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Bolsas começam a semana lá embaixo ante a perspectiva de juros lá no alto

O fenômeno é global, só que no Brasil vem turbinado pelo braço de ferro entre Lula e o BC.

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 6 fev 2023, 08h45 - Publicado em 6 fev 2023, 08h43
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 (Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
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O mau humor que se abateu em Wall Street na sexta girou o mundo: fez as bolsas asiáticas fecharem no vermelho no pregão desta segunda, e empurra as europeias ladeira abaixo. Culpa da expectativa de que os juros nos EUA (e na Europa) seguirão em alta

No Brasil, dono do troféu de maior juro real do mundo, ainda há o agravante da rixa entre Lula e o BC. 

A coluna de Mônica Bergamo, na Folha, relatou no sábado: “O presidente Lula e ministros de seu governo consideram que o presidente do Banco Central, Roberto Campos, traiu a confiança que o governo depositava nele para dialogar e participar de um esforço conjunto”. 

Tal traição teria vindo na quarta-feira passada, quando o Copom manteve a Selic em 13,75% pela quarta reunião seguida e deixou claro que não via horizonte para cortes na taxa. No comunicado pós-manutenção, o Comitê de Política Monetária do Banco Central disse: “A conjuntura eleva o custo da desinflação necessária para atingir as metas estabelecidas”. 

A “conjuntura”, no caso, é a previsão de déficit primário monstruoso no Orçamento de 2023 para o Governo Central (Tesouro, Previdência e BC): R$ 231,5 bilhões, ante um superávit de R$ 54 bilhões em 2022 – o primeiro em 8 anos. 

Num cenário com previsão de rombo relevante, seria surpreendente o Banco Central acenar com uma baixa nos juros. Tanto o governo sabe disso que, após a aprovação do Orçamento,  Haddad anunciou um pacote de medidas visando aumentar a arrecadação e reduzir esse déficit – e, se tudo der certo, convertê-lo em um superávit de R$ 11 bilhões.

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O sucesso do pacote, porém, é uma incógnita. E o que está contratado no Orçamento é um rombo. Mesmo assim, Lula esperava contar com alguma expectativa de corte na Selic. Frustrado, passou a atacar o BC.  

O fato é que, independentemente do que acontece no Brasil, o mercado global abre a semana em baixa. 

Amanhã, Powell fala sobre a situação americana – e qualquer frase que soe levemente dovish ali pode mudar os rumos do mercado. 

Por aqui, também na terça, o Copom solta a ata da última reunião, detalhando as razões da manutenção da Selic. Ou seja: mais lenha para a fogueira. 

Bons negócios, na medida do possível.  

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Humorômetro - dia com tendência de baixa

Futuros S&P 500: -0,93%

Futuros Nasdaq: -1,13%

Futuros Dow: -0,77%

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*às 8h22

market facts

Números da Ford decepcionam

As ações da Ford caíram -7,61% na sexta-feira, a US$ 13,23. É que a montadora divulgou resultados decepcionantes para o quarto semestre do ano passado: lucro de US$ 1,3 bilhão, uma queda de 89,4% em relação ao mesmo período de 2021, de US$ 12,3 bilhões. O lucro por ação (a métrica favorita de Wall Street) ficou em US$ 0,51. No acumulado de 2022, a empresa teve prejuízo de US$ 2 bilhões – em 2021, ela teve lucro de US$ 17,9 bilhões.

O resultado veio junto com um quase-pedido-de-desculpas do CEO Jim Farley: “deveríamos ter feito muito melhor em 2022, mas estamos muito otimistas com 2023”. A empresa atribuiu as perdas ao aumento do custo de produção dos carros movidos a gasolina e mais investimento para produção de veículos elétricos.

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Agenda

Dia de agenda esvaziada

Europa

Índice europeu (EuroStoxx 50): -1,58%

Bolsa de Londres (FTSE 100): -0,89%

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Bolsa de Frankfurt (Dax): -1,21%

Bolsa de Paris (CAC): -1,59%

*às 8h26

Fechamento na Ásia

Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -1,32%

Hong Kong (Hang Seng): -2,02%

Bolsa de Tóquio (Nikkei): 0,67%

Commodities

Brent: 0.71%, a US$ 80,51 o barril

Minério de ferro: 0,89%, a US$ 125,89 a tonelada, na bolsa de Dalian

*às 8h28

Vale a pena ler:

Crédito pós Americanas e Oi

A Americanas entrou com seu pedido de recuperação judicial no dia 19 de janeiro. Treze dias depois, a Oi solicitou proteção contra credores à justiça – movimento que deve anteceder uma segunda recuperação judicial da companhia, que finalizou a primeira em dezembro do ano passado. Ou seja: quase ao mesmo tempo, duas gigantes brasileiras dizem aos credores que não conseguirão arcar com suas dívidas. E o efeito disso pode se espalhar pelo mercado. Aqui, o Globo explica porquê a dobradinha de crise deve dificultar e encarecer o acesso a crédito de outras empresas. 

Valor ou crescimento? 

Ação de tecnologia tende a ser sinônimo de “ação de crescimento” – papéis de companhias com o grande potencial de aumentar seu valor de mercado. O bear market que crucificou as bolsas dos EUA em 2022 mudou isso. Para a companhia de análise de mercado S&P Dow Jones Indices, por exemplo, as ações de crescimento da vez incluem empresas de energia de combustíveis fósseis. Nesta coluna do New York Times, Jeff Sommer explica como a categorização entre empresas de valor ou crescimento tem mudado.

Temporada de balanços

Após o fechamento do mercado: Itaú, BR Properties e BrasilAgro.

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