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Chance de EUA dar calote é de 25%, diz JP Morgan

Republicanos e democratas parecem estar longe de se entender para aumentar o teto da dívida, e mercado considera a possibilidade de o governo americano ficar sem dinheiro. 

Por Júlia Moura
Atualizado em 24 Maio 2023, 17h39 - Publicado em 24 Maio 2023, 17h36
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 (Juliana Briani/Fotos: Getty Images/Abril)
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O que parecia ser rotina está começando a se tornar uma grande preocupação. Sem acordo entre republicanos e democratas para elevar o teto da dívida americana em votação no Congresso, os Estados Unidos podem dar calote pela primeira vez na história. Segundo o JP Morgan, essa chance é de 25% e está subindo a cada dia.

Caso o antes impensável aconteça, o banco prevê que o Tesouro americano dará prioridade ao pagamento de principal e juros dos títulos de dívida, evitando um default técnico. Mesmo assim, “ainda haveria vários efeitos adversos, incluindo um provável rebaixamento da classificação de crédito dos EUA”, escreveu Michael Feroli, economista-chefe do JP Morgan aos clientes da instituição.

O impasse entre republicanos e democratas está no corte de gastos. Enquanto os primeiros querem mais austeridade e controle nas despesas, os segundos não querem abrir mão dos gastos planejados, especialmente para incentivar a economia.

Segundo o JP Morgan, se um entendimento no sentido de menos investimentos for feito, o impacto no PIB dos EUA no ano que vem pode ser de uma redução de 0,1% a 0,5%.

“Estou vendo progresso nas negociações do teto da dívida. Podemos ter acordo rapidamente, basta democratas entenderem que gastam demais”, disse Kevin McCarthy, presidente da Câmara. O líder republicano tem pressionado Biden, sem ceder à urgência da questão e concordar em qualquer concessão. 

De acordo com reportagem da NBC, ele não se contentou com os três itens que o presidente Biden teria proposto: um congelamento de gastos que os reduz em mais de US$ 1 trilhão ao longo da próxima década; deixar de usar os fundos de ajuda não gastos da Covid; e um teto válido por dois anos sobre os gastos.

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McCarthy chegou até a questionar publicamente se o Tesouro americano realmente ficaria sem dinheiro já em 1º de junho, como previu Janet Yellen. 

A secretaria do Tesouro americano respondeu e disse que vai atualizar o Congresso sobre quando faltarão recursos de fato. ”É altamente provável que ocorra [a falta de recursos] em 1º de junho; enfrentaremos decisões muito difíceis se o Congresso não elevar o teto da dívida.” O limite de US$ 31,4 trilhões da dívida americana foi ultrapassado em janeiro e ela já soma US$ 31,788 trilhões. 

Ao comentar o assunto nesta quarta, a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, disse estar confiante de que não haverá um calote da dívida. “A história nos diz que os EUA vão lutar contra o calote”, declarou à agência de notícias Reuters. 

Já o economista Nouriel Roubini, famoso por prever desgraças, vê chances concretas de um acordo não ser feito e, neste caso, ele prevê que “o mercado vai quebrar”. Uma previsão um tanto óbvia, já que a economia global gira ao redor dos títulos do tesouro americano e do dólar, que deve sofrer uma grande desvalorização em caso de default.

Compreensivelmente, o S&P 500 fechou em queda de 0,73% – pouco para o tamanho do apocalipse.

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Como desgraça pouca é bobagem, uma nova onda do coronavírus toma forma na China. Para evitar o caos, as autoridades chinesas correm para lançar novas vacinas para combater as subvariantes XBB da Omicron, cuja infecção deve chegar a um novo pico em junho e afetar até 65 milhões, segundo reportagem do Washington Post. O alerta levou o minério de ferro a cair mais de 4%, arrastando a Vale (VALE3) para um recuo de 2,27%. O Ibovespa não escapou e cedeu 1,03%.

Nem uma ata do Fed menos hawkish conseguiu animar uma Wall Street amedrontada. No documento, dirigentes começaram a se questionar se novas altas na taxa de juros americana são necessárias, dado que a redução no crédito por conta da crise bancária já pode ajudar a conter a atividade econômica. Muitos já consideram, inclusive, pausar os aumentos no juro na próxima reunião, em junho, deixando-o em 5,25% ao ano.

Por outro lado, alguns membros julgaram que progresso na redução da inflação está “inaceitavelmente lento” e exige novos aumentos. Por enquanto, o mercado não tem tanta certeza da manutenção dos juros no próximo mês. Segundo monitoramento do CME, essa é a aposta de 70,5%.

Para Christopher Waller, diretor do Fed, pode ser prudente pular a alta de juros em junho e voltar a ela em julho, mas diz que é preciso manter a flexibilidade sobre a melhor decisão a ser tomada em junho.

Essa indecisão, hoje, parece o menor dos problemas. Até amanhã!

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