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Câmara aprova a pedalada nos precatórios

Texto da PEC coloca cerca de R$ 90 bilhões na mesa para o pagamento do Auxílio Brasil de R$ 400. Vitória do governo. Derrota da seriedade.

Por Juliana Américo, Alexandre Versignassi
Atualizado em 4 nov 2021, 08h40 - Publicado em 4 nov 2021, 08h28
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 (Laís Zanocco e Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
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Bom dia!

É um teste clássico da psicologia financeira. Você oferece um doce para uma criança. Diz que ela pode comer, mas que, se aguentar mais 15 minutos sem tocar no doce, ganha outro. Esses estudos acompanharam as crianças pelas décadas seguintes, e viram que as que aguentam o tempo extra tendem a se dar melhor na vida. 

O Brasil hoje mostrou que é uma grande criança que tende ao oposto: escolheu comer o doce de uma vez, e apertar o botão “F” para o resto.   

Depois de meses de discussão, a Câmara dos Deputados aprovou a PEC dos precatórios durante a madrugada de hoje. Passou, mas raspando: foram 312 votos a favor, sendo que o mínimo eram 308. A proposta é a principal aposta do Governo Bolsonaro para viabilizar o programa Auxílio Brasil até o final de 2022. Agora, ela segue para o Senado, onde precisa de 54 votos. 

A PEC tem dois pontos essenciais: 

1 – O governo deveria pagar R$ 89 bilhões em precatórios (dívidas judiciais das quais não cabe mais recurso) em 2022. Aprovada a Proposta de Emenda Constitucional, está liberado para pagar só R$ 39,9 bilhões. O resto fica oficialmente pedalado para 2023 e 2024. E os precatórios que vão vencer em 2023 e 2024? Vão se somar aos de hoje, colocando um peso maior nas contas da União lá para a frente. Ou seja: o pessoal segue a regra Guilherme Arantes: “Amanhã/Será um outro dia…”. Trabalha-se pela reeleição. Não há projeto de longo prazo, nem de médio. É como se o mundo acabasse em 2022.   

2 – O governo ganha mais R$ 35 bilhões extras ao mudar a regra de atualização do teto de gastos pela inflação. Sem a PEC, ele era (é) assim: você pega os gastos de 2020 e aplica a inflação entre junho de 2020 e julho de 2021. Aí aumenta o teto de acordo. Com a PEC, passa-se a calcular a inflação entre janeiro e dezembro de 2021 – simplesmente porque ela foi muito maior. Também entra na conta um retroativo, atualizando as inflações dos outros anos a partir de 2016 nesse novo modelo, pois Guedes entendeu que isso lhe seria favorável. Só com isso, o teto saltaria de R$ 1,609 trilhão para R$ 1,644 trilhão – a diferença de R$ 35 bilhões. 

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No cômputo geral, o pacote libera cerca de R$ 90 bilhões para o governo bancar a aventura eleitoreira do Auxílio Brasil de R$ 400 até as eleições.

E o mercado? A princípio, prefere a aprovação da PEC de uma vez à zona institucionalizada que viria no lugar para tentar viabilizar a reeleição. 

E a gente vai levando.

Bom fim de semana.

humorômetro: o dia começou com tendência de alta

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Agenda

09h30 O Ministério do Trabalho dos EUA divulga o número de pedidos de seguro-desemprego da semana passada.

10h A Anatel realiza o leilão do 5G. Serão ofertadas quatro faixas de radiofrequências e 15 empresas vão participar, entre elas estão a Claro, Vivo e TIM.

market facts

Qualidog

A Qualicorp entrou no mercado de planos de saúde para animais de estimação. Em parceria com a operadora Amigoo Pet, a companhia lançou um plano de assistência para cães e gatos com preços a partir de R$ 34,90. Entre as coberturas disponíveis estão o transporte emergencial, atendimento ambulatorial, consulta com veterinários generalistas e especialistas, vacinas, exames, cirurgias, internações, acupuntura, fisioterapia e assistência funeral.

Novos investidores

No terceiro trimestre, a B3 atingiu a marca de 4 milhões de contas de pessoas físicas. Segundo a bolsa brasileira, o número de CPFs – que é a quantidade real de investidores, já que uma mesma pessoa pode ter conta em diversas corretoras – é de 3,3 milhões. É uma alta de 30% em relação ao mesmo período do ano passado. As ações são os investimentos que mais atraem pessoas: são 2,9 milhões de CPFs. Em seguida estão os fundos imobiliários (1,5 milhão), ETFs (474 mil) e BDRs (265 mil).

Vale a pena ler:

Motor econômico

A indústria automotiva é responsável por cerca de 3% da produção econômica global. O problema, conforme relata o The New York Times, é que ela é uma das mais afetadas pela falta de semicondutores. Todas as montadoras estão sendo forçadas a reduzir a produção, demitir funcionários e aumentar o preço para os consumidores. O mercado todo acaba sofrendo. Além de fornecedores, a indústria do aço também já percebeu a redução na demanda; e o preço dos carros usados dispararam. Leia aqui (em inglês)

O custo da elite

Pesquisas compiladas pela BBC News (e traduzidas pela Folha de S. Paulo) mostram que os 10% mais ricos do mundo foram responsáveis ​​por cerca de metade das emissões globais de carbono em 2015. Além disso, na Europa, quase 11% das emissões residenciais são produzidas por 1% da população que mora em casas grandes. Leia o texto completo aqui.

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Alper

Banco ABC Brasil

Banco Pan

Burger King Brasil

BR Properties

Bradesco

CSU Cardsystem

Embraer

Eneva

Engie Brasil

JHSF

Minerva

São Carlos

Tegma

Tenda

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