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Economia dos EUA dá ótimos sinais, e a Faria Lima estoura o champagne

Bonança generalizada por lá, com desemprego em baixa e os US$ 1,9 trilhão em estímulos na agulha respinga por aqui, e o Ibovespa fecha em alta de 1,88%.

Por Monique Lima, Alexandre Versignassi
11 mar 2021, 20h18
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 (Tiago Araujo/VOCÊ S/A)
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A aprovação da PEC emergencial em segundo turno deu um gás para a bolsa. É que o projeto de emenda garante o mínimo de equilíbrio nas contas públicas, como um limite de R$ 44 bilhões para o total de gastos com auxílio emergencial em 2021 – sem esse tipo de rédea, o auxílio corre o risco de se tornar uma arma política: com a liberação de somas que podem tornar a dívida pública incontrolável. No ano passado, foram R$ 300 bilhões em auxílios. 

Mas o que colocou o Ibovespa na ascendente foi justamente uma liberação de auxílio, só que lá fora: os US$ 1,9 trilhão que Biden propôs logo que assumiu a Casa Branca. A Câmara dos EUA aprovou ontem o estímulo (que, entre outras coisas, vai pagar o auxílio emergencial deles). E hoje Biden assinou a liberação (a impressão, digamos assim) da grana. 

O projeto prevê à maioria dos americanos um cheque de US$ 1.400 daqui alguns dias, além de um benefício extra para desempregados de US$ 300 por semana até setembro.

Até poucos dias atrás, esse mesmo pacote trilionário estava tirando o sono dos investidores. O medo era o de que tanto dinheiro novo injetado na economia geraria uma inflação fora do controle, e o Fed (banco central americano) teria que intervir subindo o juros. 

A convicção era tanta que os juros dos títulos públicos de longo prazo (10 anos) subiram intensamente, e as bolsas americanas caíram durante quase fevereiro todo. Mas o receio deu um tempo assim que saíram os números da inflação do mês: a alta foi de 0,4%, contra 0,3% em janeiro. Não é pouco, mas ficou abaixo das expectativas. Outro fato também ajudou: o índice de inflação que exclui produtos mais voláteis, como alimentos e combustíveis, subiu apenas 0,1%. 

Mas o que baixou mesmo a preocupação com a inflação foi um indício de que a economia americana está se recuperando. A curva de desemprego desacelerou e agora aponta para baixo. O número de pedidos de auxílio-desemprego na última semana teve o menor nível desde novembro do ano passado. Foram registrados 712 mil novos pedidos, uma queda de 42 mil ante janeiro. 

Também na semana passada, o payroll, indicador que mede a temperatura da situação do emprego nos Estados Unidos, mostrou que 379 mil novas vagas de trabalho foram criadas em fevereiro, crescimento de 128% em relação a janeiro.

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Esse novo fôlego para a economia baixa as preocupações com a inflação. O dinheiro extra na economia aumenta a demanda, o que causa aumentos nos preços. Mas quando o setor produtivo vai bem, a oferta acompanha o crescimento dessa demanda, e a competição mantém os preços sob controle.   

Não é só isso. O país vai particularmente bem no combate à pandemia. No sábado (6), a quantidade de vacinados por lá ultrapassou o número oficial de pessoas que já foram contaminadas pelo vírus. 32 milhões foram imunizados com duas doses de vacina (9,9% da população americana) enquanto o total de contaminados desde o começo da pandemia não chegavam a 30 milhões até sábado. Ao todo, pelo menos 30% da população tomou ao menos uma dose da vacina. 

E o país tem doses suficientes para vacinar 500 milhões de pessoas – bem mais do que a população do país, de 334 milhões. Segundo a Casa Branca, faz parte do plano de contenção ter um estoque para aplicar doses de reforço se ficar comprovado que elas são necessárias para proteger contra novas variantes do vírus. Aquele velho ditado: melhor prevenir do que remediar. E, se sobrar, basta vender para outros países. 

Com tantas notícias boas, o S&P 500 renovou seu recorde de fechamento, com alta de 1,04% e o Nasdaq Composite fechou com +2,52%. 

O Ibovespa 

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Já o principal índice brasileiro subiu 1,88% e fechou aos 114.894 pontos. Isso porque segurou a mão de Nova York e caminhou bem juntinho. Se fosse depender só do cenário interno, bem, a situação por aqui não é exatamente positiva.

Sim, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Emergencial foi aprovada em segundo turno nesta tarde. Mas, veja bem, diversas medidas de contenção em caso da dívida pública chegar aos 95% do PIB, que estavam previstas na primeira versão do texto, foram modificadas, como a proibição de aumento de salários e promoção dos servidores públicos em caso de decreto de calamidade pública. Outra despesa que foi mantida após veto na Câmara é a de repasses obrigatórios para fundos e órgãos públicos específicos. O que deixa um alerta para o futuro das contas públicas. 

O principal, porém, que é o teto de R$ 44 bilhões para o auxílio emergencial, foi salvo. E, nos próximos dias, o presidente deve entregar ao Congresso o texto que descreve a quantidade e o valor de parcelas do benefício. Especula-se que ele venha em quatro parcelas de R$ 250. 

O “mercado” não é fã do auxílio emergencial em si, já que a liberação de recursos aumenta a dívida pública, e isso causa uma pressã extra pelo aumento de juros, entre outros problemas. Mas a necessidade de alguma ajuda do governo é um fato.

O Brasil, como você tem visto no noticiário, se tornou o epicentro global da pandemia. No total de mortes de quarta (11), o país vinha em primeiro, com 2.349 (o recorde até aqui), seguidos dos EUA (1.425 e baixando, por conta da vacinação) e do México (866). 25 capitais estão em zona de alerta crítico. Somente Maceió e Belém não ultrapassaram a ocupação de 80% das UTIs, mas estão acima de 70% (hoje, o Brasil somou mais 2.233 óbitos).

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Logo, não há alternativa: o comércio precisa se manter fechado para evitar a circulação de pessoas, e o eventual colapso do sistema de saúde. Isso torna o auxílio essencial. 

E para piorar o que já não vai bem, saiu o IPCA de fevereiro. O mês registrou uma alta de 0,86%, a maior em cinco anos. No acumulado de 2021, a inflação já está em 1,11% e só se passaram dois meses. Caso ela siga nessa toada, pode fechar o ano roçando nos 7% – muito acima do teto da meta do Banco Central, que é de 5,25%. 

Como não se espera que o BC deixe a inflação degringolar, provavelmente teremos um aumento na Selic no dia 16 de março, data da próxima reunião do Copom (a única vacina que existe contra inflação, afinal, é aumento nos juros – o resto é cloroquina). 

A maior parte dos analistas prevê um aumento de 0,5 ponto percentual, com o juros básicos da economia indo a 2,5%. Depois disso, só Deus sabe. Mas o mercado, que gosta de pagar de professor de Deus, prevê bem mais para o futuro: algo perto de 5% em janeiro de 2022. E de 6% em janeiro de 2023. 

Não é normal um aumento de juros com a economia de freio de mão puxado. Juro baixo, afinal, é o acelerador da economia. Mas não fazer nada seria deixar a inflação voltar com tudo. E aí quem sofre são justamente os mais pobres, que veem seu pouco dinheiro perder valor na carteira. 

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Essa é a encruzilhada do Brasil agora: como estimular a economia sem degringolar a própria economia? Não se sabe. Com uma impressora de dólares, igual a do Biden, seria mais fácil.  

 

MAIORES ALTAS 

CVC: 10,23%

Ecorodovias: 8,92%

CCR: 8,88%

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CSNA: 8,58%

BR Malls: 8,04%

 

MAIORES BAIXAS 

PetroRio: -2,28%

JBS: -1,90%

Totvs: -1,64%

Raia Drogasil: -1,60%

Klabin: -1,57%

 

Dólar: -1,94%, cotado a R$ 5,5428

 

Petróleo

Brent: 2,55%, para US$ 69,63 o barril

WTI: 2,45%, para US$ 66,02 o barril 

 

Minério de ferro: 3,66%, cotado a US$ 170,70

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