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Desaceleração no PIB freia a bolsa: -1,39%

Alta ficou em 0,4%. Revisão em dados, porém, mostra que acabou a maldição do 7 a 1: superamos o pico anterior, do primeiro trimestre de 2014.

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 23 dez 2022, 17h57 - Publicado em 1 dez 2022, 18h36
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 (Caroline Aranha/Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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O PIB veio bom. Quinta alta trimestral seguida, com crescimento de 0,4% ante o 2T22. Mas veio ruim também. A mediana dos analistas consultados pela Bloomberg apontava para 0,6%. E trata-se de uma desaceleração. Aqui: 

1T22: 1,3%

2T22: 1,0%

Agora, no 3T22: 0,4%

A bolsa olhou para o lado meio vazio do copo. Queda de 1,39%, num dia em que o exterior não ajudou (mais sobre isso lá no final).

Importante: corrobora para o lado meio cheio do copo do PIB uma revisão nos dados a 2020 e 2021. Quando chega o terceiro trimestre de cada ano, o IBGE tem o costume de revisar dados dos dois anos anteriores e, se aparecer alguma surpresa, divulgar junto com o PIB do trimestre.

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Apareceu desta vez. Alguns números de crescimento foram corrigidos para cima. Isso muda a perspectiva histórica do PIB. 

Até ontem, entendia-se que o pico tinha rolado no primeiro trimestre de 2014. Dali até quarto trimestre de 2016 foi ladeira abaixo, naquilo que configurou a pior recessão da nossa história – e a recuperação desde lá foi anêmica, insuficiente para trazer de volta o pico pré-7 a 1 (que rolou no 2T14, justamente o início do tobogã recessivo).

Agora, o IBGE constatou que o pico anterior foi superado ainda no 2T22. E, agora, como subiu mais um pouquinho, estamos no pico histórico (que é onde todo país deve estar a cada trimestre, ao menos em condições normais de temperatura e pressão). 

De acordo com Rebeca Palis, chefe do Departamento de Contas Nacionais do IBGE, a revisão mostra que hoje estamos 1,4% acima daquele pico de 2014. Menos mal.

Mesmo indicando uma desaceleração, os 0,4% colocam o Brasil numa posição razoável na comparação com os países desenvolvidos que divulgaram o seu PIB. Aqui, de acordo com um levantamento do Valor:  

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EUA: 0,7%

Brasil: 0,4%

Alemanha: 0,4

Coreia do Sul: 0,3%

França: 0,2%

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Espanha: 0,2%

Reino Unido: -0,2%

Japão: -0,3%

Já entre os países da América Latina não vamos tão bem assim:  

Colômbia: 1,6%

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México: 0,9%

Brasil: 0,4%

Chile: -1,2%

A China, mesmo com os lockdowns, segue como o ponto fora da curva nesse quesito: 3,9%.

Bom, no acumulado dos últimos quatro trimestres, a alta do PIB está em 3%. Ou seja: se a desaceleração se mantiver e o crescimento for a zero no 4T20, o crescimento no ano será de 3%, mais ou menos em linha com a previsão atual do Relatório Focus, do Banco Central (2,80%). 

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Para o ano que vem, o Focus aponta tímidos 0,70% – fruto da possível manutenção dos juros no elevado patamar de 13,75% (agora com viés de alta) 2023 adentro. 

A ver.  

Frio em Wall Street

Ontem, o S&P 500 subiu 3,08% pontos; aliviando um pouco a sangria desatada que marca o ano (a queda do principal índice americano estava em 15%). Cortesia do Sr. Jerome Powell, que “prometeu” pegar mais leve nas próximas altas nos juros do Fed (atualmente em 4%). 

Um dado importante para avaliar se o BC americano pegaria mesmo mais leve viria hoje, com a divulgação do Personal Consumption Expenditures (PCE), o “outro” índice de inflação deles (o principal é o Consumer Prices Index, CPI, o IPCA gringo). 

Apesar de menos badalado, o PCE é o índice preferido do Fed. O BC americano o considera mais sofisticado, por causa do seguinte: ele contabiliza “substituições”. Se a carne vermelha está cara demais, e cada vez mais gente passa a substituí-la por frango, o PCE detecta isso e dá um peso maior para a carne branca na hora de compor o índice. Esperto. 

Bom, o CPI está em 7,7% (puxado justamente por itens como a carne vermelha, que teve 25% de alta). O PCE estava mais suave, em 6,3% até setembro. E o índice de outubro, divulgado hoje, trouxe uma desaceleração, para 6%. De um mês para o outro a alta foi de 0,2% – abaixo da expectativa, que apontava para 0,3%.

Ou seja: um pouco menos de pressão para o Fed subir os juros. Mesmo assim, o S&P 500 respondeu com frieza. Ficou no zero a zero (-0,08%).  

Diferentemente do Japão contra a Espanha 😉

Sayonara!

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Maiores altas

BB Seguridade (BBSE3): 2,33%

Embraer (EMBR3): 2,29%

PetroRio (PRIO3): 1,80% 

Energias do Brasil (EGIE3): 1,80%

Taesa (TAEE11): 1,77%

 

Maiores baixas

Magalu (MGLU3): -9,09%

BRF (BRFS3): -9,02%

Alpargatas (ALPA4): -6,99%

Marfrig (MRFG3): -6,97%

Americanas (AMER3): -6,91%

Ibovespa: -1,39%, aos 110.925 pontos. 

 

Em NY:

S&P 500: -0,08%, aos 4.076 pontos

Nasdaq:  0,13%, aos 11.482 pontos

Dow Jones: -0,56%, aos 33.396 pontos

 

Dólar: -0,09%, a R$ 5,19 

 

Petróleo

Brent: -0,10%, a US$ 86,88 

WTI: 0,83%, a US$ 81,22

 

Minério de ferro: 0,07%, a US$ 108,30 a tonelada na bolsa de Dalian

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