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Embraer, Braskem, Marfrig, JBS, PetroRio: as ações que mais se valorizaram em 2021

O Ibovespa perdeu quase 12% em 2021. Mas Embraer e Braskem quase triplicaram de valor. Veja as cinco que mais subiram.

Por Bruno Carbinatto e Alexandre Versignassi
30 dez 2021, 19h27
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 (Caroline Aranha/Foto: Reprodução/VOCÊ S/A)
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2021 foi um ano difícil para a bolsa brasileira. O Ibovespa até fechou no azul no último pregão do ano, com uma alta de 0,69%, beirando os 105 mil pontos. Mas não fez nem cócegas no estrago acumulado do ano: 11,93%. É a pior performance desde 2015, quando o índice fechou em queda de 13,3%. 

O mercado não esperava. A Faria Lima apostava, no começo do ano, que o índice fecharia em torno dos 130 mil pontos – patamar que até foi atingido, em junho. Havia quem falasse em 150 mil. No fim, o valor real foi 20% menor do que a previsão conservadora. 

Das 92 ações que compõem o índice, somente 25 registraram alta no ano. A Bloomberg chegou a chamar a B3 de “pior bolsa do mundo”.

Fazer uma retrospectiva do que deu errado no meio do caminho é até repetitivo, você sabe. Então vamos a um resumo: inflação em alta, juros também, economia fraca, contas públicas ameaçadas pelo populismo do governo federal, ameaças golpistas do presidente, reformas empacadas, queda livre no preço do minério de ferro lá na China…

Não podia ser mais diferente do cenário dos EUA. O S&P 500 valorizou 28% em 2021, depois de já ter fechado 2020 em alta de 16%. O resumo de lá é mais simples: uma política de estímulos generosa (até demais) do Fed, e uma economia forte, marcada pela diminuição do desemprego: a taxa de novembro foi 4,2%, o menor valor desde fevereiro de 2020 (em abril de 2020, com a chegada da pandemia, o número foi de 14,7%).

Claro que nada é eterno. A enxurrada de dinheiro do Fed também causou inflação: 6,8% nos últimos 12 meses, a maior nos EUA em 40 anos. Só dá para combater inflação subindo juros. E o Fed já adiantou que isso vai acontecer em 2022 – com juros mais altos, a bolsa sofre. 

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Ou seja: o S&P 500 precisará de mais notícias positivas do que o normal para sustentar mais uma alta no ano que vem. 

O Ibovespa também. No último Boletim Focus (a pesquisa semanal que o BC faz com economistas) do ano, a média de palpites aponta para um crescimento de apenas 0,42% no PIB. O Itaú e Credit Suisse são ainda mais pessimistas: preveem recessão para o próximo ano, com queda de 0,5% no PIB. Complicado.

Aconteça o que acontecer em 2022, porém, uma coisa é fato: as cinco empresas aqui embaixo começam o ano num patamar bem mais alto do que estavam há 12 meses. Veja aqui as maiores altas do Ibovespa em 2021:  

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1 – Embraer: 180%

Quem decolou no ano, com perdão do trocadilho, foi a produtora de aviões de São José dos Campos. Depois de um 2020 amargo, com queda de 55% nas ações no auge pandêmico, a Embraer lidera as altas em grande parte porque os investidores apostam que a companhia tem muito a crescer e inovar na área de “carros voadores”.

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Grande parte da sua valorização está ligada à Eve Urban Air Mobility, uma subsidiária da Embraer voltada para o desenvolvimento de eVTOL – um drone gigante capaz de transportar pessoas. Esses veículos voadores são uma aposta para melhorar a mobilidade urbana e o transporte dentro de cidades – e o melhor, de forma verde, já que são elétricos. 

As apostas que esse tipo de veículo será o transporte do futuro já haviam garantido boa parte da alta da Embraer, mas a companhia fecha 2021 com chave de ouro: na semana passada, anunciou que a Eve vai abrir capital na bolsa de Nova York, através da fusão com a  Zanite Acquisition; na operação, a empresa-filha deve ser avaliada em US$ 2,9 bilhões, o que é mais do que os US$ 2,6 bilhões de valor de mercado da própria Embraer.

2 – Braskem: 176%

As ações da petroquímica viraram um foguete neste graças a um fator chave: o controlador da empresa, com 50,11%, é a Odebrecht Serviços e Participacões (OSP), empresa de investimentos da companhia de Emílio e Marcelo – e empreiteira que deixou de levar o sobrenome da família e, em recuperação judicial, passou a se chamar Novonor. 

Com a crise na ex-Odebrecht, ficou claro que a empreiteira mais enrolada da Lava Jato teria de vender sua fatia gigante na Braskem, e que isso daria origem a uma corrida no mercado, com agentes disputando para se tornar o novo controlador – ou ao menos garantir um naco gordo – de uma das maiores produtoras de plástico do mundo, que também tem fábricas nos EUA, no México e na Alemanha. 

A venda não aconteceu. Deve rolar em 2022 ou 2023. Mesmo assim, a antecipação por essa corrida do outro fez a petroquímica saltar gloriosos 175%.  

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3 e 4 – Marfrig e JBS: 73% e  70%

As nossas duas maiores produtoras de carne bovina se beneficiaram do aumento da demanda nos EUA, o maior mercado de ambas (estão entre as quatro maiores de lá, junto das americanas Tyson Foods e Cargill). 70% da receita da Marfrig, por exemplo, vem da América do Norte. A JBS, maior processadora de carnes de todo o mundo, gera só 25% de sua receita aqui no Brasil – e a maior parte da fatura vem dos EUA também.

O consumo de proteína animal aumentou nos EUA durante a pandemia, e continua subindo. Por outro lado, os preços do boi vivo mantiveram-se baixos em 2021. Com matéria prima barata e podendo vender mais caro do que nunca, JBS e Marfrig abriram uma piscina olímpica de dinheiro. 

O segmento teve um mini baque com a interrupção repentina das importações da carne brasileira por parte da China, que durou mais que o esperado. Mas o comércio com o país asiático foi retomado em meados de dezembro. 

Para 2022, as expectativas são mistas. De um lado há a confiança de que os preços das carne seguirão em alta no mercado internacional. De outro, o de que os dias de matéria prima a preço baixo estejam contados nos EUA – mercados têm a mania de equilibrar-se, afinal. Aí acaba a boiada aqui da dupla da proteína. A ver. 

5 – PetroRio: 47%  (Bônus: Petrobras 30%)

O ano também foi positivo para as petroleiras, com o preço da commodity sofrendo um rali – o tipo Brent, referência internacional, foi da casa dos US$ 50 para acima dos US$ 75 (hoje, fechou em US$ 79,53) – um patamar comparável com de 2019, quando a palavra “pandemia” só era encontrada nos livros de história.

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A Petrorio foi uma das que se beneficiou do rali, mas o destaque mesmo fica para nossa gigante Petrobras, com respeitosa valorização de 30% para a PETR3, e 24% para PETR4 – respectivamente 6ª e 10ª no ranking.

A petroleira se destacou com uma boa pagadora de dividendos e a gestão atual ganhou confiança do mercado. O presidente Bolsonaro até tentou, mas não conseguiu atrapalhar. Diversas vezes ele insinuou (e continua insinuando) interferir na estatal – e até privatizá-la. No começo, as declarações até mexiam no humor, mas a Faria Lima entendeu que não passa de conversa fiada para sua base eleitoral. 

Do outro lado…

Quem não teve um ano nada bom foram as varejistas. Claro: o combo pandemia, juros subindo e inflação em alta trazem uma receita do caos para o setor. Tanto que, entre as cinco maiores perdas do ano, quatro são do segmento: Magalu -71%, Via -67%, Pão de Açúcar -62% e Americanas -58%.

Amanhã a bolsa americana abre com horário reduzido, mas a brasileira permanece fechada e só volta a abrir no ano que vem. Que 2022 traga ventos melhores que os trazidos por 2021.

Feliz ano novo!

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Maiores altas

Méliuz (CASH3): 7,64%

Magazine Luiza (MGLU3): 6,80%

Cielo (CIEL3): 5,76%

Qualicorp (QUAL3): 5,49%

Locaweb (LWSA3): 5,20%

Maiores baixas

Marfrig (MRFG3): -3,71%

Itaú (ITUB4): -1,64%

Itaúsa (ITSA4): -1,11%

Petrobras ON (PETR3): -0,81%

Bradesco ON (BBDC3): -0,61%

Ibovespa: 0,69%, a 104.822 pontos

Em Nova York

S&P 500: -0,30%, aos 4.778 pontos

Nasdaq: -0,16%, aos 15.741,56 pontos

Dow Jones: -0,25%, aos 36.398 pontos

Dólar: -2,06%, a R$ 5,57

Petróleo

Brent: 0,40%, a US$ 79,53

WTI: 0,56%, a US$ 76,99

Minério de ferro: 0,83%, cotado a US$ 119,28 por tonelada no porto de Qingdao (China)

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