Devagar e sempre: desaceleração contínua da inflação americana faz mercado apostar em corte nos juros por lá
Freada por queda da Vale (VALE3), Ibovespa fica em 0,31%; Yduqs (YDUQ3) salta mais de 20% após balanço.
A inflação nos EUA segue desacelerando aos poucos, o que leva o mercado financeiro a descartar novas altas nos juros americanos. A maioria dos investidores, inclusive, já se atreve a apostar em cortes ainda este ano.
O otimismo veio do CPI (IPCA deles) de abril, divulgado nesta quarta. O índice saiu de acordo com o esperado: alta de 4,9% na comparação anual, após registrar um aumento de 5% em março. Esta é a décima queda seguida do indicador e a menor inflação para o mês de abril em dois anos. No ápice, em junho passado, o CPI marcou um salto de 9,1%.
Na evolução mensal, a alta de 0,4% também ficou dentro do esperado, mas representa uma leve aceleração em relação ao 0,1% de março. Já o núcleo da inflação seguiu praticamente no mesmo ritmo: alta de 5,5% na comparação anual, de 5,6% em março, e de 0,4%, na mensal, tal qual no mês anterior.
Sinal de que a alta dos juros promovida pelo Fed está funcionando. Funcionando tanto que pode ser que o banco central americano promova uma pausa nos aumentos no próximo mês. Pelo menos é essa a atual visão do mercado. Segundo levantamento da CME, 98,5% das apostas são de manutenção da taxa nos atuais 5,25%. O otimismo é tamanho que a maioria não vê mais aumentos, e sim um cortes de 0,25 ponto percentual em setembro, novembro e em dezembro.
O problema é que não são só os índices inflacionários que preocupam o Fed. O mercado de trabalho nos EUA segue forte, o que eleva salários e aumenta o poder de compra. Além disso, o aumento da dívida americana também pode levar a um aumento de preços. Isso porque republicanos e democratas não estão entrando em acordo sobre elevar o teto de gastos, o que pode deixar o governo sem dinheiro em junho, desvalorizando o dólar.
Precipitada ou não, a reação ao CPI levantou os espíritos em Wall Street. A festa só não foi maior pela queda de 1,33% do petróleo, com um surpreendente aumento nos estoques dos EUA. O S&P 500 fechou em alta de 0,45%, mas o Dow Jones teve um leve recuo de -0,09%.
Yduqs salta quase 24% após balanço
No Brasil, quem segurou o Ibovespa foi a Vale (VALE3), que recuou 1,88%. Mesmo assim, o índice fechou em alta de 0,31%.
O destaque mesmo foi a Yduqs (YDUQ3), que saltou 23,80%, puxando a rival Cogna (COGN3), que subiu 6,98%. A rede de universidades, como a Estácio, divulgou números que maravilharam os investidores na noite de ontem. No primeiro trimestre deste ano, ela lucrou R$ 149,5 milhões no primeiro, quase o dobro (96,6%) do mesmo período de 2022 e bem acima do esperado (R$ 111,6 milhões). Já a receita líquida subiu 10% para R$ 1,3 bilhão. Tudo graças a uma maior venda de cursos online e cursos premium, como Medicina.
Os resultados foram bem recebidos pelos analistas, que aumentaram o preço-alvo da companhia, mas a maioria ainda com recomendação neutra. Dentre os que indicam compra, a XP se destaca, com um preço-alvo bem acima do atual (R$ 11,39), a R$ 33,70. O Citi, por exemplo, recomenda o papel, mas com preço-alvo a R$ 12.
Nada como dados positivos para deixar a Faria Lima de bom humor.
Até amanhã!
MAIORES ALTAS
Yduqs (YDUQ3): 23,80%
Cogna (COGN3): 6,98%
MRV (MRVE3): 6,54%
Locaweb (LWSA3): 6,41%
Hapvida (HAPV3): 4,86%
MAIORES BAIXAS
Cielo (CIEL3): -3,50%
Gerdau (GGBR4): -3,14%
JBS (JBSS3): -2,75%
Metalúrgica Gerdau (GOAU4): -2,50%
CSN (CSNA3): -1,89%
Ibovespa: 0,31%, aos 107.448 pontos
Em Nova York
S&P 500: 0,45%, aos 4.138 pontos
Nasdaq: 1,04%, aos 12.306 pontos
Dow Jones: -0,09%, aos 33.531 pontos
Dólar: -0,75%, a R$ 4,9499
Petróleo
Brent: -1,33%, a US$ 76,41
WTI: 1,56%, a US$ 72,56
Minério de ferro: 0,28%, negociado a US$ 104,54 por tonelada na bolsa de Dalian (China)