Bola das bolsas chega ao fundo do poço e dá uma quicada
Manhã é de alta após o tombo violento da segunda-feira. Mas o receio de que os aumentos nas taxas de juros criem uma recessão lá na frente segue assombrando os mercados.
Os futuros americanos sobem em um movimento de recuperação depois da queda de ontem (-3,20% no S&P 500), que levou os três principais índices ao nível mais baixo do ano. Ainda assim, a preocupação com a inflação, os aumentos nas taxas de juros e uma possível recessão econômica mais adiante mantém os investidores à beira de um ataque de nervos.
O minério de ferro está em seu terceiro dia de queda com as restrições cada vez mais rigorosas na China. A preocupação de que os lockdowns para controlar a covid reduzirão a demanda fizeram com que a commodity se desvalorizasse mais de 10% nos últimos pregões.
O petróleo também registra queda (-2,06%, a US$ 103,76) em meio às discussões da União Europeia sobre as sanções propostas à Rússia. O grupo quer aplicar novas barreiras econômicas, mas a Hungria ameaça não votar o novo pacote enquanto não for apresentada uma proposta de segurança energética. A Bulgária também já se pronunciou dizendo que é contra a proibição de compra do petróleo russo.
Enquanto a terça aponta para alguma recuperação, as atenções ficam voltadas para a CPI, o indicador de inflação dos EUA. Os números podem ajudar o mercado a especular se o Federal Reserve vai manter a postura de reajustes de 0,5 ponto percentual nos juros, ou se vai partir para o 0,75.
Seja qual for a decisão, o risco de recessão é real. O PIB dos EUA já fechou o primeiro trimestre em baixa de 1,4% na taxa anualizada (o que significa 0,35% na taxa trimestral de fato, que o resto do mundo usa). Note que os juros só começaram a subir no finalzinho do período, dia 16 de março. Ou seja: o dinheiro ainda não estava mais caro. Agora já está – o que deve afetar os resultados das empresas.
Falando nos resultados, a temporada de balanços atual segue forte, mas dá alguns sinais de cansaço nas entrelinhas. Até sexta-feira passada, a porcentagem de empresas do S&P 500 que superam as estimativas de lucro por ação está acima da média de cinco anos. Mas a magnitude desses resultados positivos está abaixo da média do período – ou seja, as empresas seguiram crescendo no último trimestre, mas com números menos surpreendentes.
De acordo com os dados da empresa FactSet, 87% das companhias do S&P 500 relataram lucro para o primeiro trimestre de 2022. E dessas empresas, 79% registraram lucro por ação acima das estimativas (a média dos últimos cinco anos é de 77%). Acontece que esses balanços estão “só” 4,9% acima das estimativas, sendo que a média é de 8,9%.
Isso, de novo, para um trimestre em que os juros ainda estavam a zero. Para os próximos, o cenário tende a ser menos brilhante. E isso vai tragando as bolsas para baixo. Ainda que, ao menos nesta manhã, a bola tenha dado uma quicada lá do fundo do poço.
Bom dia.
Futuros S&P 500: 0,90%
Futuros Nasdaq: 1,40%
Futuros Dow: 0,76%
*às 7h35
Índice europeu (EuroStoxx 50): 1,22%
Bolsa de Londres (FTSE 100): 0,67%
Bolsa de Frankfurt (Dax): 1,43%
Bolsa de Paris (CAC): 0,88%
*às 7h35
Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): 1,09%
Bolsa de Tóquio (Nikkei): -0,58%
Hong Kong (Hang Seng): -1,84%
Brent: -2,06%, a US$ 103,76
Minério de ferro: -1,96%, US$ 126,80 em Cingapura
*às 7h35
09h O IBGE divulga a Pesquisa Mensal do Comércio com os dados das vendas no Varejo em março
Compra da Extrafarma
A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo do Cade recomendou a aprovação da venda da Extrafarma para a rede Pague Menos. A única recomendação é que sejam vendidas, pelo menos, 3% das 399 lojas da Extrafarma – umas 12 unidades – para eliminar preocupações quanto à concorrência. A aquisição foi confirmada em maio do ano passado. A Pague Menos desembolsou R$ 700 milhões para comprar a rival e o negócio a tornará a segunda maior drogaria do país, atrás apenas da Raia Drogasil. Ontem, as ações da Pague Menos caíram 0,72%.
Economia russa
O Ministério das Finanças russo diz que o país enfrenta a contração econômica mais profunda dos últimos 30 anos, quando a União Soviética caiu. Por conta da guerra e das sanções impostas por EUA e União Europeia, o PIB russo deve encolher até 12%. As previsões do Ministério, do Banco da Rússia, do FMI e da Bloomberg variam em uma contração entre 8% e 10%.
Rumo a Dubai
Magnatas russos estão se mudando em peso para Dubai e Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. Além de não evitarem negócios com o país do leste europeu, os Emirados também liberaram vistos a oligarcas russos que não têm seus nomes nas listas de sanções dos EUA e da UE. Só no primeiro trimestre, as compras de imóveis em Dubai por russos cresceram 67%. Empresas russas também estão mudando suas operações para lá. Leia aqui.
Após o pregão, Telefônica, Qualicorp, CVC, Mobly, Alupar, BrasilAgro, CSU Cardsystem e Cury Construtora divulgam os seus resultados do primeiro trimestre. Lá fora, o dia é de balanço da Bayer, Nintendo, Electronic Arts, Sysco e Fox.