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Cielo devolve 5 de 11 andares de escritórios – um péssimo sinal para fundos imobiliários

Companhia manterá modelo híbrido de trabalho após vacinação, com três dias de home office e dois na empresa. Economia deve chegar a 58% de gastos recorrentes.

Por Tássia Kastner
Atualizado em 12 abr 2021, 18h23 - Publicado em 12 abr 2021, 16h18
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 (Odebrecht Realizações Imobiliárias/Divulgação)
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A Cielo entregou 5 dos 11 andares que ocupava em um prédio de Alphaville e existe a possibilidade de que mais uma laje seja desocupada. Ou seja, a área locada deve cair mais da metade. Se ainda havia a ilusão de que algum dia voltaríamos aos escritórios de segunda a sexta, o passo da empresa de maquininhas de cartão ajuda a entender que não.

O plano da Cielo é que exista uma escala de trabalho presencial e remoto com pelo menos dois dias por semana na sede da companhia e três de casa. Isso vai valer para a maioria dos funcionários.

“Você vai ter que estar na empresa, sim, mas é por meio de uma escala de participação. É para a gente poder ser mais ágil e poder ter mais empregados fora de São Paulo”, afirmou o presidente da Cielo, Paulo Caffarelli.

A decisão, segundo o executivo, deve gerar uma economia de 58% nos gastos recorrentes. As despesas gerais e administrativas, onde são incluídos gastos com aluguel nas demonstrações de resultados, somaram R$ 457 milhões em 2020. A alta na comparação com 2019 foi de 26,8%. A Cielo não quis detalhar a redução em valores absolutos.

Fernando Pinto Lima, head de Gente, Gestão e Performance da companhia, afirmou que a decisão de adotar o modelo híbrido foi baseada em pesquisas com os funcionários da empresa – cerca de 4.000.

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Nesses levantamentos internos, 95% do time disse considerar positiva a experiência de trabalhar remotamente e 92% sugeriu pelo menos três dias de remoto. Os contratos serão alterados para prever o novo esquema de trabalho e a companhia ainda estuda quais os benefícios que poderão ser adotados para os funcionários, como indenização para despesas (como internet). Por enquanto, a empresa empresta cadeiras para o home office que vigora há um ano.

O novo esquema está previsto para entrar em vigor em setembro, quando as obras nos andares remanescentes devem ficar prontas. A ideia é que sejam espaços compartilhados e de mais socialização. Mas esse é um cenário extremamente otimista, de acordo com Fernando. Segundo ele, o retorno ao escritório só deve ocorrer quando a vacinação tiver avançado no país e a pandemia arrefecer.

O movimento da Cielo não é surpreendente. Desde a adoção do home office compulsório, discutia-se a possibilidade de as empresas nunca mais voltarem ao modelo tradicional de trabalho. E especulava-se qual deveria ser o impacto dessa mudança sobre os fundos imobiliários.

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Os andares ocupados até março pela empresa ficam no Condomínio Evolution Corporate, que pertence ao fundo imobiliário XP Properties (XPPR11). A Cielo era o principal inquilino do fundo e gerava 26% da receita. Com a entrega dos andares, a participação caiu para 11%, segundo informações mensais atualizadas pelos gestores do fundo.

Desde o anúncio da saída da Cielo, o fundo recuou quase 3% na bolsa de valores. A queda parece pequena, mas o XPPR11 está em seu pior momento, negociado abaixo do vale de março de 2020, quando a pandemia levou pânico aos mercados.

O fato relevante, por meio do qual o fundo comunicou a investidores e ao mercado financeiro a entrega dos andares, foi publicado em 26 de março. Uma semana antes, analistas da XP divulgaram um relatório sobre o atual panorama do mercado de lajes corporativas. No documento, eles relatavam que o movimento de redução de custos com aluguel e esquema permanente de home office levariam a entrega das salas.

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“Empresas que mudaram ou pretendem mudar o modelo de trabalho para remoto (total ou parcial), podem reduzir consideravelmente esses custos devido a menor necessidade de área. Além da possibilidade de espaços flexíveis, que não só reduzirem os custos, mas também permitem certa descentralização da empresa”, escreveram.

O documento destacou um levantamento da consultoria SiiLA Brasil. Segundo a empresa, a vacância em escritórios de alto padrão em regiões centrais em São Paulo saltou de 15,3% no último trimestre de 2019 para 19,3% no mesmo período de 2020.

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