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Embraer decola em sexta feira 13 de bons agouros

Empresa anuncia recompra de ações, e vira destaque num dia de alta no Ibovespa, movido pela boa prévia do PIB.

Por Alexandre Versignassi
Atualizado em 13 nov 2020, 19h08 - Publicado em 13 nov 2020, 18h44
 (GT Vector/Getty Images)
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Os mercados globais chamaram um Zoom com Guilherme Arantes e cantaram todos juntos: “Amanhã/Será um lindo dia/Da mais louca alegria/Que se possa imaginar”

Pois é. A segunda onda segue para o alto e avante na Europa, nos EUA, no Sírio e no Einstein (os hospitais caros de SP já reportaram que recebem tantos doentes quanto no início da pandemia), Mesmo assim, o clima no mercado é de esperança. Todo mundo comprando ações com força. O Ibovespa fechou essa sexta feira 13 de 2020 em alta de 2,16%. O S&P 500, de 1,36%.  

“O que temos no mercado é uma luta entre pressões de curto prazo versus esperanças para o longo prazo”, disse Jack Manley, estrategista do JP Morgan ao Yahoo Finance. “Tivemos notícias ótimas no início da semana [a eficácia de 90% da vacina da Pfizer] e isso significa que a luz do fim do túnel, que todo sabia que existiria de alguma forma, está um pouco mais firme do que antes do anúncio”. 

A vacina da Pfizer, vale notar, está em testes no Brasil – o que facilita na hora de negociar a compra de doses. Mas é um produto que traz desafios logísticos. Ela precisa ser mantida a uma temperatura de -70 graus celsius, bem além daquela que freezers comuns entregam – a CoroVac e a de Oxford, entre outras, não trazem essa limitação (por outro lado, estão atrás na corrida, pois ainda não divulgaram seus testes de eficácia na Fase III, a última dos testes). Em suma: os cuidados que o transporte da vacina requer indicam que a imunização com ela não se dará do dia para a noite. 

Mesmo assim, como disse Jack, a luz no fim do túnel começa a ficar mais brilhante. Por aqui, o dia do azar trouxe um bom agouro mais concreto. Vamos a ele. 

Pibão?

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) fechou o terceiro trimestre com uma alta de 9,47%. O dado é animador porque se o IBC-Br funciona como uma prévia do PIB. E o PIB tinha caído 9,7% no segundo trimestre, o do auge da primeira onda da pandemia. 

Ou seja: ensaia-se uma recuperação. Mas ainda é preciso combinar com o vírus. Se tivermos uma segunda onda pior que a primeira, e a vacina seguir sendo tratada como objeto de picuinha política, esquece.

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Seja como for, a esperança ganhou um pouco de músculo com o IBC-Br, e abriu as portas para um dia de alta generalizada na B3. 

Yduqs 

A maior dessas altas ficou com a empresa de educação dona da Estácio e o do Ibmec: 9,92%. Reflexo atrasado do bom balanço do terceiro trimestre, que eles divulgaram na segunda (10) – lucro de R$ 112 milhões, contra um prejuíso de R$ 80 milhões no segundo tri. A ação já tinha subido bem na terça a reboque da notícia. Então caiu na quarta e na quinta, acompanhando as baixas do Ibovespa nesses dias, e agora, que o sol voltou, recuperou tudo e mais um pouco. 

IRB Brasil

A prata dia ficou com a resseguradora mais polêmica do grupo local de galáxias: o IRB Brasi, com 7,70%. Mas não. Isso não significa que a novela (ou filme de terror) envolvendo a resseguradora tenha acabado. É que a próxima segunda (16) é dia de vencimento de opções de compra. No mundo das opções, você faz apostas sobre o preço que uma ação terá no futuro – tipo R$ 10 no dia tal do mês tal. 

Se chegar esse dia e a ação estiver acima de R$ 10, você embolsa um belo lucro (que pode ser assombroso). Se ficar abaixo, significa que sua roleta caiu no “perde tudo”. Bom, a ação do IRB, pelo jeito, está abaixo do que boa parte dos investidores apostava. Quando isso acontece, os próprios donos das opções saem comprando na loucura para colocar a ação dentro do patamar dos lucros. E a ela sobe sem que tenha havido nenhuma notícia boa. 

Ah, claro: como o IRB perdeu mais de 80% de valor ao longo do ano, o que não falta na Faria Lima é gente carregada de opções da resseguradora, na torcida organizada para que ela recupere um pouco disso – o que permitiria a compra de alguns iates caso acontecesse.  

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Mas, como a subida parece mesmo ser só fruto de especulação por especulação, o barco desse pessoal talvez afunde mesmo na segunda. A ver.

Embraer

A fabricante de aviões favorita do Neil de Grasse Tyson também ficou entre as maiores altas do dia, com 6,70%.

Motivo: a Embraer anunciou um programa de recompra de ações. Os preços dos papéis estão em um preço historicamente baixo. Em 2015, giravam em R$ 30. Hoje, flutuam ao redor de R$ 6, R$ 7. Por dois motivos. 

O primeiro é que ela deixou de reinar praticamente sozinha no mundo da aviação regional. Culpa do Airbus-A220, que agora concorre no mesmo nicho da Embraer e, de acordo com diversas companhias aéreas, é uma mais eficiente que os aviões montados em São José dos Campos (SP)  – tanto que, sozinho, o A-220 soma 642 pedidos de compra, contra 173 da série E2, a dos aviões mais modernos da Embraer, composta por três modelos.  

A outra razão é a óbvia: o cancelamento da fusão com a Boeing, no início de 2020, que jogou no lixo uns bons milhões de reais que já tinham sido gastos na adaptação da empresa para essa nova realidade, que não veio.    

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E porque a Embraer deu essa subida hoje, então? Porque ela deu uma demonstração de confiança no próprio taco: anunciou uma recompra de ações. Funciona assim: empresas lançam ações no mercado (ou seja, abrem o capital) para obter dinheiro barato, sem a obrigação de devolver, muito menos de pagar juros. Em troca, os compradores da parcela da empresa vendida na forma de ações ganha direito a uma parte dos lucros da companhia. A Embraer fez isso no ano 2000, e hoje tem 730 milhões de ações no mercado.

Na noite de ontem, ela divulgou que pretende comprar de volta 10% disso – pegando para si mesma uma fatia maior dos lucros que a companhia gera. Para os acionistas, é uma ótima notícia: se a empresa confia no retorno que ela mesma pode dar mais adiante, faz sentido o mercado confiar também. Logo, anúncios de recompra costumam ser vistos com bons olhos. Não foi diferente hoje: alta de quase 7%. 

Se isso significa que haverá uma virada na briga com o A-220, ou que a Embraer conseguirá sozinha os clientes que esperava amealhar se estivesse unida à Boeing, ninguém pode cravar. Por ora, aqueles R$ 30 por ação de 2015 seguem como um passado distante.  

Para quem comprou Embraer nos últimos anos sonhando com a volta dos R$ 30, talvez só reste chamar Renato Russo e Neymar, e cantarem todos abraçados as saudades daquilo que não viveram. 

Bom fim de semana.

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MAIORES ALTAS

Yduqs: 9,92%

IRB Brasil: 7,70%

Notredame: 7.01%

Embraer: 6,70%

RaiaDrogasil: 6,59%

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MAIORES BAIXAS

Multiplan: 2,48%

Magalu: 1,67%

Iguatemi: 1,43%

Marfrig: 1,46%

CSN: 0,72%

 

Petróleo

Brent: queda de 1,72%, a US$ 42,78

WTI: queda de 2,40%, a US$ 40,13

Dólar: estável (-0,05%), a 5,47   

 

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