queda de quase 4% no S&P 500, e tombo de mais de 4,5% no Nasdaq. A brasileira afundou 2,7% para o menor patamar desde janeiro. O dólar voltou a R$ 5,11, uma alta de 2,54%. Claro que ia sobrar também para as criptomoedas. O bitcoin, principal cripto, desabou 16% nas últimas 24 horas e voltou ao patamar dos US$ 23 mil, o menor desde dezembro de 2020.

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A sangria foi generalizada. Somado, o valor de mercado de todas as criptos caiu para US$ 970 bilhões, perdendo o patamar do 1 trilhão pela primeira vez desde janeiro de 2021, segundo o CoinMarketCap. Em novembro do mesmo ano, o mercado total das criptos chegou a se aproximar dos US$ 3 tri, e desde então vem em queda.

O colapso de hoje foi impulsionado pela notícia de que a plataforma Celsius suspendeu os saques e transferências dos ativos na noite de domingo, o que fez as criptos já começarem o dia desabando. Aí pela manhã foi a vez da Binance, maior plataforma do setor, suspender temporariamente o saque de bitcoins, que foi retomado algumas horas depois.

Mas o buraco, é claro, é mais embaixo: os bloqueios (se fosse em bancos você chamaria de confisco, mas vamos lá) são um efeito colateral previsível do desmoronamento do mercado financeiro global agora que a era do dinheiro barato tem data para acabar. As criptos são as primeiras a estourar.

Os entusiastas da pirotecnia cripto tentaram defender, ao longo de anos, que elas eram uma alternativa a ações, moedas e outros ativos. A cada colapso do mercado, fica claro que elas são ainda mais perigosas.

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Não há ninguém que se salve. O S&P 500, maior e mais amplo índice acionário americano, fechou em queda de 3,88%. Isso coloca o índice oficialmente em bear market – a marca que descreve uma queda de 20% em relação ao seu mais recente pico. A hemorragia foi ainda maior no Nasdaq (-4,68%) que reúne as ações de tecnologia da bolsa americana, notavelmente mais sensíveis ao combo inflação + juros. O Nasdaq abraçou o urso há mais tempo, em 7 de março. 

O que há de novo? Não muito, na verdade. O aumento dos preços no mundo e a certeza de que o Fed, banco central americano, vai aumentar os juros várias vezes nos próximos meses já machuca o mercado há um bom tempo. A diferença é que, se ainda restava algum pingo de otimismo entre investidores, ele foi enterrado na última sexta-feira.

Foi neste dia que o CPI de maio, índice que mede a inflação nos EUA, foi divulgado, e surpreendeu (negativamente) o mercado. Todo mundo já esperava que ele viesse alto, mas que, pelo menos, mostrasse uma desaceleração em relação a abril, quando a inflação já havia batido o seu maior nível em 41 anos. Ou seja, a expectativa era que, pelo menos, o problema parasse de piorar.

Não foi o que aconteceu. A inflação subiu 1% só no mês, um nível digno de Brasil, mas para território americano. No acumulado de 12 meses, a alta é de 8,6%, acima dos 8,5% de abril.

Agora, todo mundo espera que o Fed fique ainda mais agressivo. Para as próximas duas reuniões, esperava-se aumentos de 0,50 pontos percentuais  na “Selic” deles. Agora, já há quem aposte em aumentos maiores, de 0,75 p.p em pelo menos uma das decisões. Como o Fed já sinalizou uma alta de 0,50 p.p. para a reunião desta quarta, é improvável que venha um movimento mais agressivo. Porém, os olhos dos investidores estarão para as dicas dos próximos passos do órgão, e, se realmente sinalizações de um pulo de 0,75 p.p na reunião de julho, os piores medos dos investidores estarão confirmados. 

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O aumento de juros já machuca, por si só, as bolsas, porque torna a renda fixa mais atrativa e a variável menos interessante. Mas o problema não para por aí. A onda de inflação que os EUA (e o mundo) enfrentam não ocorre somente porque há muito dinheiro circulando na economia. O problema (também) é de oferta: a guerra na Ucrânia fez o petróleo disparar, o que aumenta o preço dos combustíveis e de basicamente tudo como consequência. Também afetou o comércio de alimentos, em especial produtos como trigo. Os lockdowns repentinos e duradouros na China, por sua vez, reiniciaram o pesadelo logístico da pandemia, causando uma série de entraves na cadeia produtiva global.

Em suma: subir juros pode até ajudar, mas não faz as coisas caírem do céu. Daí, o mundo  deve enfrentar o pior cenário possível: quando a economia esfria por conta dos juros altos e entra em recessão, mas os preços continuam nas alturas mesmo assim. Estagflação.

É nisso que a maioria dos peixes grandes do mercado vem apostando nas últimas semanas, como Elon Musk e os bancões JP Morgan e Goldman Sachs. Hoje, foi a vez do CEO do Morgan Stanley injetar sua dose de pessimismo: disse que, agora, vê o risco de recessão na economia americana em 50% – antes, ele calculava apenas 30%.

Autoridades da política econômica como Jerome Powell, presidente do Fed, e Janet Yellen, Secretária do Tesouro dos EUA, continuam insistindo que não há sinais de recessão próxima. Mas ninguém acredita muito. Vale lembrar que, há pouco tempo, eles também diziam que a inflação seria “transitória” para justificar os juros baixos por tanto tempo – isso enquanto muita gente já avisava que não seria bem assim. Hoje, ambos admitem que estavam errados e subestimaram o aumento dos preços.

Ibovespa

Sabe aquela comemoração de que a bolsa brasileira estava descolada do exterior? Acabou. O Ibovespa caiu 2,73% e fechou em 102.598 pontos, o menor patamar desde 10 de janeiro de 2022.  Das 92 ações do índice, só 4 fecharam no azul. É daqueles dias que nem adianta tentar gastar explicação. Está tudo nos EUA.

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Também por causa deles, o dólar disparou 2,54% e voltou com força para cima dos R$ 5, fechando aos R$ 5,1151. 

Uma melhora nesse cenário vai depender do que Jerome Powell e seus amigos têm a nos dizer sobre a economia dos EUA. Nos resta esperar. Até amanhã.

Maiores altas

Cielo (CIEL3) 1,32%

Suzano (SUZB3) 0,70%

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EDP (ENBR3) 0,64%

Taesa (TAEE11) 0,30%

Maiores baixas

Gol (GOLL4) -14,46%

CVC (CVCB3) -11,72%

Méliuz (CASH3) -11,11%

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Azul (AZUL4) -10,92%

Via (VIIA3) -9,89%

Ibovespa: -2,73%, a 102.598 pontos

Em NY:

S&P 500: -3,88, a 3.750 pontos

Nasdaq: -4,68%, a 10.809 pontos

Dow Jones: -2,79%, a 30.518 pontos

Dólar: 2,54%, a R$ 5,1151 

Petróleo

Brent: 0,21%, a US$ 122,27

WTI: 0,22%, a US$ 120,93

Minério de ferro: -3,77%, a US$ 135,87 por tonelada no porto de Qingdao

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