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Discurso brando de Powell iça bolsas em NY e S&P 500 sobe 1,05%

Fomc manteve taxa de juros a 5,5%, sem indicar data para início dos cortes. No Brasil, Copom dá puxão de orelha sobre meta fiscal.

Por Camila Barros
1 nov 2023, 19h02
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 (Kauan Machado/Fotos: Getty Images/Unsplash/VOCÊ S/A)
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Deu o que se esperava: nesta quarta-feira de dobradinha de política monetária, o Fed decidiu manter a taxa de juros americana em 5,50% – o mesmo patamar desde julho e em seu maior nível desde 2001.

A manutenção já era consenso no mercado. Segundo dados do CME, na manhã de hoje, 99,7% dos agentes do mercado anteviam esse cenário. As atenções, então, estavam voltadas para as sinalizações da autoridade monetária sobre o futuro dos juros. Elas vêm de duas formas: no comunicado do Fomc, divulgado junto com a decisão, e no discurso de Jerome Powell, um pouco depois. 

O comunicado trouxe o arroz com feijão das percepções do Fed: a economia americana permanece resiliente, com um mercado de trabalho forte e uma inflação ainda longe da meta (em setembro, o CPI chegou a 3,7% em 12 meses). Nenhuma novidade por aqui. 

Já Powell disse que, apesar da pausa na escalada de juros, mais aumentos para o futuro não estão fora de cogitação. Só que, no saldo geral, suas falas pareceram bastantes otimistas – e deixaram o mercado com o gostinho de que o aperto monetário finalmente chegou ao fim. 

Tipo: quando questionado sobre o dot-plot de setembro – um gráfico que compila as expectativas dos membros do Fomc para os próximos anos –, o presidente do Fed disse que a eficácia desse tipo de previsão diminui com o tempo. Na época, o relatório mostrou que a maioria dos dirigentes via a taxa de juros terminando em 5,6% em 2023 (o que indicaria mais uma alta até o fim do ano) e a 5,1% em 2024. Também que a inflação americana só atingiria a meta (de 2%) em 2026. 

A fala de Powell foi interpretada como um sinal de que, lá dentro, o sentimento hawkish tem perdido força. Ao longo de outubro, discursos de vários dirigentes do Fed ajudaram a sustentar essa tese. Segundo eles, a escalada recente dos Treasuries tem ajudado a tornar a economia mais apertada – o que pode reduzir a necessidade de promover mais altas nos juros. 

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Ao mesmo tempo, dados econômicos muito fortes viraram dor de cabeça em Wall Street. Na semana passada, o PIB do terceiro trimestre veio em alta anual de 4,9% – bem acima das expectativas e no nível mais acelerado desde o final de 2021. Antes, dados do Payroll haviam mostrado que o país criou 336 mil vagas em setembro, quase o dobro do que o previsto. O receio era de que a resiliência da economia forçasse um approach mais duro para conter a inflação. 

Por ora, esse medo ficou para trás. Aí foi o combo de otimismo com a renda variável: dólar e títulos públicos em baixa, bolsas em alta. O S&P 500 subiu 1,05%; o Nasdaq, 1,64%. 

O bom humor veio parar no Brasil: o Ibovespa fechou em alta de 1,69%, com 74 das 86 ações no verde. Destaque para as blue chips (jargão do mercado que designa as ações mais influentes da bolsa): a Vale que terminou o dia a +1,91% puxada pela disparada do minério lá fora. PETR4 subiu 1,09% e ITUB4, 1,40%. 

Copom 

Em decisão unânime, o comitê de política monetária brasileiro decidiu reduzir a Selic para 12,25% – uma queda de 0,50pp. O corte já havia sido sinalizado pela autoridade monetária nas reuniões anteriores, e era o cenário aguardado pelo mercado. Para as próximas reuniões, o Copom disse que deve manter o tipo de cortes de 0,50pp. 

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No comunicado, divulgado após o fechamento do mercado, o grupo avaliou que o cenário econômico internacional tem se tornado mais complicado – o que pode significar um processo de desinflação mais lento por aqui. 

E aproveitou para dar um puxão de orelha em Brasília, de onde Lula e Haddad protagonizam um cabo de guerra sobre a necessidade de se garantir a meta fiscal zero: “Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas”.

Bom feriado!

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MAIORES ALTAS 

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Locaweb (LWSA3): 10,29%

CVC (CVCB3): 8,73%

Carrefour (CRFB3): 7,80%

Rede D´Or (RDOR3): 6,24%

Cosan (CSAN3): 5,46%

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MAIORES BAIXAS

Raia Drogasil (RADL3) -3,76%

Grupo Pão de Açúcar (PCAR3): -1,66%

Natura (NTCO3): -1,33%

Petz (PETZ3): -1,12%

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Iguatemi (IGTI11): -0,50%

Ibovespa: 1,69%, aos 115.052 pontos

Em Nova York

S&P 500: 1,05%, a 4.237 pontos

Nasdaq: 1,64%, a 13.061 pontos

Dow Jones: 0,67%, a 33.274 pontos

Dólar: -1,36%, a R$ 4,97

Petróleo 

Brent: -0,46%, a US$ 84,63

WTI: -0,71%, a US$ 80,44

Minério de ferro: 2,51%, cotada a US$ 125,63 na bolsa de Dalian

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