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Em correção, Ibovespa cai 0,61% após ata do Copom

Recado “ambíguo” do Banco Central sobre corte nos juros trava índice, que fechou na contramão de Wall Street. Dólar avança 0,67%.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 27 jun 2023, 18h14 - Publicado em 27 jun 2023, 17h57
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 (Tamires Mazzo/ Fotos: Getty Images/VOCÊ S/A)
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Depois de nove altas semanais seguidas, o Ibovespa engatou um dia de realização nesta terça-feira, fechando em queda de 0,61%. A correção, iniciada ontem, acompanha a reação do mercado à ata do Copom, que resultou num impasse interpretativo.

O documento era especialmente aguardado porque o comunicado do comitê na semana passada foi interpretado como hawkish demais pelo mercado – esperava-se uma sinalização clara de um primeiro corte para agosto, que não veio no texto. Agora, a ata finalmente trouxe detalhes sobre os próximos passos do Banco Central.

O Copom finalmente sinalizou o tal corte para agosto, mas explicou que, como o movimento ainda não é algo consensual entre os membros do comitê, optou por deixar a sinalização de fora do comunicado – o que resultou num texto mais agressivo aos olhos do mercado. Vale lembrar que é costumeiro do BC dar pequenos spoilers sobre decisões das próximas reuniões, e a falta de informações gera ansiedade no mercado, justamente o que aconteceu na semana passada.

Segundo a ata, a ala cautelosa e conservadora do Comitê é minoritária; a maioria vê sim espaço para que os cortes começarem na próxima reunião. Ou seja: o saldo final do documento foi mais dovish, num caminho contrário ao do comunicado. Todos os membros do Comitê concordam, naturalmente, que avaliar o processo de desinflação na economia brasileira até lá será essencial.

O resultado da comunicação no mercado foi ambíguo; como resumiu Simone Tebet, ministra do Planejamento: “Vem um comunicado hard e uma ata soft. Não dá para entender”. De fato, mesmo que a primeira sinalização para um corte em agosto tenha sido feita na ata, o otimismo do mercado seguiu contido nesta terça-feira, porque não é uma aposta certeira.

Nisso, os juros futuros longos fecharam a terça-feira em alta e o dia de correções na bolsa foi protagonizado por perdas em ações do varejo mais sensíveis aos juros. Alpargatas (ALPA4) caiu 7,76%, Assaí (ASAI3) -5,83%, Petz (PETZ3) -5,42%, Pão de Açúcar (PCAR3) -4,72%,  O dólar também viveu um dia de correção, caindo 0,67%, a R$ 4,798.

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No campo positivo, o setor de siderurgia e mineração registrou ganhos com a forte alta (+4,11%) do minério de ferro negociado na China, após o governo do gigante asiático sinalizar otimismo com o crescimento do país (o que pode ser lido como um spoiler de mais incentivos – o banco central chinês vem cortando os juros por lá para estimular a economia). Vale (VALE3) subiu 1,2%.

Nos EUA, o dia foi positivo, mas também pacato, sem grandes novidades no noticiário. O que sustentou a alta de 1,14% do S&P 500 e de 1,65% do Nasdaq foram novamente as ações de tecnologia, com destaque para alta de 3% da Nvidia, a atual líder da corrida pelo domínio da IA na bolsa

Além disso, a confiança do consumidor americano na economia disparou para o maior patamar desde janeiro de 2022. O dado, divulgado mensalmente pela Conference Board, mostra que o otimismo tomou conta do mercado e que os temores de uma possível recessão começam a ficar para trás, mesmo com o Fed prometendo subir os juros até a inflação estar totalmente controlada. 

Mais dados

No Brasil, também teve divulgação de dado importante: o IPCA-15 de junho, considerado a “prévia da inflação” – e um medidor especialmente relevante, já que, como vimos, afetará a próxima decisão do Copom. O índice ficou 0,04%, uma desaceleração ante aos 0,51% registrados em maio; veio um pouquinho acima das previsões, de 0,03%. Em 12 meses, acumula alta 3,4%. 

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Logo após a divulgação do dado, o Bank of America divulgou que revisou sua projeção do IPCA para 2023, de 5,5% para 4,8%. “A melhora consistente da inflação, associada à manutenção da meta de inflação em 3,0% (o que deve derrubar as projeções de inflação de longo prazo) deve abrir caminho para que o Banco Central inicie o ciclo de flexibilização em agosto, conforme esperamos”, escreveu David Beker, chefe de economia para Brasil e de estratégia para América Latina do BofA.

Pois é: as revisões de indicadores econômicos para patamares mais otimistas têm sido constantes nos últimos tempos por aqui. Vale também para o Ibovespa: hoje o Santander divulgou que projeta o índice a 140 mil pontos até o final do ano, um potencial de alta de 19,12% em relação ao fechamento de hoje. No relatório, o banco relata que a melhora nos indicadores macroeconômicos e no sentimento do mercado começam  a se alinhar e mostrar um futuro ensolarado para as ações brasileiras.

Até amanhã.

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MAIORES ALTAS

Minerva (BEEF3): 4,37%

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Gol (GOLL4): 3,26%

JBS (JBSS3): 2,46%

Embraer (EMBR3): 2,17%

BB Seguridade (BBSE3): 1,38%

MAIORES BAIXAS

Alpargatas (ALPA4): -7,76%

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Assaí (ASAI3): -5,83%

Petz (PETZ3): -5,42%

Vibra (VBBR3): -5,01%

Pão de Açúcar (PCAR3): -4,72%,

Ibovespa: -0,61%, aos 117.522

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Em Nova York: 

S&P 500: 1,14%, aos 4.378 pontos

Nasdaq: 1,65%, aos 13.555 pontos

Dow Jones: 0,63%, aos 33.926 pontos

Dólar: 0,67%, a R$ 4,7987

Petróleo

Brent: -2,47%, a US$ 72,51

WTI: – 2,41%, a US$ 67,7

Minério de ferro: 4,11% negociado a US$ 114,11 na bolsa de Dalian (China).

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