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Desemprego aumenta nos EUA. E as bolsas sobem, claro

Porcentagem de americanos sem trabalho sobe de 3,5% para 3,7% – o bastante para afastar o pânico com a mão pesada do Fed nos juros, por enquanto.

Por Alexandre Versignassi e Camila Barros
Atualizado em 2 set 2022, 10h25 - Publicado em 2 set 2022, 07h33
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 (Piotr Powietrzynski/Getty Images)
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O desemprego nos EUA subiu de 3,5% para 3,7% em agosto. Foram criadas 315 mil vagas, versus 528 mil em julho. O dado veio basicamente dentro da expectativa dos economistas consultados pelo Dow Jones – 318 mil vagas. 

A leve alta no índice de desemprego mais a redução de fato no número de novas vagas não é a melhor notícia do mundo para um país em recessão técnica (os EUA vêm de dois trimestres com PIB negativo).

Mas o mercado curtiu. Os futuros do S&P 500 operavam perto de 0,00% na expectativa pelo anúncio. Vindo o anúncio, às 9h30, viraram para generosos 0,60%.

Curtiu porque o dado pode desencorajar o Fed a apertar a mão nos juros. Já se fala em fechar 2022 perto de 5% (ante os atuais 2,5%). Uma alta tão forte e tão rápida pode ser incompatível com altas na bolsa – simplesmente porque juros mais altos significam menos dinheiro circulando, e aí sobra menos para a renda variável. A renda fixa também passa a pagar mais. Quem se deu bem com as altas no S&P 500 nos últimos anos, de juro zero, tende realizar o lucro e atracá-lo no porto seguro dos títulos públicos.

Com uma eventual subida mais suave nos juros, o remédio contra a inflação poderia trazer menos efeitos colaterais. E ela precisa mesmo de remédio. A situação é tão feia que, em 2022, a inflação deles está maior que a do Brasil: 5,29% lá até julho, versus 4,77% por aqui.

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Na real, o dado do Payroll pode ser visto como o melhor possível para quem investe. Se a criação de novas vagas viesse no nível e julho, altíssimo, o Fed estaria “livre demais” para combater a inflação com juros altos. 

Por outro lado, um dado tétrico, com extinção de vagas e desemprego num patamar desconfortável mostraria que a economia americana está indo para o beleléu. Não é o caso, claro: 3,7% ainda é algo que dá para chamar de pleno emprego.

O próximo dado determinante para os juros dos EUA, que determinam o humor do mercado global, vem no dia 13 de setembro: a inflação de agosto. Aguardemos os próximos episódios.

 

Fechamento na Ásia

Índice chinês CSI 300 (Xangai e Shenzhen): – 0,50%

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Bolsa de Tóquio (Nikkei): -0,04%

Hong Kong (Hang Seng): – 0,74%

Commodities

Brent: 2,14%, a US$ 94,34

Minério de ferro: -1,09%, a US$ 95,15 a tonelada na bolsa de Cingapura

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*às 7h11

market facts

Not made in China

Grandes companhias americanas estão, aos poucos, tirando seus parques industriais da China e migrando para vizinhos asiáticos, como Índia, Vietnã e Malásia. A China é o principal polo industrial de produtos eletrônicos do mundo, por oferecer mão de obra abundante e um mercado consumidor idem. Mas as empresas do Tio Sam estão começando a pesar o lado geopolítico da coisa, depois que o posicionamento dos EUA sobre Taiwan aumentou a tensão entre as duas maiores economias do mundo. O medo de empresas como Apple e Google é ficar no fogo cruzado caso os dois países rompam de vez. 

E tem também o receio de que o hiato de produtividade chinesa interfira nos negócios. A China vem passando, até agora, por vai-e-voltas de surtos de covid e medidas de contenção severas, que balançaram (e pausaram) a cadeia produtiva do país. Não por acaso, o PMI industrial, que mede a atividade no setor, contraiu pelo segundo mês consecutivo em agosto – segundo dados divulgados pelo S&P Global/Caixin na quarta.

 

Vale a pena ler:

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Recessão europeia

Até agora, a Europa tem se virado bem diante do combo guerra na Ucrânia + caos climático. Mas tudo indica que a situação pode começar a se deteriorar nos próximos meses. Por 3 motivos: 1) a indústria está pressionada; 2) o consumo deve começar a cair para o setor de serviços; 3) o continente vai enfrentar a crise de energia no inverno justamente enquanto o BCE sobe as taxas de juros. Aqui, a The Economist destrincha esses 3 tópicos. 

Promessas de campanha não fecham a conta

O grande tema das eleições de 2022 está definido: a economia. As promessas de campanha dos candidatos à presidência estão apelando especialmente para o bolso dos eleitores, e vão da a manutenção/aumento no valor do Auxílio ao aumento da faixa de isenção do imposto de renda. Só tem um problema: hoje, o orçamento público não tem dinheiro para nada disso. A proposta de Orçamento para 2023, apresentada pelo Ministério da Economia nesta semana, tem 93,7% dos recursos da União engessados em despesas obrigatórias. Para colocar dinheiro em novos benefícios, só tirando de outro lugar – mas nenhuma das campanhas, até agora, detalhou exatamente qual é o plano. O Globo fala sobre isso aqui.

Agenda

EUA, 9h30: Payroll, o relatório sobre a situação do emprego nos Estados Unidos.

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