Casa Branca diz que Putin vai invadir a Ucrânia na semana que vem. Petróleo sobe 3,3%.
EUA já tinham pedido ontem para que seus cidadãos deixassem a Ucrânia. Reino Unido, Holanda, Japão e Coreia do Sul fazem o mesmo apelo hoje. Mercado global tomba.
Até agora o caso da Ucrânia parecia uma versão geopolítica do programa do Datena. O perigo de guerra era iminente, com 100 mil soldados russos armados até a sola da bota na boca da fronteira, mas nada acontecia de fato. Enquanto isso, a Casa Branca fazia o papel de arauto do apocalipse, avisando o mundo que Putin iria invadir o país vizinho.
O contexto é aquele que não sai do noticiário há tempos. Putin pretende evitar a eventual entrada da Ucrânia na Otan, a aliança militar dos países ocidentais, que hoje existe basicamente para fazer frente ao poderio bélico da Rússia e da China. E, ao que tudo indica, está disposto a começar uma guerra para levar seu plano a cabo.
Tanto que os EUA pediram ontem (10) aos seus cidadãos para retirarem-se da Ucrânia. Mas hoje o bule ferveu de vez: Reino Unido, Holanda, Japão e Coreia do Sul fizeram a mesma coisa. O governo britânico foi incisivos: disse para que seus cidadãos fujam AGORA, “enquanto ainda há meios comerciais para fazer isso” (referindo-se aos voos, que seguem diários, e aos trens, que podem atravessar a fronteira com a Polônia).
E os EUA também demonstraram mais assertividade que o usual. A Casa Branca declarou: “Temos a informação de que Putin invadirá a Ucrânia antes do fim das Olimpíadas de Inverno”. O evento acaba dia 20. Ou seja: o presidente russo daria início ao conflito na semana que vem.
O tamanho do problema geopolítico é óbvio. De um lado, temos EUA, Europa e as democracias orientais de peso (Japão e Coreia do Sul), do outro, Rússia e seu guarda costas de dois metros, a China.
Prever que um recrudescimento dessa polarização, em caso de guerra, pode descambar num conflito global ainda é futurologia. É impossível cravar algo assim mesmo que Putin anexe a Ucrânia à Federação Russa – como fez com a região ucraniana da Crimeia em 2014. Mas o mercado vive de futurologia. Então as primeiras respostas já vieram.
O petróleo subiu mais 3,31% hoje, a US$ 94,44 – já que uma Rússia (membro chave da OPEP+) em guerra significaria uma baixa na oferta global.
Nos EUA, S&P 500 e Nasdaq tombaram: -1,92% e -2,81%, respectivamente.
Entre mortos e feridos, o Ibovespa fechou novamente no azul: 0,18%, aos 113.572 pontos. Cortesia de Petrobras (4,49% em PETR3; 4,01% em PETR4) e PetroRio (4,26%), catapultadas por Putin.
E também graças a um resultado extraordinário do Itaú no quarto trimestre, divulgado ontem após o fechamento de mercado. Enquanto a guerra não começa, vamos a ele.
Itaú: alta de 33% no 4T21
Alquimistas, os químicos da Idade Média, passavam boa parte do seu tempo em busca da “Pedra Filosofal”: uma substância lendária, que teria o poder de transformar metais ordinários em ouro. Agora, mil anos mais tarde, parece que alguém finalmente criou a Pedra Filosofal. Ela se chama Itaú.
O maior banco do país transformou um ambiente econômico de chumbo em lucros de ouro: alta de 32,9% no quarto trimestre de 2021 em relação ao 4T20, para R$ 7,1 bilhões, conforme divulgou na noite de quinta (10) após o fechamento de mercado.
Tudo isso num trimestre em que o seu maior concorrente entre os bancos privados, o Bradesco, amargou uma perda de 2,8% no “lucro recorrente” e de 42% no “lucro contábil” (entenda aqui a diferença). No acumulado do ano, o banco laranja fechou com um lucro de R$ 26,9 bilhões – 45% acima do de 2021.
O mercado aplaudiu: alta de 5,91%.
O Itaú tinha perdido o posto de banco mais valioso da América Latina para o Nubank em dezembro, quando a fintech roxa estreou na bolsa de Nova York com o preço somado de todas as suas ações beirando os R$ 300 bilhões.
De lá para cá o jogo virou. Em janeiro, as ações do Itaú subiram 21%. As do Nubank fizeram o caminho exatamente oposto: tombaram 21%. Ao longo do processo, o Itaú recuperou sua posição. E hoje o placar de valor de mercado está em Itaú 240 bilhões X R$ 205 bilhões Nubank – que hoje caiu mais 7,87% em Nova York, na esteira do sell off global.
Bom fim de semana.
Maiores altas
Itaú (ITUB4): 5,91%
Petrobras ON (PETR3): 4,49%
Itaúsa (ITSA4): 4,26%
Petrorio (PRIO3): 4,24%
Petrobras PN (PETR4): 4,07%
Maiores baixas
Magazine Luiza (MGLU3): -8,50%
Usiminas (USIM5): -7,45%
Azul (AZUL4):-5,84%
Via (VIIA3): -5,07%
Gol (GOLL4): -4,83%
Ibovespa: 0,18%, aos 113.572 pontos
Em Nova York
S&P 500: -1,92%, aos 4.417 pontos
Nasdaq: -2,81%, aos 13.786 pontos
Dow Jones: -1,43%, aos 34.737 pontos
Dólar: 0,01%, a R$ 5,2424
Petróleo
Brent: 3,31%, a US$ 94,44
WTI: 3,58%, a US$ 93,10
Minério de ferro: -2,3%, a US$ 149,30 a tonelada no porto de Qingdao (China)